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Taperebá...

Olá, leitores!

Um dos relatos datados do século XIX, feito pelo viajante Jean-Baptiste Debret, nos diz o seguinte: " Cajá (...) contém um suco adocicado entre a casca e o caroço". p. 237. Outro viajante em 1859, Robert Avé-Lallemant enfatizava o seguinte: "(...) vimos também (...) ao lado da sobre o Taperebá, essa espécie de espôndia que dá o agradável fruto acidulado cajá (...)". p. 93/94. O relato ocorre quando o viajante está nos arredores de Amatari, no Amazonas. Já naquela época essa fruta era utilizada para refrescos, licores entre outros.
Aqui no Norte ela é chamada assim, enquanto no Nordeste recebe a denominação de cajá. É fruto da Cajazeira e recebe inúmeras denominações como ambaló, cajá-mirim, taperibá, cajazinha entre outras. Eu aprendi a chamá-la de Taperebá, é uma fruta, originária da América Tropical. O fruto é suculento, tem gosto azedinho e forte e tem um cheiro inconfundível, daqueles que perfumam a casa. 
Para mim, o cajá assim como outras frutas regionais, tem gosto de infância, para quem me acompanha no blog sabe, que grande parte do meu paladar foi formado pelos sabores de minha infância, eu tive uma infância bem pé no chão (literalmente), pés na terra mesmo, em primeiro lugar, o convívio na casa de minha avó materna no interior era sempre recheada dos sabores regionais que todos os dias estavam na mesa, como frutas regionais, peixes, beiju e tantos outros sabores. Além é claro do açaí, vinho de miriti e tantos outros eu cresci com isso. 
Foi também, nessa época que me pai nos levava muito ao sítio de minha tia Ivete, onde também eu comia frutas do pé da árvore, as frutas pra mim hoje, tem um gosto diferente, porque fazem parte de minha história. Frutas que na correria da brincadeira, era preciso dar um "PIRA PAZ" pra sentar e degustá-las e como era bom. A ameixa que deixava a boca roxa, o jambo rosa, a manga, o ingá que era tão saboroso. A jaca que de tão grande era consumida por todos e o caju que após ser degustado era guardada a castanha para que meu pai, as assasse num lata de leite num pequeno fogo de carvão...Ah, essas castanhas eram tão saborosas, nunca comi iguais. 
Essa infância, que nas grandes capitais já não existe, essa relação com a natureza que eu queria pra minha filha, que ela pudesse também correr e numa pausa da brincadeira comer a fruta no pé da árvore pra mim o taperebá assim como outras frutas regionais tem para mim gosto de felicidade!

Fui outro dia na feira da Dr. Moraes, na barraca da Sílvia, e quando vi aquele cesto com os ditos taperebás não resisti, comprei e vim muito feliz pra casa, liguei pra minha mãe pra saber como fazer a polpa, ela então me disse que eu teria que amassar com as mãos até soltar o caroço e guardar no freezer ou fazer logo o suco. Lá fui eu fazer a polpa, enquanto amassava o taperebá, um perfume tomava conta da cozinha e das minhas mãos...coloquei numas vasilhas e guardei no freezer e depois foi só fazer o suco, que ficou uma delícia, antes de amassa-los eu deixei na geladeira numa vasilha sem tampa para perfumar um pouco. 
Aqui em Belém, além da fruta também encontramos a polpa a venda nos supermercados e o sorvete. 

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