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Mostrando postagens de março, 2022

Xícara Bigodeira.

Começando a semana com curiosidades do mundo da alimentação. Hoje vamos falar da xícara bigodeira você conhece? Já tinha ouvido falar sobre ela? Sabe por quem foi criada? E qual a função? A xícara bigodeira foi inventada pelo britânico Harvey Adams, por volta de 1860, sua criação está relacionada ao hábito comum aquela época do uso de bigodes. Isso mesmo, com design diferenciado a faiança tinha uma espécie de borda semicircular dentro em forma de meia lua e que lembrava inclusive o formato dos bigodes. Naquela época "Os bigodes floresciam durante toda a era vitoriana. Na verdade, a partir de 1860-1916, os militares britânicos realmente exigiram que todos os seus soldados estivessem com um bigode para personificar a autoridade que transmitia esse estereotipo". Por isso, a xícara bigodeira ganhava importância. Mas, é bom que se diga que ela não foi criada para "não molhar o bigode", explicação muito usada até hoje. Mas, seu uso torn...

Comemorar sempre!!!!

                        Somos 10k!!!! Alegria e Gratidão. Muito mais do que um número para mim, mas acima de tudo, reflete de forma simbólica todas as pessoas reais que gostam de meu trabalho como historiadora e pesquisadora da história da alimentação e que estão fazendo o @daquiloquesecome existir. São pessoas reais! 🤝🏽 Que gostam e compartilham comigo o interesse pela História da Alimentação e isso é fantástico.  Eu estou muito feliz! 💛🍃 Ao longo da existência do @daquiloquesecome, fui procurada tantas vezes pra "obter" mais seguidores, eu nunca quis. Afinal, de que adianta ter robôs que são somente um número, um algoritmo. Não pulsa coração! Eu sempre pensei o @daquiloquesecome como  um local para compartilhar o vasto  mundo da Alimentação e da pesquisa que faço por mais de 15 anos com pessoas, com corações! 💖💖💖💖 E hoje ...

A maçã.

E a maçã que entrou para a história da humanidade como a fruta que "levou" a expulsão de Adam e Eva do Paraíso? Você sabia que apesar da fama, a maçã é uma fruta de domesticação mais "recente"? Isso mesmo, a maçã era um fruto selvagem e por isso precisou ser domesticada para seu consumo. Ou seja, provavelmente não foi a maçã o "fruto proibido".  A maçã ganha o mundo à partir da Rota da Seda, que ia do Extremo leste da Ásia e a Europa e cujo ápice do desenvolvimento ocorreu no século 3 a.C. Segundo o site Zap, " De acordo com um estudo desenvolvido pelo Instituto Max Planck, da Alemanha, e publicado (...) pela revista especializada  Frontiers in Plant Science , foi nesse período que a maçã deixou de ser uma fruta pequena, selvagem e pouco atraente para, por meio de processos de enxertos e seleção das árvores cujos frutos eram mais graúdos e apetitosos, se transformarem numa das frutas mais populares do mundo".(1) E ainda, "Assina...

Pirarucu com açaí.

Você sabe qual a "dobradinha" que é a cara do Pará? Cantada em prosa, verso, músicas e crônicas ela ocupa lugar de destaque na vida alimentar Amazônica: Açaí com peixe frito. Jaques Flores, grande referência para a região, poeta, cronista e escritor modernista tem uma crônica em seu livro Panela de Barro, intitulado Vamos comer peixe frito? Em que ele escreve sobre esse hábito tão paraense. Ele começa tratando das quitandas que vendiam peixe frito. Jacques Flores, lembrava que havia, “sobre o balcão, a um canto deste, um tabuleiro com peixe frito” para servir seus fregueses. Dizendo então que: “Quitanda que se preze, que se recomenda, não deixa de ter à venda esse precioso alimento da nossa gente”.(1)Alimento que estava presente cotidianamente na mesa da população. O peixe frito, era segundo ele, "uma das características da alimentação" de Belém. Peixe frito era alimento encontrado nas quitandas populares, mas, também já aparecia "exposto a quem o ...

Urupema.

Você conhece a Urupema? Utensílio doméstico muito utilizado no Norte do Brasil, de herança indígena e de uso até os dias de hoje. A urupema ou gurupema de Etimologia. Uru, pema. E a "forma mais correta e menos usada do que gurupema".(1) Vicente Chermont de Miranda nos fala que: "Gurupema, s.f. -Peneira fabricada com tala do guarumã, de miriti ou da Jacitara. Etim. Urú, pêma". (2) Sobre seu uso, Osvaldo Orico nos diz que: "costuma-se, entretanto, deixar os carocinhos da palmeira açaí numa vasilha com água morna, para facilitar a maceração da polpa, o que dá ao vinho uma espessura de xarope. A massa é passada, depois da maceração, numa peneira de urupema". (3) A urupema também é utilizada para extrair o urucum, a goma de tapioca e tantas outras utilidades. . . . E você conhecia ou conhece a Urupema? Qual uso faz dela? . . . 📚✍🏽 Referências. 📸 Morais,  Raimundo.  O meu dicionário de cousas da Amazônia.  Brasília: Senado Federal, Consel...

As viuvinhas.

O texto de hoje é sobre as viuvinhas, doce de origem portuguesa que tomou conta do Brasil, no século XIX. O texto nasceu a partir de um diálogo muito produtivo com o João Pedro, lá do RJ. As fotografias são dele, ( e deixo registrado aqui meu agradecimento por autorizar à divulgação das viuvinhas que ele fez). João Pedro testa várias receitas históricas que encontra, e é também um estudioso da temática. ( Já disse que ele deve escrever um livro sobre!!!) As viuvinhas são feitas em massa bem fina, aquelas massas de hóstia e se parecem com os pastéis de Santa Clara. Ele fez uma receita de um livro antigo do ano de 1920, um "doce de coco em folha de hóstia". A massa é muito fina mesmo, ele conta que fez contou com a ajuda da sua mãe para que a massa ficasse bem fininha. Do tamanho ideal. As viuvinhas ou viúvas tem origem na doçaria portuguesa, o historiador João Pedro Ferro, nos conta que haviam...

Molinillo.

Começando a semana com "quadro novo" aqui no daquiloquesecome! A partir de hoje vamos adentrar as curiosidades do mundo da alimentação. E vamos começar com o Molinillo. Você conhece o Molinillo? Sabe qual a relação deste utensílio com o chocolate? O Molinillo é um utensílio responsável por "mexer" o chocolate quente e fazer espuma. Tem sua origem no México prehispánico. É elaborado em madeira, de forma artesanal, com as mãos e com muito saber do artesão. Pelos desenhos e detalhes, cada Molinillo é uma peça única. Segundo Juanma Martínez, o Molinillo " es elaborado a partir de una única pieza de madera, en un torno, y a modo de gran sonajero de unos 30 cm y su objeto es introducir el máximo de aire en las elaboraciones que se elaboran con él(téjate,espuma de chocolate y el champurrado) y crear espumas".(1) E ainda, " el molinillo se sigue fabricando artesanalmente y utilizando por todo aquel que hace las delicia...

Sal.

                  "O Sal da Vida" O sal é um dos ingredientes mais simbólicos que temos. A Bíblia fala em aliança de sal, quando faz alusão à aliança permanente de Deus com os homens. Jesus diz aos discípulos:" Vós sois o sal da terra. Se o sal perde seu sabor, como tornará a ser sal?"(1) Para além do caráter simbólico poderíamos descrever outros inúmeros exemplos, você sabia que foi no período da Pré-história que o sal passou a ser extraído e a ser utilizado na alimentação como um ingrediente. Inicialmente, ele era extraído das ardósias, posteriormente é que foi usado o sal extraído do mar. O sal é tempero insubstituível. É muito difícil comer uma comida insossa. Mas, quando consumido em grande quantidade faz mal. É importante saber dosar o sal. Inclusive, ele aparece em termos populares, crendices, adivinhações e na medicina popular, Mário Souto Maior, em seu livro, Alimentação e Folclore, nos diz que: "1. Quando a visita esti...

Frito-de-vaqueiro.

E você conhece o Frito-de-Vaqueiro? Prato típico do Marajó, no Pará. E, que nasce da necessidade do trabalho do vaqueiro que muitas vezes passava o dia fora de casa e levava o frito de vaqueiro no surrão, uma espécie de "bolsa" que transportava alimentos e que era levada na garupa da sela. (1) O surrão era portanto, " Saco de couro curtido feito da bolsa escrotal do garrote e que serve para transportar os alimentos dos vaqueiros, normalmente é amarrado na garupa da sela". (2) O frito-do-vaqueiro, nasce da necessidade do ofício dos vaqueiros do Marajó, era provisão que nas suas andanças estes homens levavam consigo pelos campos. O Frito-do-vaqueiro era comida ideal para os vaqueiros, pois, tinha uma durabilidade maior, não estragava com facilidade e acima de tudo já estava pronta. Podia-se juntar a ela farinha de mandioca e tinha-se uma refeição. Délcia Pombo e Josebel Fares, nos informamos que nas memórias do vaqueiro Tio Iranda, o frito-de-vaqueiro apar...

Macarrão à Alemã.

Terça com receita histórica, da coluna Menu de Madame, publicada em Belém,  no jornal Folha do Norte, no ano de 1950. As receitas são também um retrato do contexto daquela época e da sociedade, através dos ingredientes e das formas de preparo é possível identificar todas as misturas e influências ao longo de seu processo histórico.(1) A coluna Menu de Madame era voltada para a mãe, a mulher da casa, socializando receitas. Importante dizer que a coluna do jornal Folha do Norte pode ser compreendida à luz das explanações de Maluf & Mott, quando demonstram a constituição de um padrão pelo qual a sociedade, nas primeiras décadas do século XX, construiu para o papel da mulher como mãe de família. Um discurso que era elaborado a partir do papel de mãe, esposa e dona de casa. (2) A historiadora Maria Cecília Pilla ao analisar os manuais de administração do lar e livros de cozinhas que circulavam no Brasil da virada do século XX até meados de 1960 o...

Carnaval, comidas e pecado em Peter Brueghel.

E a Batalha entre o Carnaval e a Quaresma de Pieter Brueghel, o Velho? Que nos permite uma leitura importante do século XVI. Uma luta que era travada entre a gula do Carnaval e os jejuns da Quaresma. Um detalhe da tela reproduz exatamente essa realidade, o Carnaval é representado pelo homem obeso rodeado pelos foliões e na direita a mulher magra devota e que provavelmente representa a Quaresma e seus longos jejuns. Segundo Margaret Imbroisi, "Do lado direito, uma mulher (Quaresma) encabeça a procissão na qual o séquito se desdobra em ações filantrópicas.A magérrima senhora Quaresma está sentada em uma pequena carroça puxada por um monge e uma freira. Do lado esquerdo, encabeçando os festejos estridentes junto à pousada, um “cavaleiro” obeso, literalmente montado em um barril de cerveja com uma bisteca de porco espetada, representa o Carnaval. A bolsa de facas em seu cinto indica que ele é um açougueiro".(1) Toda a tela foi pensada em torno dos alimento...