Ao longo do século XIX é comum encontrarmos o consumo de pirarucu em toda a Província, em especial o pirarucu seco, pelos segmentos de baixa renda da sociedade, talvez pelo fato de que as classes mais abastadas preferissem à carne, a qual inclusive era mais cara. Segundo o periódico O Liberal do Pará, diante “do preço elevado dos gêneros alimentícios, dissera que o pirarucu era o principal alimento das classes pobres do interior”. [1] Aliás, o dito peixe também era consumido pelas classes mais baixas da capital: “Seco, contudo muito reconhecível pela forma, substância e cheiro, o pirarucu, o ‘peixe encarnado’, vem como uma espécie de bacalhau oblongo pelo rio abaixo, para alimentar as classes baixas”, dizia-nos Ave-Lallemant. [2] Assim, as carnes frescas na maioria das vezes só chegavam aos mais abastados da capital. Uma das razões era o fato de que Belém não tinha criatório de gado, então tinha que comprar dos fazendeiros do Marajó o que acabava encarecendo a carne. [3] Boa p...
Histórias da Alimentação e receitas afetivas.