Pular para o conteúdo principal


Manjar Turco.
Quem não lembra da cena famosa do filme "As crônicas de Nárnia" quando Edmundo Pevensie entra em Nárnia e conhece a Feiticeira Branca que o conquista oferecendo-lhe apetitosos loukum, também conhecido como manjar turco. A cena com aquele doce marcou o imaginário tanto de crianças quanto dos adultos. O manjar turco é um doce de origem turca, informações dão conta que sua origem remonta à Pérsia antiga, onde era produzido como goma e aroma de rosas. Com sabor bem característico de água de rosas ou ainda limão. A cor que é uma das principais características, cor rosa, advém da água de rosas. A questão que coloco é: por que associamos os doces com guloseimas e com crianças? Lembrem que a Bruxa da Floresta atraí João e Maria com uma "casa de doces ". A palavra guloseima em português tem origem na palavra francesa "gourmandise" e aparece em fontes manuscritas por volta de 1400, da palavra ainda derivam "gourmet", "gourmand" e "glutão " o historiador Quellier, nos diz que: " No Ocidente (...) O sentido mais antigo designa os grandes comedores e os grandes bebedores" (P. 11). Com relação às guloseimas por muito tempo estiveram associadas aos pratos salgados e a partir dos séculos XVIII passou "a referir -se principalmente ao Reino do açucarado (...)um mundo sexuado que reserva as guloseimas às mulheres e às crianças". (P.12). Dos "seres" imaturos da sociedade.


Às crianças eram gulosas e adoravam açúcar porque era "um defeito natural". (P.193). A literatura é farta neste sentido, João e Maria ou Anatole ou la gourmandise são exemplos. A partir da segunda metade do século XVIII, nasceu uma literatura que se destinava às crianças como nos aponta Quellier, "historinhas altamente moralistas cujos heróis são crianças" e que pela gula " são punidos com uma dolorosa ingestão" (P.194) ou castigo e entende seu erro se arrependendo ao final. Relacionar crianças as guloseimas foi uma construção histórica que nos permite entender porque a feiticeira branca ludibria Edmundo. E porque até hoje o imaginário ainda identifica as guloseimas às crianças gulosas. Esse post tem muito da @izabelarn 🍀🌻
#comidacomhistoria #blog #historia #historiadora #historiadaalimentacao #oficio #film

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A bolacha preta.

Bom Dia! Em fins da década de 80, fazíamos as famosas viagens de carro, no meu caso era de caçamba mesmo,  meu pai que é do Rio Grande do Norte, levava toda a família pra visitar a família dele e íamos felizes daqui do extremo Norte para o Nordeste. Lembro que nas viagens, em especial, na volta mamãe trazia uma boa reserva de Bolacha Preta, que eu vinha degustando e que tanto adoçavam minha viagem e meu paladar. Eram dias muito felizes e saborosos! Na última viagem que minha mãe fez, eu pedi que me trouxesse a dita bolacha, queria matar a saudade gustativa. A sorda é um popular e tradicional biscoito originário do nordeste brasileiro. Feito de uma massa composta de trigo, mel de rapadura e especiarias, tais como cravo, canela e gengibre. É fabricado artesanalmente ou industrializado por fábricas panificadoras em quase todos os estados do nordeste brasileiro, sendo muito consumido na área do sertão. Conhecido também em algumas localidades por bolacha preta, vaca pr...

É CARNAVAL.

Na pintura de Debret temos uma imagem do Carnaval  ou como era chamado no século XIX, de Dia d'entrudo. O dia d'entrudo que começava no domingo e seguia-se nos três dias gordos, era dia de festa em que os brincantes se jogavam "limões "cheios de água perfumada. A cena se passava no Rio de Janeiro, no ano de 1823. Segundo Debret: " O carnaval no Rio e em todas as províncias do Brasil não lembra, em geral, nem os bailes nem os cordões barulhentos de mascarados que, na Europa, comparecem a pé ou de carro nas ruas mais frequentadas, nem as corridas de cavalos xucros, tão comuns na Itália. Os únicos preparativos do carnaval brasileiro consistem na fabricação dos limões-de-cheiro, atividade que ocupa toda a família do pequeno capitalista, da viúva pobre, da negra livre que se reúne a duas ou três amigas, e finalmente das negras das casas ricas, e todas, com dois meses de antecedência e à força de economias, procuram constituir sua provisão de cera. O limão-...

Quadrados Paulista.

Olá, leitores! Essa receita é daquelas que é sensacional, veja bem: eu coloquei dois conceitos no meu livro um M/ DE MARAVILHOSO E UM E/excelente de tão boa que é!Façam, hoje mesmo :) sem palavras para descrever a tal gostosura. Quando fiz e provei essa receita, entendi que o livro Dona Benta tem raridades únicas e me questionei como aquela blogueira fazia duras críticas ao livro? Por que a minha experiência com ele a cada receita tem me deixado mais maravilhada, só posso pensar que a pessoa não deva entender muito da grandiosidade que é um livro que por gerações vem fazendo parte da cozinha de tantas pessoas...Enfim, vamos a receita: Quadrados Paulistas: p. 829. Ingredientes: Massa: 1 xícara chá de manteiga. 2 xícaras chá de açúcar. 2 xícaras chá de trigo. 1 colher de chá de fermento. 1/2 xícara de leite. 4 ovos separados. Glacê: Açúcar. Água ou sumo de laranja. Modo de Fazer: passo-a-passo:  Bata a manteiga com o açúcar, junte as gemas,...