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É CARNAVAL.

Na pintura de Debret temos uma imagem do Carnaval  ou como era chamado no século XIX, de Dia d'entrudo. O dia d'entrudo que começava no domingo e seguia-se nos três dias gordos, era dia de festa em que os brincantes se jogavam "limões "cheios de água perfumada. A cena se passava no Rio de Janeiro, no ano de 1823. Segundo Debret: "O carnaval no Rio e em todas as províncias do Brasil não lembra, em geral, nem os bailes nem os cordões barulhentos de mascarados que, na Europa, comparecem a pé ou de carro nas ruas mais frequentadas, nem as corridas de cavalos xucros, tão comuns na Itália. Os únicos preparativos do carnaval brasileiro consistem na fabricação dos limões-de-cheiro, atividade que ocupa toda a família do pequeno capitalista, da viúva pobre, da negra livre que se reúne a duas ou três amigas, e finalmente das negras das casas ricas, e todas, com dois meses de antecedência e à força de economias, procuram constituir sua provisão de cera. O limão-de-cheiro, único objeto dos divertimentos do carnaval, é um simulacro de laranja, frágil invólucro de cera de um quarto de linha [meio milímetro] de espessura e cuja transparência permite ver-se o volume de água que contém. A cor varia do branco ao vermelho e do amarelo ao verde; o tamanho é o de uma laranja comum; vende-se por um vintém, e os menores a dez réis"(1). Na imagem, é possível visualizarmos uma vendedora dos limoes descritos por Debret, ao seu lado um tabuleiro com papéis que provavelmente estavam cheios de polvilho. Todo o restante da cena é a alegria da brincadeira. Segundo Joelza Ester Domingues: "O carnaval presenciado por Debret era chamado, então, de entrudo. Fora introduzido no Brasil pelos portugueses, provavelmente no século XVI, mas sua origem remonta à Idade Média e designava uma série de brincadeiras que variavam de aldeia em aldeia (...) O conteúdo dos limões-de-cheiro variava de água de chafarizes, a café, groselha, tinta, lama e até mesmo urina. O lançamento de polvilho ou outro tipo de pó completava a molhadeira"(2). Interessante de observar que são os limões-de-cheiro que servem como moldes para a fabricação do principal "instrumento" da folia dos três dias Gordos, que eram confeccionados com cera no âmbito doméstico.
Feliz Carnaval!!!✨️✨️
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📚✍️🏽 Referências.
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🎨 Aquarela sobre papel; 18x23 cm, assinada e datada embaixo,  J. B. DeBret Rio de Janeiro, 1823.
(1) J. B. Debret, Rio de Janeiro. 1826. In: Debret e o Brasil Obra Completa 1816-1831. Julio Bandeira e Pedro Corrêa do Lago. Nova edição revisada e ampliada. Editora Capivara, 2013.p, 164. 
(2) https://ensinarhistoria.com.br/carnaval-de-debret/ - Blog: Ensinar História - Joelza Ester Domingues



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