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Mostrando postagens de novembro, 2020

Casa Sport.

Outro exemplo de estabelecimento que vendia produtos importados e muitas vezes de consumo mais restrito por conta de seus preços de revenda, mesmo no período conhecido como de crise econômica por conta da crise da borracha, temos, em 1919, a Casa Sport, localizada na Praça da Figueira, no Pará, de B. Serra, era o "Grande emporio de fructas as mais selectas, recebidas directamente (em toda época poca) da Europa, Sul da América do Norte e conservadas em frigorífico apropriado" e ainda, "recebe regularmente nas mesmas condições creme da serra, lunch, creme e de outras acreditadas marcas". Contava ainda como especialidades com " queijadas de Cintra, pastéis de Santa Clara, pão de ló e doces em conservas ". (1)Em outro anúncio de 1919, havia recebido, vindo em frigorífico: “Repolhos, uvas, maçãs, requeijão torpedo e penedo, queijo de Minas, Rio da Prata,e parmesão; peras, ameixas e damascos secos, atum em salmoura, salame e fiambres”.(2)O uso de f...

A Casa Carvalhaes.

Adentrando no século XX, mesmo no período em que o estado do Pará experimentava os problemas advindos com a crise da borracha, as casas comerciais com produtos importados se mantinham como uma parte importante do comércio da capital paraense. Um exemplo disso era Casa Carvalhaes, uma das mais antigas de seu ramo, fundada em 1860, era muito procurada e conhecida tida como "Grande Armazém de Gêneros Alimentícios ", de propriedade de Pinto da Costa & Companhia. De passagem por Belém, no início do século XX, os viajantes Godinho e Lindenberg relataram que a Casa Carvalhaes era “uma mercearia aristocrática e fina”.(1) Se tomarmos como referência os anúncios da Casa, podemos dizer que esta, mesmo em tempos de crise, mantinha suas vendas e o mesmo tipo de produto. Além de produtos tidos como refinados, o fato de serem dados de presente ressaltam o valor simbólico e econômico que teriam.(2) Ao se dizer aristocrática e fina, a Casa Carvalhaes mostrava aos seus fregues...

Café Central.

Em, 17 de outubro de 1886 quando o jornal Diário de Notícias, anunciava que "Ao Café Central " era oferecido um "Succulento almoço", o local era famoso em Belém, localizado no Largo de Sant’Anna, o Café Central possuía um cardápio variado. (1)Em 12 de janeiro de 1910, avisava aos fregueses que havia iniciado um bem montado serviço noturno, sendo disponibilizado para a janta ou ceia com produtos como: (...) chocolate especial com creme, leite puro, fervido, gelado quente ou ao natural; refrescos de fructas de todas as qualidades; café feito na ocasião, laranjada e limonada, e xaropes; sandwichs, empadinhas, pasteis, doces de todas as qualidades. Cerveja nacional clara ou escura, sendo a sua especialidade, SABOROSA CANJA DE GALLINHA, Sorvetes - De creme e de fructas de todas as qualidades taes como: araçá, ananaz, maracujá, cajú, graviola, cupuassú, taperebá e bacury. Cremes -De baunilbha, chocolate, leite, ovos, etc. Vinhos de Collares e Verd...

O Miriti...

Em 21 de agosto de 1865, quando Luiz Agassiz e Elizabeth Agassiz estiveram no Pará, ao passar por Breves eles registraram esse desenho da palmeira de buruti, a qual, "é uma das mais belas, com seus cachos pendentes de frutos vermelhos e suas enormes frondes, em forma se leque, cortada em amplas fitas, uma só da quais, na opinião de Wallace, é carga para um homem". (1) Do buruti se fazia o vinho de buruti, delícia que acompanhava os almoços ou merenda do caboclo amazônico. Era bebida preparada com técnica de maceração muito parecida com o que se fazia com o açaí. A expressão vinho não é incomum no vocabulário de algumas pessoas para referirem-se ao sumo de algumas frutas tomadas como suco. Citamos como exemplo vinho de murucí, vinho de buriti e até mesmo vinho de caju. "Mergulhando-oe num alguidar, sob o esforço ritmado das mãos de uma amassadeira, isto é, de uma mulher experimentada neste trabalho, são uniformemente macerados, à proporção que se lhes junta cu...

"Baixela do Caboclo".

No quadro A baixela do caboclo do pintor português E. P. Macedo que fez parte do I Salão de Artes Plásticas da Universidade do Pará, do ano de 1963. Na cena do pintor, dois itens chamam nossa atenção: a cuia de farinha e o peixe. Aparecem ainda um jarro de água e uma abóbora. A cena reflete a imagem de uma mesa do caboclo amazônico onde a relação com o espaço (território) definiu em grande medida os alimentos e os hábitos alimentares. A imagem também nos permite pensar como a comida, no Pará, com forte origem indígena, tem relações com o espaço (território) Assim, trata-se de pensar como o território com suas possibilidades e dificuldades para o acesso aos alimentos se vincula à construção de um cardápio alimentar, elegeu alguns alimentos como fundamentais na dieta local, a exemplo do peixe e da farinha. Seria o que Montanari chama de “cozinha de território”, ou seja, “os pratos locais, ligados a produtos locais” (1)Assim, “sob esse ponto de vista, a comida é, por definição...

Aturás.

Os indios uaupés segundo Wallace faziam cestos fundos, chamados de aturás, como o cesto da imagem acima. Eram neles que as mulheres "Trazem as raízes de mandioca da roça para a casa transportando-as em grandes cestos chamados aturás. Apenas essas tribos fabricam tais cestos, utilizando para esta confecção um certo tipo de cipó". Os aturás tinham utilidade de utensílio doméstico muito cotidiano. Haviam outros tipos de utensílios que eram habilmente elaborados pelos uaupés "Suas casas são bem fornidas de vasilhas de barro, potes, panelas, cântaros, jarros, etc (...) dos mais variados tamanhos. Fabricam-nas de argila tirada dos rios e riachos, misturada com as cinzas da casca de caripé, cozendo-as em fornos temporários. Outro importante artesanato típico é o dos balaios, umas cestinhas em forma de pires, muito apreciadas pelos moradores do baixo curso. Esses balaios são um dos seus importantes artigos de comércio ".  . . . 🎨 Prancha XIII- instrumentos e ut...

Forno de farinha e beiju.

Os indios uaupés segundo Wallace eram "geralmente de alto porte, não sendo raro encontar entre eles alguns indivíduos com 5 pés e 9 ou 10 polegadas (1,75-1,78 m). As mulheres usam cabelos soltos, caindo nas costas, cortados num comprimento moderado". (p. 294) eram as mulheres que plantavam a mandioca, "entremeada com canteiros de cana, batata-doce e árvores frutíferas. São também elas que arracam as raízes de mandioca e preparam com elaso pão ou bolo que constitui seu principal alimento". O naturalista inglês, Alfred Russel Wallace, esteve na Amazônia em 1848, seu relato de viagem, importante fonte histórica, foi publicado em 1853. Wallace observou diversas tribos indígenas entre essas dos índios localizados as margens do rio Uaupés. Sobre o forno para assar beiju e farinha Wallace nos diz que " depois da massa passar pelo tipiti e quandi já estava em formato de massa seca "os pedaços são assados em grandes fornos achatados de 4 a 6 pés (1,2-1,...