Adentrando no século XX, mesmo no período em que o estado do Pará experimentava os problemas advindos com a crise da borracha, as casas comerciais com produtos importados se mantinham como uma parte importante do comércio da capital paraense. Um exemplo disso era Casa Carvalhaes, uma das mais antigas de seu ramo, fundada em 1860, era muito procurada e conhecida tida como "Grande Armazém de Gêneros Alimentícios ", de propriedade de Pinto da Costa & Companhia. De passagem por Belém, no início do século XX, os viajantes Godinho e Lindenberg relataram que a Casa Carvalhaes era “uma mercearia aristocrática e fina”.(1) Se tomarmos como referência os anúncios da Casa, podemos dizer que esta, mesmo em tempos de crise, mantinha suas vendas e o mesmo tipo de produto. Além de produtos tidos como refinados, o fato de serem dados de presente ressaltam o valor simbólico e econômico que teriam.(2) Ao se dizer aristocrática e fina, a Casa Carvalhaes mostrava aos seus fregueses, pessoas de poder aquisitivo mais alto. Em anúncio de 1915, em plena Primeira Guerra Mundial, a Casa recebia "por todos os vapores da Europa e da América fructas, queijos, legumes etc que conservam em Camara Frigorífica de sua propriedade" ela ainda "vendia por junto e a retalho em preço não teme competência" e ainda possuia automóvel para entrega rápida em domicílio. Em 1917, a Casa Carvalhaes, por sua vez, tinha para venda “cebolas novas americanas”, bem como “Peras da California, maças, uvas Diagalves, Uvas Ferraes, Couve Flôr, tâmaras e línguas afiambradas”. (3) Sem dúvida, os produtos importados vinham para atender uma demanda de refinamento, sendo consumidos em casas particulares, da mesma forma que vinham ao encontro dos desejos de consumo de imigrantes radicados na capital paraense, mas, também, tinham nos estabelecimentos como restaurantes, bares e hotéis uma parte importante de sua clientela, afinal na preparação de seus pratos à moda
internacional ou na oferta de determinadas bebidas fazia-se necessária muitas vezes a sua importação.
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Referências.
📸 Annuario de Belém. 1616-1916. Belém. Eng. Ignacio Moura. E. U. Do Brasil. Imprensa Official. 1915. Setor de Obras raras CENTUR.
(1)GODINHO; LINDENBERG, op. cit., p. 88.
(2) Pensamos aqui que determinados alimentos tinham um poder simbólico pelo seu preço e origem. Dentro dessa perspectiva, a partir de Bourdieu, pensamos a alimentação comoinstrumento de conhecimento e de construção do mundo e das suas formas simbólicas. Ver:
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.
(3) Folha do Norte, 1 de dezembro de 1917, P. 07.📌MACÊDO, Sidiana da Consolação Ferreira de. A Cozinha Mestiça uma história da Alimentação em Belém fins do século XIX. Programa de Pós graduação em História social da Amazônia. UFPA. 2016.
internacional ou na oferta de determinadas bebidas fazia-se necessária muitas vezes a sua importação.
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Referências.
📸 Annuario de Belém. 1616-1916. Belém. Eng. Ignacio Moura. E. U. Do Brasil. Imprensa Official. 1915. Setor de Obras raras CENTUR.
(1)GODINHO; LINDENBERG, op. cit., p. 88.
(2) Pensamos aqui que determinados alimentos tinham um poder simbólico pelo seu preço e origem. Dentro dessa perspectiva, a partir de Bourdieu, pensamos a alimentação comoinstrumento de conhecimento e de construção do mundo e das suas formas simbólicas. Ver:
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.
(3) Folha do Norte, 1 de dezembro de 1917, P. 07.📌MACÊDO, Sidiana da Consolação Ferreira de. A Cozinha Mestiça uma história da Alimentação em Belém fins do século XIX. Programa de Pós graduação em História social da Amazônia. UFPA. 2016.
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