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Mostrando postagens de 2023

Comidinhas de Natal em Belém.

E como eram as comidinhas em Belém,  de fins do século XIX? Belém nesta época do ano tinha uma oferta bem variada de produtos alimentícios para o Natal. Um dos itens que chamam atenção nos anúncios dos jornais são os produtos importados. Especialmente,  as frutas desta época, o bacalhau e muito vinho importado. Por exemplo, em Dezembro do ano de 1881, o jornal Diário de Notícias, anunciava que no comércio O Protector das Famílias, na rua da Cadeia, n° 36 vendia-se: "Castanhas; figos, uvas hespanholas frescaes, queijadas de Cintra, broas de Natal, doce cristalizado, nozes, amêndoas, bacalháo e vinhos finos e de mesa."(1) Um ano depois, em dezembro de 1884, na Casa Carvalhaes, havia a venda de "Broas e Bolos do Natal CRYSTALIZADOS e grande variedade de refrescos."(2) Quatro anos depois, em 5 de Dezembro de 1885, havia a oferta na Mercearia Custódio de "Castanhas!!! Cosidas e assadas" e ainda, ...

Roast Turkey.

Nesta semana dedicada as comidinhas de Natal, não poderia deixar de trazer uma receita histórica para esta época natalina. Assim, compartilho hoje a receita histórica de Peru assado para o Natal,  publicado no livro da Sra. Beeton. Este livro foi escrito por Isabella Beeton, na Inglaterra, com primeira publicação em 1861. Beeton's Household Management (Livro da economia domestica da Sra. Beeton) teve grande sucesso e contou com  várias reedições apesar de ter dicas e conselhos sobre a casa em si, o tema central era sobre culinária. Das suas mais de 1.112 páginas mais de 900 eram sobre receitas de/para cozinha. E uma destas receitas era justamente o "Roast Turkey" para o Natal.(1) Importante dizer que ao longo do século XX, o consumo do Peru passa a ser associado a ceia da noite de Natal. Mas, você sabe qual a origem do Peru? Carlos Roberto dos Santos, nos diz que o Peru é de origem americana e era criado e consumido pelos astecas onde:...

Bolo Tronco de Natal.

A história e receita do bolo Bûche Noel, bolo árvore ou Tronco de Natal é a pedida para hoje. Você sabia que o Bolo Tronco de Natal, tradicional na França tem origem em culto pagãos? E que simbolizava fartura, proteção e união? A receita histórica de hoje disponível no canal do YouTube vai contar a história do bolo Tronco de Natal. Tá imperdível! . . . 📚✍🏽Referências. 🛎O conteúdo deste blog está protegido pela lei n° 9.610 datada de 19-02-1998. Ao utilizá-los, não se esqueça de dar os créditos. [Lembramos que se você faz uso dos meus textos, peço que dê os créditos e faça a citação].  Link do vídeo

Cuscuz ou couscous.

E vamos conhecer um pouquinho mais sobre a história do cuscuz ou couscous? Vem comigo! O cuscuz é segundo Câmara Cascudo um prato “nacional de mouros e árabes, milenar favorito, fundamental na alimentação diária. Fazem-no de arroz, trigo, cevada, milhetos, sorgos (...) há várias espécies, sobremesa ou gulodice, com mel de abelhas ou açúcar; com carnes, peixes, crustáceos, legumes, tâmaras, passas de uva, valendo uma refeição completa, ou ainda molhado no leite de vaca, cabra, ovelha, camela, comida improvisada de viagem, um farnel abreviado e substancial (...) o português trouxe o cuscuz para o Brasil desde inicio da colonização, utilizando o milho, que ficou basilar, e a adição de leite de coco”.(1) Cláudio Fornari, por sua vez, nos diz que: "Kouscous ou couscous 1. Iguaria originária da África do Norte, prato tradicional dos mouros. É feito de sêmola,  trigo duro, arroz triturado ou milho moído, cozidos no vapor e, eventualmente, misturados com Grão-de-bi...

Cuscuz Paulista e identidade.

Alimentação e gosto são construídos socialmente desde a nossa tenra idade. Devemos ter cuidado com os rumos de determinadas pesquisas gastronômicas, justamente, porque o gosto é cultural e tem muito pertencimento para os grupos que percebem a alimentação como portadora de identidade. Desta forma, "Os hábitos culinários de uma nação não decorrem somente de mero instinto de sobrevivência e da necessidade do homem de se alimentar. São expressões de sua história,  geografia,  clima, organização social e crenças religiosas".(1) E ainda, Jean-François Revel, nos fala que "a cozinha viaja mal tanto no espaço quanto no tempo; e as informações sobre a cozinha também".(2)Isto porque, falar da cozinha do outro sem o devido conhecimento é perigoso demais, e ainda, que se tenha o devido conhecimento, no que tange a cozinha, a comida do outro nunca será a "nossa" e estará eivada de tradições, hábitos e identidade. Digo isso, porque o...

Laranjada Garoto.

Você sabia que antes do Guaraná Garoto ser um sucesso por aqui o primeiro refrigerante produzido pela Indústria de Refrigerantes Garoto era a laranjada garoto? Pois é, A laranjada garoto era na década de 60, do século XX a grande sensação na cidade de Belém. E como dizia o anúncio, a laranjada garoto, feita "de laranja mesmo", era muito apreciada. No anúncio do ano de 1963, um garoto aparece de olhos vendados, pronto para tomar o refrigerante Laranjada Garoto. A ideia de que mesmo com os olhos vendados ele reconheceria a laranjada pelo sabor. Por isso, o anúncio dizia ainda que ela [laranjada]:  "V. identifica pelo sabor!".(1) [Observem também que já aparece a logo da marca: uma garoto de boné, o mesmo que está presente no guaraná garoto]. Numa época que os telefones tinham apenas 4 números e que as garrafas eram de vidro com aquelas tampinhas que a criançada adorava colecionar para jogar futebol de botão ou dama. 💬E você lembra ou conhece alguém que...

Guaraná Garoto.

E você conhece  o guaraná garoto? "O verdadeiro sabor do Guaraná é Paraense". Um dos refrigerantes mais icônicos do Pará, é o guaraná garoto, produto da Indústria de Refrigerantes Garoto : Ananindeua, PA, fundada em 1956. Segundo informações do site do IBGE, a fábrica fundada inicialmente com "(...) o nome de Indústrias Cacique LTDA., a Guaraná Garoto foi uma das pioneiras da região Norte do Brasil na fabricação de refrigerantes. Seu nome foi mudado para Refrigerantes Garoto apenas em 30 de dezembro de 1960." (1) E ainda, " A partir da década de 70, sob o comando do empresário Enéas de Nazareth Lima Vieira, sua fábrica fixou-se em Ananindeua, na Rodovia BR 316, Km 03. Até pouco tempo, funcionou nesse local seu parque industrial, onde hoje encontra-se instalada sua sede administrativa."(2) Dizem que o guaraná garoto vendido na garrafa de vidro, igual da fotografia, é o mais saboroso. . . . 📚✍🏽Referências. 📌 Lemb...

Tortilla de Yuca.

E a tortilla de Yuca? Deditos de maiz e Hojaldres você conhece? É bem comum no café da manhã Panameño encontrar Tortilla  de Yuca ou Maiz, deditos de maiz e Hojaldres. São opções tradicionais e que inclusive sempre é possível de encontrar nos hotéis. Estes alimentos são o que Jorge Jurado chama de "Los frutos del mestizaje"(1) porque apesar de fazerem uso de dois alimentos basilares da alimentação indígena e que são heranças: maiz e a yuca, sofreram influências no preparo no processo de colonização. Desta forma, Jurado nos diz que:"Los mestizos y criollos, utilizando productos de las nuevas tierras (...) desarrollaron  una cocina con personalidad propria. Sus recetas, fruto de un auténtico mestizaje culinario,  constituyen la verdadera esencia de la cocina panameña". (2) Na fotografia e no vídeo temos as tortillas de Yuca, deditos de maiz e os hojaldres. As tortillas de Yuca tem sua base na mandioca, ovo, sal e tostadas na frigideira. Algumas levam na ma...

Bolo Hortênsia.

Hoje dia das crianças compartilho essa receita histórica de bolo, do livro de receita da tia Evelina, de 1948, que lembra muito àqueles bolos dos anos 80, do século XX. [Lembrando que eu faço a reprodução das receitas deste livro, no quadro "Receitas da Tia Evelina", algumas estão reproduzidas lá no canal do YouTube, outras por aqui, rola o feed e procura as receitas para ver mais] (1) O Bolo Hortênsia é aquele tipo de bolo, cujo recheio e cobertura tem a base amanteigada. E umas das opções de confeito são lascas de amêndoas toradas ou confeito de bolinha prateado. Então, vamos à receita: Bolo Hortênsia. [livro da Tia Evelina, 1948, p.350]. Ingredientes . 1 xícara de manteiga. 2 xícaras de açúcar. 2 ovos. 1 xícara de leite. 3 xícaras de trigo. 1colher de sopa de fermento. Confeito tipo bolinha prateada. Creme da Cobertura e recheio. 200 gramas de manteiga sem sal. 150 gramas de açúcar. 1 colher de sopa de vinho do Porto. 2 colheres de chocolate em...

Raspadinha Panameña.

A circularidade da cozinha é realmente algo fantástico. Encontrei a raspadinha no Panamá. [Já escrevi texto sobre as raspas- raspas no Pará, vou colocar o link nos stories, corre lá.] Existe uma diferença que é no nome, pois aqui no Pará também chamamos de Raspa-raspa e em outros lugares de Granizado. Contudo,  a técnica é os ingredientes são os mesmos. Eu penso que determinados hábitos e usos são moldados pela necessidade, praticidade e claro pelo território. Por isso, a circularidade da alimentação é tão importante. A raspadinha surge nos idos dos anos 50, do século XX, época que o gelo ainda era algo caro, mas, que refrescava do calor, e nas suas raspas [pois o gelo era comercializado em grandes blocos e o vendedor "triturava" e/ ou raspava o gelo para sua comercialização] em seguida eram/são adicionados um suco ou xarope e sua venda ocorre por um preço mais acessível que o sorvete. [Veja a origem do Granizado no link dos stories]. A raspadinha no Panamá é algo...

Sancocho um prato da América Latina.

Sancocho é um prato comum em toda América Latina [Falei sobre nos textos anteriores] Mas, importante dizer que existem ingredientes diferentes em cada um dos países. Segundo Nita Ragoonanan: " Sus variantes son platos nacionales populares en las Islas Canarias, PuertoRico, Honduras, Ecuador, Colombia, Cuba, Panamá, República Dominicana y Venezuela (...) Por lo general, contiene grandes trozos de carne, tubérculos y verduras, servidos en un caldo." (1) Estive na República Dominicana experimentando as comidas com  identidade nacional, entre elas o Sancocho. A República Dominicana, país caribenho. Que tem muita história. A capital é a cidade de Santo Domingo, a primeira cidade colonial da América, colonizada por espanhóis. Foi o primeiro lugar em que Colombo chegou. O país tem uma cultura alimentar riquíssima fruto de influências ao longo da sua história. Na República Dominicana,  conversei com alguns moradores que me disse...

Sancocho.

Duas coisas me chamaram atenção no Sancocho Panameño: a herança indígena ao prato através do uso do ñame e do culantro e também o fato do Sancocho ser consumido no horário de calor para "refrecarse". Isso lembra muito o uso que fazemos em Belém do tacacá por exemplo. Não importa a hora da tarde, sol e calor um  tacacá sempre nos "refresca". Aliás,  nesse sentido o Sancocho é um caldo assim como o tacacá. [E guardando as devidas diferenças os usos se assemelham]. Segundo Nita Ragoonanan: " Los panameños prefieren comer un plato de sopa caliente para el almuerzo, en los días más calurosos, para que les ayude a refrescarse. Siempre que lo necesite, está ahí para usted. El sancocho es considerado casi como un elixir de la vida en Panamá." (1) Ou seja, assim como a canja é uma alimento de "sustância". Por outro lado, o uso dos ingredientes indígenas fazem do Sancocho um prato Mestiça. [Sendo essa identificação aqui]. Portanto, o inhame (Ña...

Sancocho Panameño.

E você conhece o Sancocho? Sabia que o prato tem variações em vários países da América Latina? E que em vários deles é considerado um prato típico? Não? Então vem comigo saber um pouco mais sobre o  Sancocho. A palavra Sancocho tem origem na palavra sancochar que segundo dicionário quer dizer:"S ancochar:1. tr. Cocer la comida, dejándola medio cruda y sin sazonar. 2. tr. C. Rica, P. Rico, R.Dom. y Ven. Cocinar un alimento en agua hirviendo con sal y algún otro condimento. 3. tr. despect. coloq. Cuba. Cocinar mal un alimento(...)4. tr. Ven. Cocer completamente un alimento en agua".(1) Na fotografia, temos o Sancocho de Gallina Panameño, feito na cidade de Panamá. O Sancocho Panameño é um prato típico e muito consumido em todo Panamá. Segundo Nita Ragoonanan: " El...

Daquilo que se come no Panamá.

E o daquiloquesecome chegou à cidade de Panamá. Uma das mais bonitas da América Central. A cidade é muito cosmopolita e desde 2017 cidade criatividade da Gastronomia pela UNESCO. [E que realmente merece o título,  porque é uma cidade que permite ao turista uma imersão a sua gastronomia e que remodelou um centro histórico para isso. É lindo demais de ver! E Belém devia aprender mais sobre o que é ser uma cidade criatividade da Gastronomia]. Portanto, existe uma vida "fervente" no que se refere a Gastronomia panameña. O centro histórico da cidade denominado de Casco Antiguo, cuja fundação remonta a 1673, por exemplo, concentra uma vida gastronômica badalada composta por restaurantes procurados, com chefes conhecidos  internacionalmente e por ser um espaço bem versátil. Lá você pode comer do mais tradicional da cozinha panameña até o melhor da comida internacional com restaurantes mexicanos, ...

Banzeiro-Manaus.

Um pouquinho mais sobre experiências gastronômicas e histórias da alimentação em Manaus/AM. Nós fomos visitar o Teatro Amazonas [e a ideia era ir depois almoçar um pirarucu fresco e tambaqui]. A visita guiada ao teatro Amazonas é  imperdível. O teatro Amazonas foi inaugurado em 1896, na gestão de Eduardo Ribeiro, ele é o segundo teatro mais antigo da região Norte. [O Teatro da Paz em Belém, foi inaugurado em 1878]. O teatro Amazonas foi construído na época de ouro da borracha na Amazônia e refletia os sentimentos de civilidade à época. Depois da visita ao teatro ainda fomos a capela de São Sebastião. Se você estiver em Manaus, deve aproveitar muito e comer pirarucu fresco [delicioso] e tambaqui na brasa. A nossa experiência [da minha família] foi no restaurante "Banzeiro" cozinha amazônica, que fica localizado na rua Libertador,  102. [Nós pegamos um táxi porque do teatro é longe] A proposta d...

5 comidinhas e bebidas regionais servidos no Novo Hotel em Manaus.

Em Manaus nós ficamos no"Novo Hotel". E quando estamos num hotel a melhor parte para mim sempre é o café da manhã. Eu amo! Aqui em Manaus, havia a oferta no café da manhã, de alguns alimentos mais regionais. Dentre eles, estavam os descritos no carrossel. Interessante observar o uso da fruta tucumã [sobre essa fruta, comento um pouco mais no texto anterior]. O guaraná o açaí. Mas, você sabia que o consumo e cultivo do guaraná era realizado por povos originários, muito tempo antes do processo de colonização? Aliás, os Maués faziam bastões de guaraná. Nesse sentido, os relatos dos médicos Godinho e Lindenberg nos falam que a forma de fazer os bastões de guaraná, era feito pelos índigenas e que ao longo do tempo teve algumas modificações: “os filhos de Santarém e de Manaus lhe dão os modelos mais graciosos, como, por exemplo, formas de animais- tartarugas, crocodilos, cobras e lagartos; formas de frutas: - a...

Férias!!! Manaus/AM

O daquiloquesecome está de férias! E eu vou compartilhar tudinho sobre histórias da alimentação e gastronomia dos lugares que vou passar. Primeira parada a cidade de Manaus, no Amazonas. Cidade linda, encantadora e nossa "prima" por assim dizer. O primeiro sabor que provei em terras manauaras foi o X-Caboquinho! O X-Caboquinho é um sanduíche tradicional de Manaus. Aliás, desde 2019, quando os vereadores aprovaram o Projeto de Lei que fez do sanduíche amazônico em Patrimônio cultural e imaterial da cidade.(1)  O X-Caboquinho é um sanduíche, " Preparado com pão francês, queijo coalho, banana pacovã frita e tucumã, fruta nativa da região. É um dos sanduíches mais consumidos pelos manauaras" .(2) É muito saboroso!!!! Eu amei a experiência. O X-Caboquinho leva como principal ingrediente o tucumã . Vicente Chermont de Miranda nos diz sobre o "Tucumã, s.m. -Astrocarium tucuman. Palmeira muito espinhosa de fr...