E hoje vamos de Glossário da Alimentação Paraense. E a palavra de hoje é QUIBEBE.
Segundo Vicente Salles, a palavra Quibebe tem origem africana e de consumo muito "tradicional no Pará, pelo menos desde o séc. XIX".(1) Seria de etimologia "(...)mbundo bembé( jibembê, beldroegas) conservado com o artigo. Essa mesma palavra passou com o prefixo qui (no Norte) em quibembe assimilado em quibebê por analogia da palavra beber"(2) Talvez, porque fosse possível beber ou sorver em goles o quibebe? Ou porque ele tivesse antes uma consistência mais líquida? Bem, para Nei Lopes quibebe seria um termo derivado "Do quimbundo Kibebe, caldo grosso, papa". (3) Aqui no Pará, o quibebe era/é feito com jerimum, leite de castanha e como não poderia ser diferente: com farinha seca ou d'água.
Nesse sentido, Mário Ypiranga Monteiro nos esclarece que Quibebe seria um "composto de massa de jerimum cozido e leite de gado ou de tocari (castanha) com farinha de mandioca seca ou d'água".(4)
Os ingredientes se assemelham a descrição de A. Da Matta, quando diz que o quibebe é feito de Abóbora cozida com leite. Aliás, nas descrições esses dois ingredientes sempre estão presentes a abóbora/jerimum e leite. Falamos muito de práticas alimentares no Pará herdadas de povos originários porque em grande medida a base alimentar é indígena. Mas, é importante dizer que existe no Pará, influências alimentares africanas que permanecem até os dias atuais.
E você? Gosta de quibebe?
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📚✍🏽 Referências.
🛎O conteúdo deste blog está protegido pela lei n° 9.610 datada de 19-02-1998.
Ao utilizá-los, não se esqueça de dar os créditos.
📸 Ilustração: Canva. Texto de: MATTA, Alfredo Augusto da. Contribuição ao estudo do vocabulário Amazonense. In: Revista do IGHAM. Manaus, ano 6, v.6, n.1 e 2, 1938. p, 273.
(1)Salles, Vicente. Vocabulário Crioulo: contribuição do negro ao falar regional amazônico. Belém:IAP, Programa Raízes, 2003, p, 221.
(2) Apud Dicc. Grarn., 1888) In: Salles, Vicente. Vocabulário Crioulo: contribuição do negro ao falar regional amazônico. Belém:IAP, Programa Raízes, 2003, p, 221.
(3) Lopes, Nei. Dicionário banto do Brasil. Rio de Janeiro. Secretaria Municipal de Cultura, [19-]
(4) MONTEIRO, Mário Ypiranga. Alimentos preparados à base de mandioca. In: Revista Brasileira de Folclore. Ano III, n. 5. Janeiro/Abril 1963. Ministério da Educação e Cultura. Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro. p, 64.
Segundo Vicente Salles, a palavra Quibebe tem origem africana e de consumo muito "tradicional no Pará, pelo menos desde o séc. XIX".(1) Seria de etimologia "(...)mbundo bembé( jibembê, beldroegas) conservado com o artigo. Essa mesma palavra passou com o prefixo qui (no Norte) em quibembe assimilado em quibebê por analogia da palavra beber"(2) Talvez, porque fosse possível beber ou sorver em goles o quibebe? Ou porque ele tivesse antes uma consistência mais líquida? Bem, para Nei Lopes quibebe seria um termo derivado "Do quimbundo Kibebe, caldo grosso, papa". (3) Aqui no Pará, o quibebe era/é feito com jerimum, leite de castanha e como não poderia ser diferente: com farinha seca ou d'água.
Nesse sentido, Mário Ypiranga Monteiro nos esclarece que Quibebe seria um "composto de massa de jerimum cozido e leite de gado ou de tocari (castanha) com farinha de mandioca seca ou d'água".(4)
Os ingredientes se assemelham a descrição de A. Da Matta, quando diz que o quibebe é feito de Abóbora cozida com leite. Aliás, nas descrições esses dois ingredientes sempre estão presentes a abóbora/jerimum e leite. Falamos muito de práticas alimentares no Pará herdadas de povos originários porque em grande medida a base alimentar é indígena. Mas, é importante dizer que existe no Pará, influências alimentares africanas que permanecem até os dias atuais.
E você? Gosta de quibebe?
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Ao utilizá-los, não se esqueça de dar os créditos.
📸 Ilustração: Canva. Texto de: MATTA, Alfredo Augusto da. Contribuição ao estudo do vocabulário Amazonense. In: Revista do IGHAM. Manaus, ano 6, v.6, n.1 e 2, 1938. p, 273.
(1)Salles, Vicente. Vocabulário Crioulo: contribuição do negro ao falar regional amazônico. Belém:IAP, Programa Raízes, 2003, p, 221.
(2) Apud Dicc. Grarn., 1888) In: Salles, Vicente. Vocabulário Crioulo: contribuição do negro ao falar regional amazônico. Belém:IAP, Programa Raízes, 2003, p, 221.
(3) Lopes, Nei. Dicionário banto do Brasil. Rio de Janeiro. Secretaria Municipal de Cultura, [19-]
(4) MONTEIRO, Mário Ypiranga. Alimentos preparados à base de mandioca. In: Revista Brasileira de Folclore. Ano III, n. 5. Janeiro/Abril 1963. Ministério da Educação e Cultura. Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro. p, 64.
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