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Mostrando postagens de junho, 2022

Pilão (parte II)

A aquarela de William Berryman, intitulada pilando mandioca, faz referência a Jamaica entre os anos de 1808-1815. Ela pode ser encontrada no texto:  "I magem como testemunho do indizível" de Nicolás Vizcaíno Sánchez e que aborda a Diaspora africana pelo mundo. Segundo o autor, " Os pilões para macerar espécies como a mandioca, o sorgo, o milho e principalmente o arroz são parte da cultura material afro-americana. Junto com os cestos e balaios de fibra vegetal, essas peças de madeira aparecem no instrumental agrícola tanto na América continental e no Caribe quanto na costa africana ocidental". (1) E ainda, "Nessa aquarela do artista britânico William Berryman observa-se um tipo de pilão e de balaios encontrados na Jamaica, comparáveis àqueles desenhados também no século 19 em Serra Leoa, na Nigéria ou no Senegal. Diferente de outras cenas de trabalho doméstico escravo, essa imagem captura um momento incomum de solidão".(2) O pilão portando, como...

O padeiro da rua de São Martin.

Domingo com pintura de Juan León Pallière, pintor franco-brasileiro e sua obra " Panadero en la Calle de San Martín - Buenos Aires". A aquarela datada de 1858, nos permite visualizar um tipo de vendedor ambulante da cidade de Buenos Aires. Juan León Pallière nascido no Brasil em 1 de janeiro de 1823, tem vasta obra retratando os costumes da cidade de Buenos Aires e seus interiores. O pintor foi morar na Argentina em 1855, contava com 32 anos, ele viajava pelos interiores e pintava os costumes locais. Na sua obra foram comum as desenhos, aquarelas, óleos sob tela e litografias que retratavam o cotidiano. Particularmente, eu acho "Padeiro da rua de San Martín" uma riqueza. E me lembra um pouco a venda de porta em porta de pães em Belém. Os vendedores ambulantes na cidade de Buenos Aires segundo Ferreras: " De porta em porta e de cortiço em cortiço, esses comerciantes de pouca monta chegavam todas as manhãs para satisfazer as demandas daqueles que pre...

Pilão.

O pilão utensílio muito utilizado pelas gentes da Amazônia aparece nas memórias de Alfredo, personagem de Dalcídio Jurandir, em livro Santa Maria de Belém do Grão-Pará, quando ele lembrava da mãe que fazia vinho de Tucumã. Assim lembrava Alfredo: "(...)a mãe, no pilão, tirava do tucumã maduro um vinho que era um sol nascendo, e os mingaus, até mesmo um caribé como remédio, era um acalanto. Fosse num chocolate, no preparo dum bucho, no simples mexer uns murucis do campo com açúcar? Fosse? A  mãe ganhava longe".(1) O pilão que macerava o Tucumã e fazia um vinho "sol nascendo". Raimundo Morais nos fala diz ainda,  que o pilão tem "A parte de cima é escavada, de forma a poder a mão de Pilão esmagar e triturar o milho, o café,  o Guaraná,  o peixe e a carne -seca. Socar no Pilão é enfarinhada, reduzir a pó tudo que lá se mete". (2) E você usa o pilão? Que memórias tem dele? . . . 📚✍🏽 Referências. 📌 Lembramos que se você faz uso dos meus tex...

"Bôlo Mãe Preta"

"Bolo Mãe Preta". Sexta-feira com receita Histórica? Temos sim! O vídeo que está lá no canal desta semana recria a receita do "Bôlo Mãe Preta", do Livro da Tia Evelina, edição de 1948. 💡A ideia| Em 4 de fevereiro de 2019, dei início aqui no blog a um "desafio" muito saboroso: de realizar todas as receitas do Livro de Receitas da tia Evelina. ✔ O desafio| consistia em fazer, experimentar e comentar com vocês as receitas do livro "As receitas da tia Evelina", livro publicado no Brasil, cuja 5° edição data de 1948. 📖 O livro da tia Evelina| tem mais de 500 páginas em capa dura e seu conteúdo versa sobre receitas doces e salgadas bem como cardápios de almoço e receitas pra jejum da Quaresma. 🛎 |Como estamos reproduzindo as receitas da mesma maneira que estão no livro, optamos por manter o nome do bolo tal como foi publicado em 1948. 💬✍🏽 Então, corre lá e experimenta fazer!!!Depois me diz o que achou da receita? Aqui em casa o bolo não durou n...

O porto de Belém.

Durante o ano de 1859, quem estivesse residindo na capital da província do Pará ao observar o cais, iria deparar-se com a seguinte cena: inúmeras embarcações que diariamente chegavam carregadas de produtos regionais para abastecer a cidade trazendo, por exemplo, cacau, café, carnes, castanhas, feijão, arroz, o pirarucu, dentre outros, bem como distintos tipos de peixes como gurijuba e ainda sebos e manteiga de tartaruga, assim como a tão degustada farinha de mandioca. Como ressaltava Avé-Lallemant naquele ano de 1859: “o cais, [era] onde de descarregam os produtos da terra, chegados diariamente do interior”.(1) Segundo esse viajante, a movimentação era tamanha:  "Pequenas canoas e grandes barcos fluviais (...) iates ligeiros e barcos pesados, estão atracados ao cais (...) e de todas as variedades de embarcações saem sacos meio rotos, derramando caroços de cacau; cestos desatados e barris abertos (...)E ainda cocos, as castanhas-do-pará, triangulares, e o pirarucu...

Laserpício ou Láser.

Hoje comemora-se o amor. Dia dos namorados. E vamos falar de coração! Você já deve ter se questionado por qual motivo o formato do coração da forma que desde tenra idade aprendemos a desenhar e pintar como sinal de afeto e amor tem um formato totalmente diferente da anatomia original? E que a origem dele está relacionada também na cozinha? Você sabia que o formato do coração como conhecemos corresponde a uma vagem? De uma planta muito usada na Antiguidade? Exatamente isso. Então,  vêm comigo conhecer um pouquinho mais Sobre o Laserpício ou Láser.  E quem desvenda essa história pra gente é o professor de bioquímica molecular e biólogo da Universidade Federal Fluminense, Luiz Mors Cabral, em seu livro intitulado: "Plantas e Civilização: fascinantes Histórias da Etnobotânica". Segundo o professor Luiz Mors Cabral, em seu livro, o formato do coração que costumamos associar ao amor tem origem no Laserpício, uma  erva que era principal produ...

Pato no Tucupi.

O pato no tucupi, prato típico paraense muito consumido no Círio de Nazaré,mas, antes era de consumo no Natal e Ano Novo em Belém se tornou patrimônio cultural de natureza imaterial pela Lei nº 9.606/2022, a regulamentação foi aprovada pela Assembleia Legislativa do Pará no mês de maio. E sancionada pelo governador do Estado do Pará,  em 2 de junho de 2022. Você sabia que para um prato se torna patrimônio cultural de natureza imaterial tem que ser levado em consideração a historicidade desse prato? E que o historiador da alimentação tem papel importante nesse inventário? Desde 2009, eu estudo a maniçoba e o pato no tucupi. Mas, você sabe o que é o Pato no Tucupi? Em minha tese eu abordo a historicidade deste prato que é ancestral  indispensável no Almoço do Círio.(1) Então,  vamos conhecer um pouquinho mais sobre o pato no tucupi.O pato selvagem era consumido por diversos pobos indígenas antes da colonização. Assim, " O pato...

A Maniçoba.

A maniçoba, prato típico paraense muito consumido no Círio, em festas de arraiais, em casamentos, batizados, aniversários e várias das festas familiares em Belém se tornou patrimônio cultural de natureza imaterial pela Lei nº 9.601/2022, a regulamentação foi aprovada pela Assembleia Legislativa do Pará no mês de maio. E sancionada pelo governador do Estado do Pará,  em 2 de junho de 2022. Você sabia que para um prato se torna patrimônio cultural de natureza imaterial tem que ser levado em consideração a historicidade desse prato? E que o historiador da alimentação tem papel importante nesse inventário? Desde 2009, eu estudo a maniçoba e o pato no tucupi.( O pato no tucupi também virou patrimônio cultural de natureza imaterial, aliás, o texto de amanhã será sobre ele). Mas, você sabe o que é a Maniçoba? Em minha tese eu abordo a historicidade deste prato que é ancestral e que é um dos alimentos indispensáveis no Almoço do Círio.(1) Então,  ...

Livro Escola Dominical Metodista de Watertown.

Você sabia que a Igreja Metodista tem um livro de receitas? Não sabia!? Então,  vêm comigo conhecer mais esse capítulo da História da Alimentação e o quadro novo por aqui: "Livros de Receitas pelo mundo". Em 1954, a Igreja Metodista publicou um livro de receitas intitulado "Livro de receitas da Escola Dominical Metodista de Watertown. A publicação trata da cozinha local e culinária americana, o livreto está em inglês, publicado em Connecticut e faz parte do acervo da  culinaryartsmuseum. O Culinary Arts Museum faz parte da Johnson & Wales University. (1)O Museu tem um rico acervo para os pesquisadores da temática. E seu acervo é disponibilizado para fins de ensino e aprendizado, uma das missões da Johnson & Wales University. Importante também dizer, que a doutrina Metodista surgida na Inglaterra, por volta de 1739 e organizada por John Wesley tinha como missões o estudo da Bíblia atrelado a busca de uma relação mais pessoal e p...