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Laserpício ou Láser.

Hoje comemora-se o amor. Dia dos namorados. E vamos falar de coração! Você já deve ter se questionado por qual motivo o formato do coração da forma que desde tenra idade aprendemos a desenhar e pintar como sinal de afeto e amor tem um formato totalmente diferente da anatomia original? E que a origem dele está relacionada também na cozinha? Você sabia que o formato do coração como conhecemos corresponde a uma vagem? De uma planta muito usada na Antiguidade? Exatamente isso. Então,  vêm comigo conhecer um pouquinho mais
Sobre o Laserpício ou Láser.  E quem desvenda essa história pra gente é o professor de bioquímica molecular e biólogo da Universidade Federal Fluminense, Luiz Mors Cabral, em seu livro intitulado: "Plantas e Civilização: fascinantes Histórias da Etnobotânica". Segundo o professor Luiz Mors Cabral, em seu livro, o formato do coração que costumamos associar ao amor tem origem no Laserpício, uma  erva que era principal produto de exportação da cidade grega de Cyrene, atual região da Líbia, no século V a. C; segundo os relatos o Laserpício tinha propriedades medicinais e era muito utilizada na cozinha como condimento.E ainda, segundo o professor, "O Laserpício era tão importante que acabou sendo colhido até a extinção".(2) Mas, qual o motivo de associar este formato ❤ a um dos órgãos vitais do nosso corpo e que representa o amor? Para o autor, essa associação pode "ter sido indireta" já que "daquela vagem se preparava um contraceptivo. As mulheres preparavam um extrato da vagem ( o local onde ficam guardadas as sementes) do Laserpício".Esse extrato era utilizado antes do ato sexual. (3) [com o tempo ela foi associada ao amor] e, portanto para o coração".(3) Ou seja, "(...) o formato de coração que hoje representa o amor ao redor do mundo vem, na realidade, do formato da vagem do Laserpício".(4) Nesse sentido,  "(...) uma associação primeiramente com o sexo, já que daquela vagem se preparava um contraceptivo,  e depois ela tenha sido extrapolada para o amor é, portanto, para o coração". (5) Sabe-se que o uso do Laserpício, era muito comum na culinária naquela época pelo sabor como um importante tempero. Seu uso incluía o consumo de "sus tallos se horneaban, salteaban o hervían para ser consumidos como si de una verdura se tratase, mientras que sus raíces se comían frescas o con vinagre. En época romana, de sus brotes se extraía un aromático perfume, y la savia se dejaba secar y se rallaba sobre manjares delicados". (6)
Mas, a planta era tão importante para a cidade de Cyrene que seu desenho era cunhado nas moedas. Nas fotografias temos duas moedas cunhadas, uma delas é um talo do Laserpício ou Sílfio e outra a sua vagem. Segundo J. M. Sadurní "Tal fue la importancia que llegó a adquirir el silfio, que su imagen se imprimió en el reverso de las monedas acuñadas en Cirene desde finales del siglo VI a.C. Gracias a ellas podemos conocer más o menos el aspecto que tenía esta planta, que se extinguió alrededor del siglo I d.C".(7) E ainda, "Conocido también como laserpicio por los romanos, el silfio fue considerado tan valioso como el oro o la plata. El propio Plinio, en su Historia Natural, lo define así: "El laserpicio, al que los griegos llaman silfion, originario de Cirenaica, cuyo jugo es llamado láser, es excelente para uso medicinal y es pesado en denarios de plata". (8) O Laserpício também era usado como tema para recitar o amor. O poeta Catulo, no século IX a. C, ao recitar seu amor a Lésbia o fazia comparando a fertilidade do Láser: "Perguntas, Lésbia, quantos beijos teus bastam pra mim, e quantos são demais. Quantos sejam os grãos de areia Líbica a jazer em Cirene, em Láser fértil". (9) Logo, uma erva que tinha utilidade na cozinha e como medicamento mesmo após sua extinção, concede ao mundo o formato do amor. Fiquei fascinada com a historia da origem do coração ser uma planta: laserpício ou Láser.
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📚✍️🏽 Referências.
📸(9) https://noitessaticas.files.wordpress.com
🔖Caso haja algum óbice com relação a foto, favor nos avisar.
(1)(2)(3)(4)CABRAL, Luiz Mors.Plantas e Civilização: fascinantes Histórias daEtnobotânica.Edições de Janeiro, Rio de Janeiro: 2016. p, 36-38.
📸(6)(7) (8)J. M. Sadurní. El silfio, la planta milagrosa que desapareció en un siglo.
6 de mayo de 2022 · 11:33.
https://historia.nationalgeographic.com.es/a/silfio-planta-milagrosa-que-despareciosiglo_16228/amp

















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