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Paschoa e o Botequim Nazareth.

Para fechar nossa semana de textos da Páscoa, trago o Botequim Nazareth, localizado no Largo do Palácio, Praça Pedro II, que anunciava em 04 de abril de 1931 doces, conservas e bebidas finas para a Páscoa.(1) A casa tinha rico sortimento de chocolates da Nestlé, marca muito apreciada pelos paraenses.
A mesa de Páscoa também poderia ter pastéis de Santa Clara, queijos, bolos e frutas como Tâmaras e ameixas. Havia também a oferta de produtos importados como as amêndoas, queijos, tâmaras e chocolates. Produtos considerados finos. Uma questão contudo nos chama atenção nestes anúncios, era comum que a Páscoa fosse, como ainda hoje é, celebrada com doces diversos. Ao longo da História o açúcar protagonista dos doces era um ingrediente que ganha importância não tão somente pelo sabor, mas, acima de tudo porque a simbologia em torno dele nasce pelo status social. As comemorações com açúcar ganham espaço a partir do Renascimento, nas grandes esculturas de açúcar que eram elaboradas para banquetes e casamentos de pessoas nobres. Não eram todas as pessoas que tinham acesso ao açúcar. Segundo o historiador Strong " A devastadora paixão pelo açúcar que varreu toda a sociedade mudou a composição da comida e deu um novo ímpeto". Chegado na Europa "no final da Idade Média" vindo " do leste, por Veneza, era ainda uma mercadoria relativamente rara". (2)
Era costume que nos banquetes participassem escultores famosos que criavam salas repletas de esculturas em açúcar. Essa realidade deu status ao produto e a quem comia. Um dos primeiros banquetes nupciais com esculturas de açúcar, segundo Strong, foi no casamento de Ercole I d'este, no ano de 1473, onde as esculturas foram levadas em procissão com a função de "não apenas proporcionar um espetáculo, mas prestar tributo tanto aos anfitriões quanto aos convidados, numa bajulação simbólica”.(3) Nesse sentido, o açúcar torna-se um produto que reflete símbolo de poder e riqueza na Europa, realidade que chega ao Brasil. Os doces tinham um valor elevado. Não se comiam doces todos os dias, por isso, nas festividades quando se podia, não havia casa que não se tivesse uns bons doces para comemorar.
Feliz Páscoa!!!!🐰🙏🏽
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📚✍🏽Referências.
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(1)📸 Folha do Norte, 04 de abril de 1931.
(2) (3)Strong, Roy. Banquete:uma história ilustrada da culinária dos costumes e da fartura à mesa. Trad: Sérgio Goes de Paula: com a colaboração de Viviane De Lamare. Rio de Janeiro:Jorge Zahar Editor Ed, 2004. p, 167;168.

 

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