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Mostrando postagens de outubro, 2020

Coador de Café...

A imagem do "coador de Café, do Caipirira do Vale do Paraíba", de 1937, encontrada no livro de Sampaio, nos mostra um hábito tão comum ao longo de todo o Brasil. Nas palavaras de Sampaio sobre o conceito de "café: infusão do pó de café torrado e moido, adoçada com açucar, rapadura ou caldo de cana (moida geralmente em"sovaco", como produto caseiro). (1) Preparar os utensílios, fazer e tomar o café é um ritual existente em todo o mundo. Como nos aponta a historiadora Ana Luiza Martins, "O hábito de tomar café como bebida prazerosa, em caráter doméstico ou em recintos coletivos, deslancharia a partir de 1450". E ainda, "(...) a cafeteria como ponto de encontro e lugar de convívio social, vingou pelo mundo afora, atestando não só a ampla disseminação da bebida, mas sobretudo, a função celebrativa, advinda dexseuvteor, estimulante e liberador de emoções ".(2) Uma bebida que agrega. Queremos marcar algo com quem gostamos e dizemos...

A baixela do caboclo.

No quadro A baixela do caboclo do pintor português E. P. Macedo que fez parte do I Salão de Artes Plásticas da Universidade do Pará, do ano de 1963. Na cena do pintor, dois itens chamam nossa atenção: a cuia de farinha e o peixe. Aparecem ainda um jarro de água e uma abóbora. A cena reflete a imagem de uma mesa do caboclo amazônico onde a relação com o espaço (território) definiu em grande medida os alimentos e os hábitos alimentares. A imagem também nos permite pensar como a comida, no Pará, com forte origem indígena, tem relações com o espaço (território) Assim, trata-se de pensar como o território com suas possibilidades e dificuldades para o acesso aos alimentos se vincula à construção de um cardápio alimentar, elegeu alguns alimentos como fundamentais na dieta local, a exemplo do peixe e da farinha. Seria o que Montanari chama de “cozinha de território”, ou seja, “os pratos locais, ligados a produtos locais” (1)Assim, “sob esse ponto de vista, a comida é, por definição...

Empadinhas Especiais de Camarão.

Em Belém do Pará, no ano de 1950, existia a coluna Menu de Madame, publicada no jornal Folha do Norte. A coluna, ao longo deste ano, sempre trazia algumas receitas de cozinha, aliás, a imagem referente a coluna era de uma mulher bem vestida e elegante, a personificação da Madame, segurando uma colher com um alimento, que ela preparava na panela a ferver e de onde saía uma misto de fumaça e aroma. Na outra mão ela segurava a tampa da panela, com jeito de quem sabia e dominava as técnicas da cozinha. Essa coluna tem um valor importante pra quem pesquisa a temática, primeiro porque tais colunas de receitas não eram comuns ainda mais com a regularidade como era a Menu de Madame. Também, porque através das receitas é possível ter um panorama dos pratos que eram ensinados, seus insumos e técnicas de preparo. Hoje trago uma receita deste receituário, publicada em 27 de agosto de 1950, aliás, a receita era uma das mais encontradas em Belém pra venda, especialmente nos arraiais, ...

O ralador de mandioca.

O naturalista inglês, Alfred Russel Wallace, esteve na Amazônia em 1848, seu relato de viagem, importante fonte histórica, foi publicado em 1853. Wallace observou diversas tribos indígenas entre essas dos índios localizados as margens do rio Uaupés. Segundo ele, " Os índios das margens dos rios amazônicos pertencem a uma enorme variedade de tribos e nações, todas com linguagens e costumes próprios". (p.291). O viajante Wallace nos remete informações preciosas sobre os índios qie viviam nas margens do Uaupés. Os quais, "são um poco que se dedica à agricultura, possuindo residência fixa. Cultivam a mandioca, cana-de-açúcar, batata-doce, cará ou inhame, pupunheiras, cucura, abacaxi, milho, urucu, bananas de diversas qualidades, abius, cajus, ingás, pimentas, fumo e inúmeras plantas utilizadas para produzir tintas ou as fibras que serven para confeccionar cordas". (p. 294). Na imagem desenhada por Wallace temos o ralador de mandioca. Aliás, ...

Casa Camarinha.

“Mais que o Natal, o Ano Bom e o São João, é o Círio em Belém, explicava um alto funcionário da Alfândega a um colega recém-transferido do sul". (*) A época da festividade de Nossa Senhora de Nazaré era um momento de grande chegada de produtos importados de outros estados e países na capital do Pará. Vários estabelecimentos comerciais anunciavam os produtos para a "Semana do Círio", um deles era a "Casa Camarinha, localizada na Travessa Campos Salles número 58, em 12 de outubro de 1940. Anunciava que havia chegado no vapor "Itanagé" iria receber para Semana do Círio "Peras, maçãs, uvas ferraes e dalgaves, melões portuguezes, repolhos, couves flôr, tomates, pimentões, Xúxús, beterrabas, cenouras, Ervilhas, Beringelas, Repolhos crespos, Maxixes, Quiabos, etc". Também iria receber "Talharim Aymoré com e sem ovos". (1) Tudo para abastecer a mesa das pessoas que detinham poder econômico para comprar tais produtos ou ainda aquela...

Bar Paraense.

"Via a cidade se preparando, chegavam os primeiros romeiros do interior. Armavam-se, no Largo de Nazaré, as diversões de arraial. Alfredo, pela primeira vez, montou num cavalinho. E viu rodando num camelo, pernudo e branco, a boca aberta, de casimira e polar, o frango do sobrado de azulejos. Libânia, numa escapada, com dinheirinho dado pela Isaura, voou no aeroplano (...) Antônio, à espera enquanto ela voasse, deu um pulo na Basílica, espiou aproximou-se do altar, temeroso, porque ouvia falar da fama do vigário que era um bruto. Foi erguendo os olhos para o altar, todo uma brancura, uns dourados e umas luzes finas, tantas roupagens, e lá em cima, escondidinha, a santa, ora vejam só, quem que imaginava, mas tão miudinha! E viu no Largo suspenderem-se os fios da iluminação carregados de lâmpadas que lhe faziam lembrar redes de pesca. As luzes iriam transformar em dia as quinze noites do arraial. No meio, as sumaumeiras de cabeça cacheada lá em cima, com as suas sapope...

Café Central

Em 16 de outubro de 1885, a cidade paraense se preparava para o Círio de Nazaré. A festa do Círio sempre esteve envolvida nas práticas alimentares. Aliás, tais práticas são parte importante e reconhecidas pela população que vive a festa. Nas casas, no arraial e seu entorno, as barracas com vendas de comidas sempre foi ponto alto de encontro da sociedade paraense. A época era momento em que os conhecidos estabelecimentos montavam cardápios e sabores pensando bos romeiros e frequentadores da festa. Assim, o Café Central, tido como "Grande Restaurant" havia "preparado à capricho, com uma cosinha bem montada, sob a direção do seu habil COSINHEIRO". Para a ocasião o local preparou "SUCULENTAS CEIAS Que rivalisarão com os esplendidos banquetes, dados em honra de pessoas reas". O cardápio incluía "uma gordinha VITELLA é quasi sempre sacrificada para satisfazer o apetite dos ROMEIROS. MIL E UM PRATINHOS". Além de bons vinhos com ...

O Círio.

Hoje o Círio de Nazaré tem data certa de acontecer, no segundo domingo de outubro, religiosamente. Mas, nem sempre foi assim. A procissão do Círio podia acontecer a cada ano em uma data diferente, inclusive, era comum que fosse realizada entre Setembro e outubro. Sobre essa realidade, em 1886, o Círio aconteceu em 31 de outubro de 1886. A diretoria da festa, naquele ano informava que "a transladação da Santa Virgem terá lugar no dia 30, às 7 horas da noite, da capella do colégio de N. S. do Amparo para a capella do palácio: o círio no dia 31 de outubro e a festa em 14 de novembro do correnre anno". A diretoria ainda, convidava "a todis os habitantes da capital e do intetior para acompanharem e assistirem tidos estes actos" (1) O pastor Daniel Kidder, quando esteve no Pará no século XIX, assim descreveu o Círio de Nazaré " A maior festividade religiosa que se celebra no Pará é a de Nossa Senhora de Nazaré. É uma festa móvel ...

Especial Círio de Nazaré.

Este ano será o primeiro na história do Círio de Nazaré que não teremos a procissão. Ao longo de toda sua história, a tradicional romaria do Círio sempre aconteceu, por "debaixo de chuva ou sol". A relação do paraense com o Círio de Nazaré se estende às práticas alimentares. Aliás, não existe casa católica que não prepare sua mesa para o "Natal dos paraenses". Ao menos três espaços são importantes no que tange os sabores do Círio: o "Almoço do Círio" tradicional festa familiar, que ocorre sempre nas casas após a procissão do segundo domingo de outubro. O "Arraial de Nossa Senhora de Nazaré " local de vendas das comidinhas do Círio e da alegria de comemorar a quadra Nazarena e ainda, "A barraca da Santa", espaço importante de venda de comida comida pelas famílias da sociedade com intuito de reverter as rendas para as ações beneficentes da igreja. Ao longo destas semamas até o dia 11 de Outubro, o Daquilo que se...