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Mostrando postagens de junho, 2021

Poções mágicas e alimentação...

Vocês já pensaram que as poções de "bruxas" ou de magias envolvem o comer, beber e os perigosos feitiços? Quem foi criança nos anos 90 e nunca assistiu ao menos uma vez o filme Abracadabra, cuja versão em inglês da Disney era "Hocus Pocus"? Com lançamento no ano de 1993, o filme chegou a passar várias vezes na famosa sessão da tarde, eu adorava assistir esse filme que contava a história de adolescentes que despertavam três bruxas más. O filme dava um suspense, apesar de ter indicação livre, mas, também era engraçado. Eu assisti várias vezes. Pois bem, a história tem como ponto central um livro de magia, com poções e palavras mágicas. Hoje quando penso no filme e em outros cuja relação entre poções,  magias, sopa, bebidas e o mundo da alimentação, uma nova possibilidade de análise se faz presente. E depois de ler o texto da Maria Eunice Maciel, intitulado "Cultura e Alimentação ou o que têm a ver os macaquinhos de Koshima com Brillat-Savarin"? C...

Arraial em Belém.

Sobre o arraial em Belém, De Campos Ribeiro, nos diz que: "No arraial, iluminado a querosene, embandeirado de ponta a ponta, barraquinhas de sorte onde os prêmios (quinhentos réis cada papelinho) (...) Abundam os tabuleiros de tacacá, de cariru, das doceiras que vendiam por um tostão uma cocada ou uma fatia de bôlo de macaxeira e por um vintém cada rebuçado de gengibre. Nos carrinhos, uma gengibre ou um refresco de irreconhecível sabor por um tostão. (1) Ele ainda nos conta que: " Entre as manifestações da alegria popular em nossa terra, nenhuma tanto apaixonava a alma do povo quanto as festas juninas, chamadas há cousa de cinquenta anos Joaninas" (...) A cidade trescalava das ervas de junho". (2) Eu fico sonhando com estas festas antigas, com a Belém das barraquinhas de comida e da cidade que cheirava a banho de cheiro... . . . E como dizia Eneida de Assis "Nos fogões e nas fogueiras - as mesmas que iriam iluminar a noite do santo, - a grande l...

São João em Belém.

Hoje é dia de São João e em outras épocas aqui em Belém não faltavam: uma boa quadrilha, folguetos, pau-de-sebo, danças típicas, uma grande fogueira e muitas comidinhas típicas da época e da cozinha local. Mas, você sabe qual as origens da festa de São João? Originalmente, a festa de São João,  comemorada dia 24 de junho, era uma festa agrária, muito realizada na Europa e que comemorava a colheita do verão, a fogueira não podia faltar, já que o fogo 🔥 tinha a função importante de afastar os maus espíritos da terra e proteger as futuras colheitas. A festa se tornou muito popular aqui na região Norte. Ontem comentei sobre o arraial do Seu Martinho,  um dos mais famosos de Belém, na primeira metade do século XX, além deste, o arraial da Tia Ana das Palhas era famoso e muito concorrido. Segundo nos conta Orico: "No meio do terreiro, capinado a capricho, erguiam-se tômbolas para a venda de bilhetes de rifa e amontoavam-se tabuleiros repletos de coisas típicas. Havia pa...

Pau-de-sebo, munguzá e festa junina em Belém.

Osvaldo Orico dizia que o que faz a cozinha amazônica única é que ela é uma cozinha ao ar livre. De fato, esse é um dos aspectos que mais eu amo em Belém. Especialmente, no São João e também outras festividades os arraiais faziam a alegria da população. Segundo Orico, "À porta das igrejas. Na calçada dos largos. Na relva dos jardins públicos. Na esquina de certas ruas. Em qualquer ponto onde vierem pousar as tacacazeiras com as panelas amarradas em toalhas para conservar o calor ou com os fogareiros para esquentar munguzá, os bolos de milho, os beijos ou ferver as pupunhas e os piques que trazem nos paneiros".(1) Um dos arraiais mais famosos de Belém era o de Mestre Martinho, no Umarizal onde cujo brinde para quem subisse no pau-de-sebo era gordas galinhas assadas, pães-de-ló ou outro petisco cobiçado no momento. No arraial de Mestre Martinho, "Mestre Martinho fazia erguer nas redondezas de sua palhoça (...) Era o mastro de um velho navio abandonado que ele f...

Munguzá, São João e Eneida.

Se Dalcídio é um dos meus literatos preferidos. Eneida de Moraes é a preferida e sempre indicada. Quando você termina de ler Eneida, o sentimento é de plenitude. Então,  trago hoje as memórias de Eneida de Moraes para falar de São João, do mês junino e das festas que fazem parte da cidade morena, Santa Maria de Belém do Grão-Pará.  Eneida em Aruanda,  nos conta que "São João  é personagem de minha infância; de São João sou velha e dedicada amiga. Aprendi a amá-lo muito cedo(...) em minha terra,  na longínqua e amada cidade de Santa Maria de Belém do Grão-Pará, há uma prática extremamente bela e perfumada, que se chama o banho de cheiro ou banho da felicidade". É assim, "nas vésperas de São João,  a cidade amanhecia festiva, com correria de homens carregando à cabeça tabuleiros cheios das ervas da felicidade. Seus pregões embalavam as mangueiras que arborizavam as praças e ruas da Belém de meu tempo. ___ Cheiro cheiroso! (a pronúncia local: chêro...

Dia mundial da Gastronomia Sustentável.

18 de junho é dia de celebrar dia da Gastronomia Sustentável. A data foi criada em 2016, numa Assembléia Geral da ONU. Mas, o que é o dia da Gastronomia Sustentável? Segundo o site da ONU " a data reafirma que todas as culturas e civilizações contribuem para o desenvolvimento sustentável". Nesse sentido, o ponto de partida é justamente pensar "A sustentabilidade é a ideia de que algo, como agricultura, pesca ou preparação de alimentos, é feito de maneira a não desperdiçar recursos naturais e pode continuar sendo feito no futuro sem prejudicar o meio ambiente ou a saúde".(1) A data é importante também pra que possamos refletir sobre o como podemos contribuir pra evitar o desperdício. " A ONU afirma que o mundo está usando seus oceanos, florestas e solos de forma completamente insustentável. Produtores precisam ser mais cuidadosos na forma como utilizam os recursos naturais e consumidores devem ser mais exigentes quando escolhem seus alimentos. Esta ...

Leite pasteurizado.

A partir da metade do seco XIX, as preocupações com o leite como um causador de doenças aumenta consideravelmente em todo o mundo. Nessa época, o leite passa a ser visto como um veiculador de doenças, como nos esclarece Meireles, "uma nova preocupação: a de que o leite era um potencial causador de enfermidades devido à provável proliferação de micro-organismos patogênicos". (1) O leite que não fosse pasteurizado poderia levar a doenças e também a morte. Assim, "Em 1856, o médico inglês Michael Taylor reconheceu que o leite poderia ser um veículo transmissor de doenças, ao observar que um número de casos de febre tifoide tinha em comum o fato de seus portadores terem consumido leite de mesma origem". (2) Os Estados Unidos passam a liderar as preocupações em torno do leite esterilizado, "O principal efeito dessas iniciativas foi tornar possível comprovar que o leite não tratado termicamente, ou não pasteurizado,  em vez de apen...

Ricotta.

Sabe aquele queijo que na atualidade sempre aparece indicado na lista de alimentos que são boas opções para dietas e substituição de determinados alimentos e que nutricionistas sempre fazem indicação? hoje vou falar um pouquinho sobre  a ricota, tida como queijo "magro" e excelente substituto do queijo amarelo. Não é a toa que ela aparece no Tacuinum sanitatis, livro medieval que ensinava sobre saúde e bem-estar. Então, a ricota, queijo que geralmente temos a sensação que é um produto "novo", é um queijo cuja produção é bem antiga. Isso mesmo, a ricota já aparece sendo preparada,  no século XIV, na imagem disposta no Tacuinum sanitatis. Na imagem, temos uma mulher camponesa a preparar a ricota, na cena retratada temos "poucas pessoas (...) sentadas à mesa camponesa.  A mulher prepara a ricota em um imenso caldeirão em forma de sino. O vinho tinto e o pão estão sobre a mesa. Um cincho lembra o queijo". (1) A ricota, cujo nome italiano é ricotta,...

"Café da manhã Holandês".

Na pintura de Floris van Schooten,  intitulada Café da manhã Holandês, temos queijos e manteiga além de pão e frutas. Floris era conhecido por pintar natureza morta e cenas de cozinha, mercados e do cotidiano relacionado à alimentação. Floris não deixava de registrar as cenas que aconteciam em torno da cozinha, pois bem, segundo Franco "O ponto focal da vida numa casa holandesa do século XVII era a cozinha, comumente decorada com azulejos de Delft". (1) Ele pintava de seu lugar,  Floris era membro de uma rica família católica. Não surpreende a presença de queijo e manteiga na mesa de café,  já que "os quadros dos grandes pintores flamengos e holandeses nos dão uma ideia de como viviam os habitantes desses países, em geral bem nutridos. Dispunham eles de maior variedade de frutas, verduras, peixes e laticínios do que o restante da Europa". (2) Nesse sentido, torna-se importante dizer que "Na Holanda é sabiamente famoso o gado leiteiro, de alta capaci...

Pãozinho de Santo Antônio.

A relação entre os santos e a Alimentação é antiga, remonta aos deuses gregos e romanos grande parte dessas crenças estavam relacionadas ao abastecimento, a casa e ter abundância de alimentos. Como nos aponta Cascudo "os povos cristãos titulares seus padroeiro na manutenção  do sustento" assim "essa relação é importante porque ela permite pra seus devotos a certeza de "fartura alimentar cotidiana". (1) Hoje é dia de Santo Antônio. Dia de pãozinho de Santo Antônio,  que deve-se ter em cada num pote de farinha pra ter fartura o ano todo, sendo também a garantia de que comida não faltará no prato. Tenho certeza que muitos de vocês já puderam ver essa tradição?  Assim, "Até hoje, na devoção popular, os “pãezinhos de Santo Antônio” são colocado pelos fiéis nos sacos (vasilhas, latas) de farinha e de outros alimentos, com a fé de que nunca lhes faltará o que comer. Mais do que a origem do “Pão de Santo Antônio”, importa perceber toda a riqueza do seu...

Manteiga e Queijo.

Quase impossível pensar no leite sem deixar de falar de dois alimentos que são derivados do leite e que ao longo da História da Humanidade sempre tiveram papel de destaque na alimentação e hábitos alimentares: a manteiga e o queijo. Você sabia que queijo e leite já aparecem no Antigo Testamento? Segundo nos aponta Antônia Giammellaro, "Há um texto de Ugarit que trata da produção de queijo e, graças ao Antigo Testamento, que cita várias passagens a manteiga e o leite, sabemos que esses alimentos também eram consumidos na Fenícia". (1) Gregos e romanos tínham o queijo sempre presente em sua alimentação,  Ariovaldo Franco, pontua que "O queijo, alimento frequente no campo, era consumido na cidade mormente no despejam e na refeição do meio-dia.O hábito de comer queijo de leite de vaca só se generalizou no final da República (27 a.C). Anteriormente, o mais comum era o leite de ovelha. Catão, no século II a.C., só se refere a este. Mas fazia-se também queijo de lei...

Leite e simbologias.

Em outro texto discutimos como o leite pode estar associado aos tabus alimentares, e assim ao aspecto simbólico deste alimento. Hoje quero chamar atenção para um outro aspecto referente ao leite como um alimento simbólico e que remonta a Bíblia. A terra prometida seria um lugar onde "corre leite e mel" (1) Segundo nos aponta Soler: "Uma terra "de leite e mel": o leite é o alimento básico desses nômades em que os hebreus se transformaram" E ainda, Ao leite dos pastores (e seus derivados,  a manteiga e o queijo), a Bíblia acrescenta árvores e plantas cultivadas pelos sedentários". (2) O leite é um dos alimentos que entra na lista de restrições  de Moisés,  já que: "Até mesmo o leite dá margem a uma proibição, aparentemente secundária,  mas, na realidade, muito forte (ela é enunciada três vezes) e destinada a se ampliar considerávelmente: "Não comerás o cabrito no leite de sua mãe ". (3)  Os gregos bem antes a Bíblia, já tinham...

Leite em pó em Belém.

A partir da década de 1950, parte da população em Belém passa a consumir uma maior quantidade de leite em pó. Problemas de insuficiência na oferta, no transporte, com a origem e higienização do leite "in natura" levam a população a "confiar" mais no leite em pó. Segundo Pinto: " às vacarias [estavam] funcionando precariamente na cidade, Belém consolidou o hábito de preferir o leite em pó ao in natura".(1) A população contava então com o abastecimento via marítima do leite em pó e qualquer atraso dos navios levavam a falta do produto. Em setembro de 1958, por exemplo, com atraso de um navio que trazia leite em pó da marca Ninho, a Companhia Nestlé, informava a população que "Logo um navio, vindo de Recife, atracaria em Belém com 504 mil latas de Leite Ninho, o preferido, o equivalente  dois milhões de litros, quantidade suficiente para dois meses de consumo" (2) A chegada de leite em pó pelos navios era uma realidade constante, tanto q...

Abastecimento Leite no Pará.

No século XIX,  Henry Bates, quando passava pelos arredores de Santarém, no Pará, mas precisamente no ano de 1851, sobre o leite de vaca apontava que "Dizem que o leite é muito pobre e de fato é muito raro ver-se uma película de creme mesmo delgada, e a produção de cada vaca é muito pequena". (1) Já  Spix e Martius, em 1819, quando passavam por Tefé, no Amazonas, diziam que "Leite é coisa rara à mesa do habitante, assim como a carne de vaca" (2) Os viajantes contudo apontam que em Belém, no mesmo ano, "Quanto ao leite, as vacas não dão em abundância,  mas, é bastante bom". (3) O abastecimento de leite no Pará sempre foi um misto de ora tem, ora não tem. E mesmo o Pará tendo desde o século XIX, fazendas de criação de gado no Marajó, por diversas vezes o leite fresco não era encontrado com facilidade. Vários são os fatores que levavam a essa realidade como a localização dessas Fazendas, muitas vezes distante da cidade de Belém o que causava probl...

Leite e filme: Suspeita.

Uma das cenas clássicas do cinema dos anos 40, foi a cena do filme Suspeita, de Alfred Hitchcock, de 1941, a cena em questão em que Cary Grant leva um copo de leite para a esposa, que Suspeita que o leite está envenenado. Neste caso, o leite aparece como o perigo real e mortal, por ter veneno. No site Um Frame, Well Cunha, nos diz que para filmar a cena  "Hitchcock iluminou o copo de leite de dentro para fora, usando uma lâmpada dentro do líquido. O jogo de luz dentro do copo contrastando com as sombras no melhor estilo noir das escadas, cria uma das melhores cenas da brilhante carreira do cineasta. Na sequência, Cary Grant leva um copo de leite para a esposa, que suspeita estar envenenado, dessa forma, bem no estilo de humor bizarro do diretor, o leite é a própria arma do crime". (1) Aproveito essa relação do leite com veneno que faz mal, a bebida que sempre está associada a pureza, para trazer uma relação do leite com os Tabus alimentares...

Leite desidratado, leite em pó.

Nós sempre temos a sensação de que o leite em pó é um alimento recente, não é verdade? Mas, você sabia que o leite desidratado ou seco é um alimento bem antigo? Almir Meireles nos diz que na Mongólia já havia uso do leite desidratado, no séculoXIII: "Kublai Khan, evoluiu em se tratando de alimentar seus guerreiros, pois utilizou como ração militar uma espécie de leite em pó desnatado. Certamente, era um pó manufaturado a partir de leite de cabra, ovelha, camela ou mais provavelmente de égua (...)". (1) Na Mongólia era bastante comum o uso do leite destes animais. E ainda, segundo o relato de Marco Polo, que viveu na corte de Kublai Khan, havia todo um processo de desidratação do leite. Assim, "(...) tem também leite seco, que é firme como massa. O leite é desidratado da seguinte maneira: é fervido e a nata que flutua é colocada em outro vasilhame e dela se faz manteiga. Enquanto permanece no leite, não é possível secá-lo. O leite é, então, colocad...

Crepe Suzette. A História.

Hoje lá no canal, tem receita histórica e muita História em torno de Crepe mais famoso do mundo:Crepe Suzette! Você sabe as possíveis origens? E no Brasil, você sabe as datas do aparecimento das primeiras receitas?  Link do Canal Ahhh leva na base LEITE. . . . Eu tenho certeza que você tem alguma memória em torno dele!? . . . Então, confere lá! Link na bio.  Além da História, tem também uma receita deliciosa.  . . . #receitashistoricas #YouTube #daquiloquesecome #sidianamacêdo #history #histoire #historiaealimentacao #history #recipes #receitas #Belém

As vacarias que também eram hortas e vendiam animais em Belém.

Você sabia que algumas vacarias em Belém também dividiam o espaço com outras atividades econômicas? E que algumas delas tinham hortas e vendiam animais? Como as vacarias eram em locais "alagados"  e de várzeas, tais espacos eram propícios também para o cultivo de hortas e flores. As vacarias portanto, também compreendiam pequenas hortas e igualmente venda de flores. Sobre essa realidade o site "Fragmentos de Belém " nos diz que:  " Sebastião Godinho, em crônica intitulada “Quem se lembra das hortas de Belém” (O Liberal de 5 de Maio de 2014), afirma que esses terrenos eram preenchidos por hortas que “ocuparam muitos espaços na cidade e foram responsáveis pelo seu abastecimento de verduras, legumes e flores até recentemente". E ainda, "Em um depoimento em vídeo a Profa. Annuncida Chaves afirma que a área onde está localizado o Colégio Moderno era anteriormente “uma grande horta e trabalhavam nela dois ou três portugueses”.(1) Na imagem, de 1...

Venda de leite em Belém.

A questão em torno da venda de leite em Belém adentrou o século XX e longe de terminar sempre foi um problema entre donos de vacarias, poder público e população. Em documento à Câmara Municipal, no ano de 1883, os senhores  vendedores de leite e provavelmente donos de vacarias da capital, diziam-se prejudicados com a proibição da venda de leite em latas, utilizando como justificativa que tal prática já era usual em outras províncias do Império: “(...) que a condução do leite em grandes latas é permittida em outras províncias do Império, exigindo-se somente que elle seja puro, e que as vasilhas sejam limpas e fabricadas de material apropriado que não estrague o leite, devendo isto ser fiscalizada pelos respectivos empregados da Câmara Municipal”.(1)Com a exigência de que o leite fosse tirado diretamente da vaca na frente do freguês, os donos das vacas mostravam-se contrários. Afirmavam que não era possível a um vendedor de leite que possuísse “cinco, dez ou vinte vaccas”...

As vacarias em Belém.

Quem não lembra do personagem de Dalcídio Jurandir, seu Agostinho, que era dono de uma vacaria localizada defronte da casa dos Alcântaras? "Seu Agostinho continuava a entrar na rua, vindo da Generalíssimo, o cavalo, a carroça, a campainha: a Vacaria Aurora acabando de  distribuir o leite". (1) Seu Agostinho, era dono da Vacaria Aurora. As vacarias, na cidade de Belém geralmente estavam localizadas na Cidade Velha, na Baixa da Serzedelo Corrêa, na Baixa do Umarizal, Reduto e Alcindo Cacela. Em meados do século XX, eram comuns em diversos bairros a presença das vacarias, estabelecimentos que centravam suas atividades na criação de vacas para a produção diária de leite. Esses estabelecimentos que, há bastante tempo, já faziam parte do cenário de Belém, quando no século XIX os leiteiros saíam às ruas para vender seu produto in natura, o que faziam acompanhado das vacas andando pelas ruas, de casa em casa, ordenhando o animal na frente da freguesia, como já apontado no...