Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de 2022

Um pouco mais sobre o Peru.

Diferente do que aconteceu com outros produtos do chamado "Novo mundo" o Peru teve aceitação mais imediata na Europa. Em parte porque como nos esclarecem Flandrim e Montanari: " Se o peru foi adotado praticamente desde sua chegada, é porque nas mesas aristocráticas da Idade Média se comia todo tipo de ave de grande porte — algumas intoleráveis, do nosso ponto de vista, como os alcatrazes, as cegonhas, as garças-reais, os grous, os cisnes, os pavões, etc". (1) Ou seja, o hábito de consumir aves de grande porte já era comum por lá. Contudo,  o Peru ganha uma simbologia imensa em torno da ceia de Natal, na Inglaterra e de lá para outros países no século XIX. O historiador Carlos Roberto Antunes dos Santos, argumenta que: " A introdução e fixação do peru como prato principal na Europa e nas Américas, incluindo o Brasil, na comemoração do nascimento de Cristo, transformou o ritual do jantar de Natal em ceia. A abundância, e mesmo a extravagância, caracte...

Peru no Natal?

O belíssimo Peru tão pomposo que aparece num cartão postal de Ação de Graças e que foi encontrado nos papéis de Percy William Townsend, datado de 1911, está disponível nos arquivos do @bedsarchives. O bedfordshire Archives, é  o serviço de arquivos do condado de Bedfordshire, na Inglaterra. A ave que representa a "Ceia de Natal" em diversos lugares do mundo tem uma longa história até essa representação simbólica. Gostaria de dizer uma ou duas "palavras" sobre o Peru na Ceia de Natal. Para que juntos possamos refletir sobre tais questões. Você sabia que a origem do Peru é americana e não europeia? Então, o peru é uma ave americana que era consumida pelos astecas especialmente na festa do Deus Sol. Carlos Roberto Antunes dos Santos [Um dos pioneiros do estudo da alimentação no Brasil] em seu texto "História do peru na ceia de Natal" nos conta um pouco desta história: os astecas, "(...) se alimentavam de animais possíveis de serem encontrado...

Street Food.

Essa semana nossos textos serão sobre as comidas de rua ou as Street Food. Você sabia que a comida de rua remonta a Antiguidade Clássica? E que romanos tinham vários tipos de vendedores ambulantes? A comida de rua ou Street Food já tinha espaço de comércio na Roma Antiga e fazia parte dos hábitos alimentares da população de menor poder aquisitivo. Segundo a historiadora Linda Civitello a comida de rua "nasce" a partir de uma cultura alimentar nas classes baixas em Roma e assim: The ninety percent of the population that made up the lower classes in Rome—the plebeians—lived in poorly built tenement apartments that collapsed or caught on fire. This was negligence, because the same cul- ture built the Colosseum and the Pantheon, which are still standing. The tenements had no kitchens, so street vendors did a thriving business selling bread and grain pastes". (1) Vendedores de comida e bebidas faziam deste comércio seu sustento. Desta forma, vamos começar nossa...

Minhas Receitas Prediletas: Regina Pinheiro.

Quem me acompanha por aqui sabe o quanto eu adoro trabalhar com cadernos e livros de receitas. E como os cadernos de receitas são coleções afetivas antigos.  Então, começo o sábado compartilhando com vocês sobre o projeto da elaboração do livro de receitas, baseado nas receitas prediletas de Dona Regina Pinheiro. O livro que foi presente da minha tia Conce, foi publicado em novembro de 2000, em Belém. E que segundo às palavras da autora: "foi organizado e concebido para perpetuar as muitas receitas que fui guardando ao longo dos anos e que em sua maioria, foram e ainda são preparadas em minha casa". E ainda, "Dele também fazem parte, receitas que me foram dadas por pessoas queridas, conhecedoras da arte de preparar pratos deliciosos". (1) Por essa apresentação vocês podem imaginar as coisas boas que vêm por aí, não é verdade? E se você assim como eu ama cadernos e livros de receitas, clica no link  e assiste o vídeo,  que está disponível no nosso canal d...

Abricó.

Então, o abricó de nome científico Mammea americana L. Também é conhecido ida como nos informa Paulo Cavalcante como: "Abricó do Pará,  Abricó das Antilhas - Mammee Apple, (Santo Domingo); Apricot (inglês); Apricot d'Amerique (francês); Mamey (espanhol); Mamey de Cartagena (Panamá); Mamoeiro (Cabo Verde); Ruri (Nicarágua); Zapóte Mamey (México)". (1) [Se você deseja saber sobre os locais onde ele é nativo, volta no feed dois textos atrás]. A existência de vários nomes em locais diferentes permite que possamos visualizar os diversos locais de consumo do fruto. É um fruto que permite o consumo natural, e ainda, cortado com "a polpa em fatias e deixá-la em maceração com açúcar durante durante algumas horas antes de usá-la. Em salada com outras frutas é muito apreciado, bem como na forma de licor, compota ou geleia, o que é bem reputado por conservar, por muito tempo, o sabor e aroma". (2) A.J Sampaio nos fala que: "abricó do Pará, (de que se faz d...

Abricó-do-pará

No livro, "Alimentos Regionais Brasileiros" o abricó aparece como uma fruta da região Norte que: " é cultivado nos igapós e margens inundáveis de rios na região Amazônica, principalmente no estado do Pará. Árvore de porte médio, podendo atingir 20 m de altura, o abricó se propaga com facilidade por meio de sementes, que germinam entre 12 e 18 dias. A planta pode iniciar a floração a partir de seis/oito anos".(1) Mas, Sidiana e o sabor do abricó? Os viajantes Spix e Martius, quando de sua passagem pelo Pará,  nos falam que: " o chamado abricó-de-pará (Mammea americana L.), uma ameixa às vezes do tamanho da cabeça de criança, que na cor e no sabor se assemelha ao abricó europeu".(2) O abricó europeu que o viajante faz referência, provavelmente era o damasco. Raquel Prato, do site Jardineiro Net, nos diz sobre o fruto e o sabor que: " De formato globoso, eles tem a casca pardacenta, polpa carnosa, amarela a alaranjada e carregam quatro sem...

Abricó.

E o abricó? Tu conheces?  Em uma das cenas de Dalcídio Jurandir, em Santa Maria de Belém do Grão-Pará, o fruto aparece sendo comercializado no Ver-o-peso. Assim: "Ao chegarem ao Ver-o-Peso, lhe apeteceu uma tainha  fresca e Alfredo via, então, uma nova cidade(...) Belém assoalhada de ananazes, toucinhos e rapaduras. Viu, na realidade, foi o padrinho abrir um biribá, provar um gomo, num átimo papar a fruta, enquanto o fruteiro lhe mostrava uns abricós tão cheirosos que seu Alcântara recolheu ao saco levado pelo Alfredo.(1) O abricó, fruto do abricoteiro, segundo Paulo Cavalcante: "O abricoteiro é uma árvore de porte médio,  até 20m de altura, com a copa alongada, densa, de folhagem verde-escura, tronco reto e vertical, do qual exsuda, um leite amarelo e resinado ao ser cortado". E ainda, "O abricó é nativo das Índias Ocidentais e norte da América do Sul, onde é amplamente cultivado, e também por toda a América Central, Antilhas,  Sul da Flóri...

Lanche Elegante de Christian Berentz.

Domingo com "Obras de Arte e Alimentação", porque já estávamos com saudades. E para hoje eu trago o trabalho do pintor alemão, nascido em Hamburgo, no ano de 1658, Christian  Berentz. A tela intitulada de "Lanche Elegante", datada de 1717, é composta por Salame, pão, vinhos e coroando o "Lanche Elegante" aparecem louças em porcelana, taças em cristais, e um decanter próprio para a bebida, e ainda, bandeja,faca e um garfo. A toalha branca coroa a elegância da cena, que nos é muito convidativa. Toda a mesa está fidedigna à época e aos hábitos daquele momento. Christian Berentz viveu muitos anos em Roma,  foi lá que faleceu em 1722, sua obras são conhecidas pelas naturezas-mortas. A tela "Elegant Snack" está exposta na Galleria Nazionale d'Arte Antica di Palazzo Corsini, em Roma, é um óleo sobre tela cujas dimensões são 52x67,5 cm. O salame ocupa a centralidade da tela, numa época em que ele ganha o gosto dos italianos. Mas, afinal e...

Curso Livre Mandioca.

Apesar da mandioca ter se tornado um dos alimentos mais comuns na dieta do colonizador, você sabia que em Portugal ela foi rejeitada? E que houveram medidas de tentar exportar com maior frequência a farinha para Portugal? Segundo nos esclarece a historiadora Isabel Braga: "A mandioca rejeitada em Protugal, mas de consumo corrente no Brasil mesmo entre bancos, foi suscetível de transformação (...)". (1) Importante perceber que assim como a mandioca tem uso ancestral na Amazônia, ela também atravessa o Atlântico e faz o caminho do "Velho Continente". Esse também será tema do curso livre "Plantas de Civilização: a Mandioca" que estarei ministrando em Novembro. Já fizeste tua inscrição? Até dia 7 de novembro tem desconto para os inscritos desta segunda turma. [OBS- Já estamos fechando a turma]. "Curso livre: Plantas de Civilização: a Mandioca". Com Profª. Dra. Sidiana Macêdo. Quando O curso acontecerá nos dias 8 e 9 de Novembro de ...

Dia de Finados e o mundo da alimentação

Hoje no Brasil é feriado de Finados. O dia de finados, data segundo Luiz da Câmara Cascudo do século X, no Brasil acontece um dia depois da comemoração da Festa de todos os santos [ Festum omnium sanctorum] . A festa de todos os santos é uma realização que ocorre para comemorar os Santos e Mártires cristãos. Já o dia de finados [Omnium Fidelium Defunctorum] "mantém tradição imemorial em todos os cultos religiosos".(1) Mas, você sabia que e m muitas culturas existe uma relação importante entre a morte e a alimentação. Nesse sentido, "as refeições fúnebres tinham cerimonial impressionante pela compostura e silêncio dos componentes". (2) Segundo Juliana Resende Bonomo, em seu trabalho: " Alimentando o luto: as memórias e as transformações das comidas de velório em Minas Gerais, na segunda metade do século XX: " A comensalidade nos velórios, ou seja, o que as pessoas comem, como comem e porque o fazem, também está relacionada a questões históric...

A Tacacazeira no Círio.

Desde a primeira vez que eu vi essa foto, fiquei encantada com ela. Hoje no domingo do Círio eu queria compartilhar sobre ela com todos vocês. O meu encantamento ocorre porque ela simboliza muito o Círio de Nazaré. É uma barraquinha de uma vendedora de tacacá,  no arraial de Nazaré, no ano de 1936. Na inscrição da imagem encontra-se assim: "As barraquinhas modestas mas frequentadas onde se acham as iguarias regionais" (1) Espalhadas pelo arraial de Nazaré, muitas barraquinhas como está eram  possíveis de se encontrar com venda de comidas regionais e também bebidas. Notem que a barraquinha está com muitos fregueses, uma das mulheres no canto direito prepara uma cuia de tacacá, muito concentrada no seu ofício. É possível também que se vendesse outros tipo de comida, uma maniçoba? Um vatapá? Um caruru? Isso é possível de se pensar já que a mulher do centro também vendedora segura um prato, o que nos leva a crer que seja outro tipo de comida, já que tacacá, se toma ap...

Caruru no Círio.

Você sabia que o Caruru era um dos pratos preferidos e muito procurado no arraial de Nazaré? E que ele estava presente em vários locais de comer? Desde a Barraca da Santa, restaurantes e barracas maus populares do arraial? E que você podia consumir três tipos diferentes de Caruru por aqui? Não? Então, vêm comigo para mais uma história das comidinhas do Círio. Na fotografia, temos um prato de Caruru paraense [ Já tenho por aqui uma série de textos sobre o Caruru,vou colocar o link nos stories]; o caruru paraense é elaborado com camarão seco salgado, alho, cebola, tomate, coentro, quiabo, pimentão verde, dendê, farinha de mandioca, sal e pimenta de cheiro. Geralmente, ele é servido com arroz, jambu e camarões grandespor cima. Era um dos pratos cuja oferta é sempre visível. E se tem oferta é porque tem procura. Por exemplo, na festa de Nossa Senhora de Nazaré, em 16 de outubro de 1941, o jornal Folha do Norte, informava aos seus leitores que no local onde foi a “FotografiaNaza...

Torta Maria Isabel.

Na fotografia temos uma belíssima Torta de cupuaçu [Também chamada de Torta Maria Isabel] uma das sobremesas certas no almoço do Círio de Nazaré. A Torta Maria Isabel, pode ser em dois sabores de frutas regionais: Bacuri ou cupuaçu. Elaborada com camadas de pão de ló intercalada com recheio de creme [de cupuacu ou bacuri] e coberta com coco e doce da fruta, era uma das delícias que compunham as sobremesas do almoço do Círio em Belém,  também podiam ser encontradas a venda no arraial de Nossa Senhora de Nazaré. Observem que no anúncio da Barraca da Santa, localizada no arraial de Nazaré, em 22 de outubro de 1927, lá estava a Torta de Bacury [A grafia daquela época era com Y mesmo] sendo comercializada ao lado de "Pudim de ameixas, Torta de Morango e sorvetes sortidos". A Torta de Bacury estava sendo vendida no valor de 1$000 réis a fatia. (1) Aliás,  as sobremesas de cupuaçu e bacuri não podiam faltar nesta epoca do ano. Alfredo Oliveira, em...

Maçã do amor.

Nas minhas memórias de criança, sobre o arraial de Nazaré,  nos idos dos anos 90, do século XX, sempre lembro das maçãs do amor. Eu já chegava no arraial, pedindo para mamãe ou minha tia que queria a bendita maçã do amor. Aqui, paraense deve ir ao menos um dia no arraial de Nossa Senhora de Nazaré,  ou não viveu realmente o Círio, a quadra Nazarena, sempre teve papel importante na vida do paraense. E se tem um "doce" que é  a cara do arraial de Nossa Senhora de Nazaré, em Belém, é a maçã do amor. Impossível para um paarense não ter uma única memória do arraial do Círio de Nazaré sem aquelas maçãs vermelhas comidas com corante vermelho e uma camada de confeito colorido, postas nos carrinhos de vendedores ambulantes, no entorno do arraial. Prontas para serem consumidas pelos frequentadores, promesseiros e romeiros do arraial. Muitas crianças e adultos já vinham para o arraial pensando nas famosas  e brilhantes maçãs do amor. Mas, você sabe qual ...

Círio de Nazaré: comidinhas.

Hoje o Círio de Nazaré tem data certa de acontecer, no segundo domingo de outubro, religiosamente. Mas, nem sempre foi assim. A procissão do Círio podia acontecer a cada ano em uma data diferente, inclusive, era comum que fosse realizada entre Setembro e outubro. Sobre essa realidade, em 1886, o Círio aconteceu em 31 de outubro de 1886. A diretoria da festa, naquele ano informava que "a transladação da Santa Virgem terá lugar no dia 30, às 7 horas da noite, da capella do colégio de N. S. do Amparo para a capella do palácio: o círio no dia 31 de outubro e a festa em 14 de novembro do correnre anno". A diretoria ainda, convidava "a todos os habitantes da capital e do intetior para acompanharem e assistirem todos estes actos" (1) O pastor Daniel Kidder, quando esteve no Pará no século XIX, assim descreveu o Círio de Nazaré " A maior festividade religiosa que se celebra no Pará é a de Nossa Senhora de Nazaré. É uma festa móvel que pode cair em Setembro...

Bolão de Milho Verde.

Sexta-feira com receita Histórica? Temos sim!  Aproveita que hoje é São João e faz esse Bolão de milho verde que é uma delícia!!! Na cozinha histórica do Daquilo que se come recriamos a receita do Bolão de Milho Verde da tia Anastácia. Que é sensacional. No vídeo, ainda trago outras receitas de bolos de milho ao longo da história. Além de curiosidades.  . . . 📽 Link  Aqui . . . 💬✍🏽 Então,  corre lá e experimenta fazer!!!Depois me diz o que achou da receita? Aqui em casa o bolo não durou "nadinha". . . . 📚✍️🏽 Referências.  🛎O conteúdo deste blog está protegido pela lei n° 9.610 datada de 19-02-1998. Ao utilizá-los, não se esqueça de dar os créditos.  #historiaealimentacao #recipes #daquiloquesecome #sidianamacêdo #foodhistory #comidacomhistoria #livrodereceitas  #bolo #book

Canjica de Milho em Manuel Querino.

Uma das receitas mais antigas de Canjica podemos encontrar na obra A arte culinária na Bahia, de Manuel Querino, a receita que vem lá da Bahia é uma receita de "Canjica de Milho Verde". O livro escrito na primeira metade do século XX,  somente foi publicado após sua morte é uma grande referência pra se entender a cozinha baiana daquela época. Através da Arte Culinária na Bahia , uma obra de referência para os estudiosos da temática podemos visualizar as práticas alimentares da Bahia de fins do século XIX  e início do XX (O livro, assim como o autor já foi tena de textos anteriores, "corre o feed pra baixo"). Pois bem, na receita de Manuel Querino a canjica é feita com cocos, espigas de milho, sal, leite de coco, açúcar, manteiga fina, água de flor de laranjeiras e água de erva doce e cravo. Por fim, já  fria " é polvilhada com canela em pó,  antes de ser servida". (1) O autor ainda nos conta que: " A mel...

Canjica parte II

Ainda sobre a canjica. Existe ao longo do Brasil, uma variação interessante sobre a canjica/munguzá/mingau de milho versus curau/canjiquinha. E essa variação muitas vezes acontece em cidades diferentes dentro de um mesmo estado. Isso nos permite pensar como alguns pratos têm termos plurais na sua escrita. E essa relação não acontece apenas na canjica, mas, com nomes de frutas, bolos, biscoitos e outros alimentos. A canjica/canjiquinha aqui em Belém é a versão ralada dos grãos de milho que gelada fica mais firme e bem amarela. Geralmente o munguzá ou mingau de milho é a versão que leva os grãos com consistência mais liquida e geralmente é branco(um tipo de mingau). Algumas pessoas descreveram para São Paulo que a versão descrita como canjica era por eles conhecida como o curau.  A canjica, já aparece sendo descrita pelo Padre Manoel da Fonseca, no século XVII, quando nos fala que: "canjica, (...) manjar tão puro, e simples que, além de água em q...

Canjica

Na semana de São João,  em que os quitutes juninos estão em alta, vamos começar com o nosso Glossário Paraense da Alimentação. E a palavra de hoje é: CANJICA. E ainda, segundo Raimundo Morais, a canjica é um "prato obrigado nas mesas da Planície pelo Natal e pelo São João.  Vai comer uma canjica lá em casa,  cunhado, depois da missa do galo, sim?". (1) A Canjica também aparece nos relatos de Jean-Baptiste Debret, entre os anos de 1816-1831, quando fazia viagens por Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás.  Nas palavras do autor: "Por isso, viajando-se numa estrada frequentada dessas regiões pode-se ter certeza de encontrar sempre milho seco para animais e canjica para restauração do viajante. Chama-se canjica uma sopa feita com uma espécie de milho branco, fervido no leite ou simplesmente na água com açúcar à qual, por requinte, acrescenta-se algumas gemas". (2) Já em São Paulo, Hércules Florença, no ano de 1825, nos arredores de Jundiaí, nos diz:" Aí tom...

Drácula [parte II]

Na segunda parte de meu texto com ilustração, literatura e alimentação, vamos passear pelo café da manhã de Jonathan Harker (Se você quiser saber mas, volte um post.) Na manhã seguinte,  Jonathan Harker "come mais páprica" ainda no Hotel Royale, ele nos conta que: "Comi mais páprica no café da manhã,  junto com uma espécie de mingau de farinha de milho que eles chamam de  Mămăligă e berinjela recheada com carne picada e temperada, prato delicioso chamado Impletata. (Nota: arranjar receita também) Tive que tomar meu café da manhã às pressas, pois o trem saía um pouco antes das oito". (1) Aqui o advogado Jonathan Harker descreve dois pratos o Mamaliga e a/o Impletata. A Mămăligă é o nome Romeno deste prato. O prato também é encontrado na Hungria, Croácia, Sérvia, Bulgária , Eslovênia entre outros países com nomes variados. É tido como um prato de origem camponesa. Jonathan descreve a mamaliga que provou mais mole como um mingau, mas, ela também tem sua v...

O livro "Drácula" e comidinhas.

Para quem estava sentindo falta dos nossos textos de literatura com ilustrações: hoje temos o Drácula! Quem não lembra das comidas descritas pelo advogado Jonathan Harker, em Drácula? O romance mundialmente conhecido, cuja primeira publicação foi pela editora Archibald Constable and Company (RU), datada do ano de 1897 e escrito pelo autor irlandês Bram Stoker. Drácula é uma das obras literárias de terror mais famosas da literatura. A obra foi responsável pela popularização sobre a temática  dos vampiros e toda interesse em torno deles. Os principais personagens são: o Conde Drácula, Jonathan Harker, Mina Harker, Abraham Van Helsing, Lucy Westenra, Knock entre outros. A história que se passa em parte na Inglaterra é também na Transilvânia, na década de 1890, século XIX. Tem início com o advogado inglês Jonathan Harker, indo ao encontro  do Conde Drácula para dar assistência jurídica numa transação imobiliária do Conde. É nesse encontro atrav...

Bolo Mãe Preta.

Sexta-feira com receita Histórica? Temos sim! O vídeo que está lá no canal desta semana recria a receita do "Bôlo Mãe Preta", do Livro da Tia Evelina, edição de 1948. 💡A ideia| Em 4 de fevereiro de 2019, dei início aqui no blog a um "desafio" muito saboroso: de realizar todas as receitas do Livro de Receitas da tia Evelina. ✔ O desafio| consistia em fazer, experimentar e comentar com vocês as receitas do livro "As receitas da tia Evelina", livro publicado no Brasil, cuja 5° edição  data de 1948. 📖 O livro da tia Evelina| tem mais de 500 páginas em capa dura e seu conteúdo versa sobre receitas doces e salgadas bem como cardápios de almoço e receitas pra jejum da Quaresma. 🛎 |Como estamos reproduzindo as receitas da mesma maneira que estão no livro,  optamos por manter o nome do bolo tal como foi publicado em 1948. . . . 📽  Vídeo aqui . . . 💬✍🏽 Então,  corre lá e experimenta fazer!!!Depois me diz o que a...

Ainda sobre a castanha-do-Pará

Na fotografia de Aranha, Wilson de Souza e Catharina Vergolino, sobre o Município de Manaus, no Amazonas temos os utensílios necessários ao ensacamento das castanhas para venda: Balança,  vasilha e sacos com castanhas. A castanha- do- Pará sempre teve uma importância salutar nas pautas de exportação,  seu fruto era muito apreciado no século XIX e ela tinha mercado certo. Um bom exemplo disso, foi o ano Em 1863, quando mais uma vez as localidades do Baixo Amazonas estavam entre as principais fornecedoras de castanha-do-pará para o abastecimento e consumo da capital. O Baixo Tocantins também manteve em alta sua exportação de castanha-do-pará para Belém. Vejamos a tabela I:                          Tabela I Quantidade de Castanha e sua origem que chegou à capital em 1863. Origem Castanha/alq. Tocantins. 18.164 alq. Santarém. 7.751 alq. Gurupá....

Castanha-do-Pará.

A árvore da Castanha-do-Pará é uma das maiores que temos na floresta. O pastor Daniel Parish Kidder, no ano de 1849, quando esteve no Pará, dizia que: "A castanha dá nos ramos frondosos de uma árvore gigante, a "bertholetia excelsa". Enquanto a fruta é nova- e não empedernida pelo tempo é verdadeiramente deliciosa".(1) Segundo Celestino Pesce, autor de "Oleaginosas da Amazônia", é "uma das maiores árvores da floresta  chegando a uma altura de 50m e possui trinco de 2m (ou mais) na base. As flores nascem em novembro, porém, somente depois de 14 meses seus frutos aparecem maduros, sendo a colheita feita de dezembro em diante, do ano sucessivo à floração". (2) O autor, ressalta ainda a importância do comércio do fruto do castanheiro-do-pará e do intenso trabalho dos coletores na época da colheita. Sobre o fruto ele nos diz que: "O fruto é um ouriço de 10 a 15 cm de diâmetro,  constituído por uma casca lenhosa muito dura, que somente...