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Ainda sobre a castanha-do-Pará

Na fotografia de Aranha, Wilson de Souza e Catharina Vergolino, sobre o Município de Manaus, no Amazonas temos os utensílios necessários ao ensacamento das castanhas para venda: Balança,  vasilha e sacos com castanhas. A castanha- do- Pará sempre teve uma importância salutar nas pautas de exportação,  seu fruto era muito apreciado no século XIX e ela tinha mercado certo. Um bom exemplo disso, foi o ano Em 1863, quando mais uma vez as localidades do Baixo Amazonas estavam entre as principais fornecedoras de castanha-do-pará para o abastecimento e consumo da capital. O Baixo Tocantins também manteve em alta sua exportação de castanha-do-pará para
Belém. Vejamos a tabela I:
                         Tabela I
Quantidade de Castanha e sua origem que chegou à capital em 1863.
Origem Castanha/alq.
Tocantins. 18.164 alq.
Santarém. 7.751 alq.
Gurupá. 5.423 alq.
Óbidos. 4.844 alq.
Alenquer. 3.978 alq.
Macapá. 2.098 alq.
Ilhas de Macapá. 1.953 alq.
Breves. 1.610 alq.
Oeiras. 1.508 alq.
Cairary. 1.200 alq. (1). Já no ano de 1867, quando foram despachados para o estrangeiro: portos de Inglaterra, Estados Unidos, França e Portugal cerca de 455.165$600 réis em castanha.(2) Em Itaituba, em 1861 se exportou 510 libras com um valor de 2.400$000 réis.255 Um ano depois vieram de Chaves para Belém dos municípios de Macapá e Breves cerca de 500 alqueires de castanha e ainda de Óbidos para Belém 936 alqueires, provenientes de Óbidos, Santarém, Prainha e Porto de Móz.256 Esse comércio com os interiores permaneceu entre 1870-1871 sendo exportados 1.554.541 kilos de castanha da terra.(3)No semestre entre junho e dezembro de 1873, foram exportados 720.454 quilos de castanha num valor de 96.852$760 réis. Em 1876, foram computados 1.842.289 1/2 quilos de castanhas.(4) Assim, fica evidente que no século XIX, havia um mercado de exportação bem dinâmico com relação a Castanha-do-Pará e que parte considerável do fruto tinha como destino portos estrangeiros. É bom também que se diga que a castanha era muito consumido em Belém e nas cidades dos interiores. Ou seja, parte da extração da Castanha-do-Pará ficava para consumo na Província.

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📚✍️🏽 Referências.
🛎O conteúdo deste blog está protegido pela lei n° 9.610 datada de 19-02-1998. Ao utilizá-los, não se esqueça de dar os créditos. 📸 Município: Manaus
Autor: Aranha, Wilson de Souza; Dias, Catharina Vergolino, 1928-
Título: Balança, vasilha e sacos com castanhas em Manaus (AM)
Local: Manaus. Ano: fev. 1965
Amazonas; Castanha-do-brasil; Manaus (AM) https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/
(1)Fonte: Relatório dos Negocios da Província do Pará. Dr. Couto de Magalhães Presidente de Província.
Pará. Impresso na Typ. de Frederico Rhossard. 1864.
(3)Relatório Presidente de Província Dr. Abel Graça. Em 15 de fevereiro de 1872. Pará. Typ. Diário do
Gram-Pará. Travessa de S. Matheus. Casa n. 20. pp. 30.
(2)(4) MACÊDO, Sidiana da Consolação Ferreira de. Do que se come: uma história do abastecimento e da alimentação em Belém, 1850-1900. São Paulo: Alameda, 2014. p, 101.






















































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