Ainda sobre a canjica.
Existe ao longo do Brasil, uma variação interessante sobre a canjica/munguzá/mingau de milho versus curau/canjiquinha. E essa variação muitas vezes acontece em cidades diferentes dentro de um mesmo estado. Isso nos permite pensar como alguns pratos têm termos plurais na sua escrita. E essa relação não acontece apenas na canjica, mas, com nomes de frutas, bolos, biscoitos e outros alimentos. A canjica/canjiquinha aqui em Belém é a versão ralada dos grãos de milho que gelada fica mais firme e bem amarela. Geralmente o munguzá ou mingau de milho é a versão que leva os grãos com consistência mais liquida e geralmente é branco(um tipo de mingau). Algumas pessoas descreveram para São Paulo que a versão descrita como canjica era por eles conhecida como o curau. A canjica, já aparece sendo descrita pelo Padre Manoel da Fonseca, no século XVII, quando nos fala que: "canjica, (...) manjar tão puro, e simples que, além de água em que se come, nem sal se lhe mistura."(1) Também para São Paulo, Spix e Martius, em 1818 nos falam que: "(...) é canjica igualmente preparada com o milho:e nunca falta ao jantar essa comida nacional aos paulistas. Põem-se de molho, na água, os grãos do milho secados em pilão tocado por água (...) depois são cozidos com água ou melado". (2) Pará Spix e Martius a presença sempre constante da canjica tem relação direta com o grande consumo de milho em São Paulo ele chega inclusive a dizer que: "A canjica, de cujo invento se ufana o paulista". (3) pelos relatos em São Paulo, a canjica era o "mingau" feito com grãos de milho e água. Aqui em Belém, para a versao de mingau feito com os grãos de milho, leite, coco e canela faz-se muito uso do termo Munguzá que como nos esclarece Vicente Salles, é herança africana. (4) Mas, também é uso comum Mingau de milho. Em outros lugares esse preparo recebe o nome de canjica. Por isso, terminei o texto de ontem perguntando: "E você de qual estado deste Brasilzão come canjica? De que forma? Me conta vai!"
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📚✍️🏽 Referências.
📸 1 Jufioroto. Download free.
https://pixabay.com/pt/photos/comida-canjica-brasileiro-milho-2681519/
📸 2 VetoNogueira. Download free.
https://pixabay.com/pt/photos/canjica-nordeste-canela-2066990/
🔖 Qualquer óbice em relação a imagem por favor nos avisar. Uso Educacional.
(1) Padre Manoel da Fonseca, Vida do venerável Padre Belchior de Pontes, da Companhia de Jesus da Província do Brasil, p, 55.
(2)(3) Johann Baptista von Spix e Carl Friedrich Philippe von Martius. Viagem pelo Brasil, vol. 1, p. 242.
(4) Salles, Vicente. Vocabulário Crioulo: contribuição do negro ao falar regional amazônico. Belém:IAP, Programa Raízes, 2003.
Existe ao longo do Brasil, uma variação interessante sobre a canjica/munguzá/mingau de milho versus curau/canjiquinha. E essa variação muitas vezes acontece em cidades diferentes dentro de um mesmo estado. Isso nos permite pensar como alguns pratos têm termos plurais na sua escrita. E essa relação não acontece apenas na canjica, mas, com nomes de frutas, bolos, biscoitos e outros alimentos. A canjica/canjiquinha aqui em Belém é a versão ralada dos grãos de milho que gelada fica mais firme e bem amarela. Geralmente o munguzá ou mingau de milho é a versão que leva os grãos com consistência mais liquida e geralmente é branco(um tipo de mingau). Algumas pessoas descreveram para São Paulo que a versão descrita como canjica era por eles conhecida como o curau. A canjica, já aparece sendo descrita pelo Padre Manoel da Fonseca, no século XVII, quando nos fala que: "canjica, (...) manjar tão puro, e simples que, além de água em que se come, nem sal se lhe mistura."(1) Também para São Paulo, Spix e Martius, em 1818 nos falam que: "(...) é canjica igualmente preparada com o milho:e nunca falta ao jantar essa comida nacional aos paulistas. Põem-se de molho, na água, os grãos do milho secados em pilão tocado por água (...) depois são cozidos com água ou melado". (2) Pará Spix e Martius a presença sempre constante da canjica tem relação direta com o grande consumo de milho em São Paulo ele chega inclusive a dizer que: "A canjica, de cujo invento se ufana o paulista". (3) pelos relatos em São Paulo, a canjica era o "mingau" feito com grãos de milho e água. Aqui em Belém, para a versao de mingau feito com os grãos de milho, leite, coco e canela faz-se muito uso do termo Munguzá que como nos esclarece Vicente Salles, é herança africana. (4) Mas, também é uso comum Mingau de milho. Em outros lugares esse preparo recebe o nome de canjica. Por isso, terminei o texto de ontem perguntando: "E você de qual estado deste Brasilzão come canjica? De que forma? Me conta vai!"
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📚✍️🏽 Referências.
📸 1 Jufioroto. Download free.
https://pixabay.com/pt/photos/comida-canjica-brasileiro-milho-2681519/
📸 2 VetoNogueira. Download free.
https://pixabay.com/pt/photos/canjica-nordeste-canela-2066990/
🔖 Qualquer óbice em relação a imagem por favor nos avisar. Uso Educacional.
(1) Padre Manoel da Fonseca, Vida do venerável Padre Belchior de Pontes, da Companhia de Jesus da Província do Brasil, p, 55.
(2)(3) Johann Baptista von Spix e Carl Friedrich Philippe von Martius. Viagem pelo Brasil, vol. 1, p. 242.
(4) Salles, Vicente. Vocabulário Crioulo: contribuição do negro ao falar regional amazônico. Belém:IAP, Programa Raízes, 2003.
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