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Mostrando postagens de janeiro, 2022

O Jantar de Babette.

"O jantar de Babette".  "Babette dispusera uma fileira de velas no centro da mesa; as pequenas chamas lançaram um fulgor sobre os casacos e vestidos pretos e sobre o único uniforme escarlate, refletindo-se nos olhos claros e úmidos". (0)Foi então,  tudo milimetricamente pensado para o jantar em homenagem ao pastor. O general Loewenhielm, um pouco desconfiado de seu vinho, deu um gole, sobressaltou-se, ergueu o copo primeiro até o nariz e depois na altura dos olhos e o pousou atônito. "Isto é muito estranho!", pensou. "Amontillado! E o melhor amortizado que já provei em minha vida". (...) tomou uma colherada de sopa, depois uma segunda colherada, e baixou a colher.  "Isto é incrivelmente estranho!", disse de si para si. "Pois sem dúvida estou tomando sopa de tartaruga... e que sopa de tartaruga!".(1) o jantar começou com um belo Amontillado, o qual, segundo Gomensoro "Diz-se do xerez de cor  escura, mais seco e...

A Festa de Babette.

E hoje vamos "revisitar" uma das obras mais maravilhosas de todos os tempos e que inclusive já foi pauta dos meus textos, o livro "A Festa de Babette", de autoria da escritora dinamarquesa Karen Blixen, transformada no filme em 1987 e com direção de Gabriel Axel. A história se passa no século XIX, em um vilarejo na costa da Noruega, "um braço longo e estreito de mar entre montanhas altas -chamado Berlevaag". (1) Numa noite de tempestade duas respeitadas senhoras irmãs, filhas de um pastor contratam uma parisiense recém-chegada como cozinheira: Babette. A mulher em questão era uma fugitiva do massacre da Comuna de Paris ocorrido em maio de 1871. E assim, "Numa noite chuvosa de junho, em 1871, a corda da campainha da casa amarelo foi puxada violentamente três vezes. As donas da casa abriram a porta para uma mulher robusta, morena, mortalmente pálida, com um pacote no braço". Babette que "sabe cozinhar" logo "adquiriu a ap...

Belém, 406 anos.

O vídeo feito no ano de 1957 e que está disponível no Chicago Film Archives, nos permite com riqueza de detalhes visualizar a dinâmica de práticas comum na cidade de Belém nos idos de 1957 e que permanecem até os dias atuais. A venda de legumes e diversos outros produtos alimentícios no entorno do Ver-o-peso e adjacências. No filme é possível ver a venda de limão, pimenta, quiabo e jerimun. Uma realidade nos chama atenção, na banquinha da venda existe uma quantidade e diversidade "pequena" sendo vendida, mas, essa forma é muito comum até os dias de hoje, barracas que vendem apenas laranjas, mamão ou temperos como pimentas, chicória, cheiro-verde e outros. Notamos também que os produtos são aqueles bem consumidos no cotidiano das casas. E qual casa em Belém ou no Pará não tem limão? Quase impossível pra quem não come nada com pitiú, (em breve falaremos do pitiú) limão na casa de paraense é tão importante quanto a farinha de mandioca. O vendedor enrola u...

Bares em Belém.

Você sabia que Belém já teve Theatro Bar? E que eles estavam espalhados por vários locais da cidade? Alguns funcionaram por décadas e eram famosos pelos espetáculos que ofereciam? Não sabia? Então, vem comigo conhecer um pouco mais desta História! A partir da primeira metade do século XX, a cidade de Belém passa a ter um número significativo de bares, que de acordo com os anúncios de jornais ofereciam aos seus clientes divertimento, alimentação e bebidas. Um exemplo disso é o Bar Paraense, ele era conhecido também como Theatho Bar e funcionava na antiga Avenida Independência, hoje Magalhães Barata. O theatro-bar fazia parte do complexo da Fábrica de Cerveja Paraense. Era descrito como um “agradável centro de diversões”, que, em 9 de janeiro de 1910, realizava sua festa artística, qualificada como um “espectaculo” segundo se anunciava na Folha do Norte. De acordo com a propaganda, o programa era “organizado de fórma a attrahir para alli grande número de apreciad...

Botequins em Belém.

A cidade de Belém ao longo de sua história contou com muitos botequins espalhados pelas suas ruas. À primeira vista, quase sempre eram lugares associados ao consumo de bebidas, sendo espaços geralmente procurados com a finalidade de se beber algo, mas que também podiam ter comida. Os botequins eram espaços plurais. Nesse sentido, esta seria uma realidade comum em outros lugares do Brasil. Algranti, analisando o Rio de Janeiro para primeira metade do século XIX, enfatiza que os botequins eram locais onde “tradicionalmente ocorria à venda de bebidas alcoólicas, podendo ou não haver também comércio de comida”.(1) Em Belém, entretanto, se muitos botequins serviam vinho, cachaça e pedaços de peixe salgado, talvez sendo menos comum a venda e consumo da carne seca, entre outros produtos, havia também algumas tabernas e “botequins baratos das ruas João Alfredo e adjacentes” que vendiam açaí, conforme relato dos viajantes Godinho e Lindenberg.(...

Grande Hotel- Belém 406 anos.

"Entre os hotéis da capital paraense, um dos mais importantes, deixando marcas na memória de várias gerações como exemplo de uma cidade e urbanidade que não existe mais, era justamente o Grande Hotel, que foi construído em 1913 por Ricardo Salvador Fernandes de Mesquita". (1) " Em anúncio ainda datado de 1949, o Grande Hotel descrevia parte de suas instalações, sendo possível por meio dessas informações compreender sobre seu funcionamento. Dispunha então de “quarto para moradia”, o que indica moradores mais permanentes ou fixos, bem como “quarto de solteiro com banho” e “quarto de casal com banho” acompanhados de refeição. O hotel também recebia fregueses para as refeições e não apenas os hospedes. Ofertando Breakfast simples, Breakfast completo, almoços a “La Carte” e “Table d‟Hôte”.(2) Havia, então, no horário de almoço duas formas de serviço e, portanto, de consumo: uma seria a La Carte, quando o cliente escolhia por meio do card...

Mercados e Feiras: Belém 406 anos.

Não se pode, contudo, falar de Belém sem falar de seus mercados e feiras. Uma vez que, elas eram importantes espaços de comércio e de socialização a começar pelo próprio Ver-o-Peso. Tais espaços, pela movimentação e pela circulação de pessoas também foram espaços de intensa dinâmica dos mais variados tipos de vendas, comércio e sujeitos sociais que todos os dias frequentavam tais espaços. Segundo Pinto, por volta de1952, além do Ver-o-Peso, havia outras feiras espalhadas pela cidade: em Batista Campos; na Bandeira Branca; na Pedro Miranda e no Guamá, entre Silva Castro e Pedreirinha do Guamá. O Departamento Municipal de Agricultura e Feiras-Livres, por sua vez, comercializava produtos de diversas regiões do Pará, como aqueles oriundos da zona da Estrada de Ferro de Bragança.(1)Ainda de acordo com Pinto, na década de 1950, a Prefeitura administrava 11 mercados públicos em Belém: o Mercado de Ferro (no Ver-o-Peso); Santa Luzia; Porto do Sal; Batista Campos; Mar...

Padarias em Belém.

Uma das marcas de Belém são suas padarias. Você sabia que a padaria Fortaleza do Humaythá é uma das mais antigas de Belém em funcionamento? E no mesmo local, na Travessa São Pedro ? Em 1916, ela já era descrita como uma das mais antigas de Belém. Naquela ocasião, a padaria pertencia a firma Santos & Mendes e produzia "diariamente para o consumo da manhã e da tarde, cêrca de 100 kilos de pão e 90 ditos de roscas e bolachinhas".(1) Naquela época para o fornecimento de tantos pães, roscas e bolachinhas a padaria contava com o trabalho de 5 funcionários. A cidade de Belém ao longo de seus 406 anos, teve várias padarias abertas todos os dias para vender pão, bem como biscoitos, roscas, manteiga e demais produtos. As padarias fazem parte da memória da cidade e de suas gentes. O memorialista Alfredo Oliveira, nos fala sobre a importância das padarias na cidade de Belém,  segundo o autor: "Belém é uma palavra árabe, que significa "Casa do Pão...

Belém, 406 anos!

“Das bancas de peixe frito e cachaça de Abaeté, das palmeiras e guarás cobrindo de cor no pretume das cuias pitingas, das tacacazeiras à tardinha, do camarão seco boiando no sumo de ouro da mandioca brava, do açaí e do tabuleiro de pupunha, do sorvete de bacuri e do doce de cupuaçu, do carinho de raspa-raspa, do olho de sogra e da tapioquinha de coco, do jambu e da alfavaca, da pimenta de cheiro e da chicória, do pato e da maniçoba, do casquinho de muçuã e da unha de caranguejo, do picadinho de tartaruga e do tamuatá cascudo, da pratiqueira e da piramutaba (...), do caribé do doente e do chibé com pirarucu de brasa”.(1)  A descrição de Belém é tão marcante na escrita do memorialista Alfredo Oliveira, que qualquer morador da cidade ao lê-la reconhece a Belém por ele descrita; a partir de seus costumes alimentares. Belém tem uma rica cultura alimentar assentada nas práticas ancestrais e que ao longo do tempo se configura como uma Cozinha Mestiça de sabores ún...

Venda de Tamales em Brownsville, Texas.

Na belíssima fotografia histórica, publicada na Revista Life, do fotógrafo Carl Mydans, do ano 1939, temos a venda de Tamales na praça do mercado de Brownsville, no Texas, Estados Unidos. A fotografia em preto e branco, retrata uma dinâmica da venda deste alimento de consumo ancestral pelos povos da Mesoamérica, (como já apontamos em textos anteriores). Nela é possível visualizarmos um carrinho de venda de tamales que lembra a estrutura de um barco, com rodas. A referida venda oferece aos sábados "especial de tamales de frango", o que nos permite entender que, talvez, os tamales de frango fossem os mais procurados e preferidos em relação aos outros sabores. Uma senhora, sentada num banco faz sua leitura enquanto espera seus fregueses. E aqui é importante dizer que a cidade de Brownsville, tem uma cultura alimentar baseada em hábitos hispânicos. Aliás,  a proximidade com o México e o fato de que grande parte dos moradores àquela época eram hispânicos, podem indica...

Viva- A vida é uma festa.

"Eu acho que você quer mais tamales... _Sí Ah, isso. É assim que se diz" Em nosso primeiro domingo com indicação de filme deste ano, vamos de Viva- A vida é uma festa. Um filme que tem indicação livre, e apesar de (a princípio ser para o público infantil) ele é uma delícia para todas as idades. Um filme que fala de família, sentimentos,  música, saudade daqueles que partiram e de como os membros de uma família podem exercer o perdão. É um filme que permite visualizarmos muitos costumes mexicanos, especialmente, aqueles referentes à alimentação e o dia dos mortos. É uma aula valiosa de cultura, Bruno Carmelo, em seu artigo, Viva - A Vida é uma Festa: A memória afetiva, nos diz que: " A história gira em torno de um garotinho apaixonado por canções, vivendo dentro de uma estrutura matriarcal onde a música é banida devido a um trauma: como o tataravô abandonou a esposa e os filhos pequenos para seguir a carreira de artista, a dor familiar foi deslocada do home...

Tamales Comida festiva.

Os tamales, alimento consumido por povos da Mesoamérica e que são e laborados à partir da farinha de milho e água, inicialmente com recheios salgados, embalados em folhas e cozinhados (Lembram em parte a pamonha, aqui no Brasil), são alimentos simbólicos, consumidos em festividades e alimento importante aos diversos povos indígenas da Mesoamérica muito antes do processo de colonização espanhola. Cristina Barros, em seu texto, "Tamales Ceremoniales" nos esclarece que os tamales eram alimentos oferecidos às divindades em agradecimento as boas colheitas. Nestas ocasiões, os "primeiros alimentos" que deveriam ser oferecidos eram justamente aqueles derivados do milho, já que o milho, era tido por povos da Mesoamérica como um alimento sagrado. Assim, " Por su gran importancia como alimento, el maíz ha sido considerado entre los pueblos originarios de México como una planta sagrada, desde la antigüedad hasta nuestros días. En algunas culturas hay incluso...

Tamal ou Tamales.

Você sabia que os Tamales são um alimento festivo? Presente nas festas de fim de ano? E ainda, um alimento cujas origens datam de muito antes ao processo de colonização? Tamales ou Tamal é um alimento originário dos povos indígenas da América Central. Já existem registros sobre seu consumo em eventos festivos entre o período de 1200 a 250 a.C. A imagem reproduzida aqui faz parte do "Florentine Codex", mostra o consumo de tamales depois da penitência  de Huitzilopochtli. O códice Florentino é formado por doze livros, aos cuidados de Bernardino de Sahagún, no século XVI, eles retratam parte da vida dos astecas antes do processo de colonização. Era portanto, um alimento consumido antes mesmo das tortillas, as quais, que segundo Darío Aguilón "pues los primeros indicios de su elaboración datan de 900 años d. C".(1) Nesse sentido, "El tamal está claramente presente en la alimentación de las culturas mesoamericanas, mucho antes que la tortilla, donde la p...

Depois do Café da Manhã.

Primeiro domingo do Ano Novo com essa pintura belíssima, da artista Elin Danirlson-Gamboji, de 1890, intitulada "depois do café". A tela demonstra bem as características das pinturas da autora finlandesa, uma das mais conhecidas e respeitadas de sua época. Foi uma das primeiras pintoras mulheres que ganhou dinheiro com sua arte e viveu de sua obras. A pintura, traduz ente outras coisas a mulher que após o seu café resolve tirar um momento pra si. Assim, "After Breakfast’ seems like an act of rebellion: a young woman blowing smoke over the remains of her breakfast, refusing to rush off and do whatever tasks lie in wait. It was painted in 1890 yet it feels so modern; the woman is carving out time for herself, demonstrating an independence and assertion that we usually don’t associate with women of that time". (1) Através dela podemos visualizar alguns hábitos de fins do século XIX. O café da manhã composto de chá,  ovos, torradas, café. Além das porcelanas...

Ano Novo Japonês: Osechi Ryori

O Ano Novo está totalmente associado às comidas e bebidas que simbolizam fartura, boas novas e refletem os desejos de alegrias ao ano que se inicia. No Brasil,  tem alguns hábitos bem conhecidos como arroz com lentilha, as uvas, maçã entre outros. E vamos terminar este ano falando sobre comida do ano Novo Japonês. O Ano Novo Japonês, dura em torno de três dias, é denominado de Oshougatsu, a passagem entre 31 de dezembro até 3 de janeiro. No Japão,  o costume alimentar de Ano Novo é o Osechi Ryori. Você conhece o Osechi Ryori? É uma refeição feita no dia anterior e servida em caixas e no formato que se assemelham ao bentô. São simbólicas e exprimem os desejos das pessoas. Segundo Silvia Kawanami, " A tradição do Osechi Ryori teve início no período Heian (794-1185) tornando-se uma comida típica do Oshougatsu no Japão. Os alimentos são colocados artisticamente em uma caixa de madeira laqueada e decorada chamada Jūbako. Como não pode cozinhar na...