Pular para o conteúdo principal

Tamales Comida festiva.

Os tamales, alimento consumido por povos da Mesoamérica e que são
elaborados à partir da farinha de milho e água, inicialmente com recheios salgados, embalados em folhas e cozinhados (Lembram em parte a pamonha, aqui no Brasil), são alimentos simbólicos, consumidos em festividades e alimento importante aos diversos povos indígenas da Mesoamérica muito antes do processo de colonização espanhola. Cristina Barros, em seu texto, "Tamales Ceremoniales" nos esclarece que os tamales eram alimentos oferecidos às divindades em agradecimento as boas colheitas. Nestas ocasiões, os "primeiros alimentos" que deveriam ser oferecidos eram justamente aqueles derivados do milho, já que o milho, era tido por povos da Mesoamérica como um alimento sagrado. Assim, "Por su gran importancia como alimento, el maíz ha sido considerado entre los pueblos originarios de México como una planta sagrada, desde la antigüedad hasta nuestros días. En algunas culturas hay incluso un dios del maíz, muchas veces dual; por ejemplo, entre los mexicas Centéotl era el dios del maíz maduro, y Chicomecóatl, la diosa. En la tradición mesoamericana –cuya raíz es agrícola– a las deidades se les pide y se les agradece a través de ofrendas que suelen ser productos cultivados, alimentos cocinados o bebidas. Entre los primeros alimentos que debieron prepararse con maíz estuvieron sin duda los atoles y los tamales". (1) Barros pontua ainda que essas primeiras massas de tamales deveriam ser feitas de farinha de milho misturadas com água, envoltas em folhas e cozidas. (2) Dentro desta perspectiva, Linda Civitello nos aponta que: "the Aztecs also worshiped the god of fire who lived among three other gods, represented by three stones on the hearth where all the cooking was done. Much of today’s Mexican cooking equipment and the food cooked on it are directly descended from the Aztecs". (3) Ou seja, o ato de cozinhar para os Astecas estava associado simbolicamente as divindades. Os tamales, portanto, como um alimento oferenda. E que continuam tendo em parte essa característica na atualidade já que segundo a autora, os tamales ainda hoje: "continúan siendo una ofrenda frecuente en las ceremonias relacionadas con el ciclo agrícola del maíz, aunque también hay tamales especiales para momentos del ciclo de vida, para bendecir una casa o para otras ceremonias. Se trata de una muestra más de continuidad cultural".(4) Os tamales como alimento oferenda importante e presente em datas e momentos importantes da vida das famílias e das pessoas no Mexico. Na imagem, intitulada ofrendas de tamales y carne, presente no Códice Florentino, do século XVI, é possível ver os tamales como oferendas. Aliás, os tamales com recheio de carne tem consumo até os dias de hoje. Esther Katz, fala sobre o consumo de tamales de carne pelos Mixtecos nas décadas de 80, do século XX que: "(...) a carne é um alimento de prestígio consumido, sobretudo nas festas, em forma de caldo, tamales (um tipo de pamonha)". (5)
.
.
.
📚✍🏽 Referências.
📸 Ofrendas de tamales y carne. Códice Florentino, lib. IV, f. 69v. Digitalización: Raíces.
https://arqueologiamexicana.mx/mexico-antiguo/tamales-ceremoniales
🔖Qualquer óbice por favor nos avisar. Uso Educacional.
(1)(2)(4)Barros, Cristina, “Tamales ceremoniales ”, Arqueología Mexicana, núm. 168, pp. 73-76.
Hoyer, Daniel and Snortum, Marty Tamales , p. 8. Gibbs Smith, 2008. ISBN 1-4236-0319-2
(3) Civitello, Civitello, Linda. Cuisine and culture : a history of food and people / Linda Civitello. — 2nd ed. 2008, p.105.
(5) Esther Katz, Alimentação Indígena ma América Latina: Comida Invisível, Comida de pobres ou patrimônio culinário? Espaço Ameríndio, Porto Alegre, v.3, n 1,p. 25-41, jan/jun. 2009, p  . 29.




 

 

 

 

 

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A bolacha preta.

Bom Dia! Em fins da década de 80, fazíamos as famosas viagens de carro, no meu caso era de caçamba mesmo,  meu pai que é do Rio Grande do Norte, levava toda a família pra visitar a família dele e íamos felizes daqui do extremo Norte para o Nordeste. Lembro que nas viagens, em especial, na volta mamãe trazia uma boa reserva de Bolacha Preta, que eu vinha degustando e que tanto adoçavam minha viagem e meu paladar. Eram dias muito felizes e saborosos! Na última viagem que minha mãe fez, eu pedi que me trouxesse a dita bolacha, queria matar a saudade gustativa. A sorda é um popular e tradicional biscoito originário do nordeste brasileiro. Feito de uma massa composta de trigo, mel de rapadura e especiarias, tais como cravo, canela e gengibre. É fabricado artesanalmente ou industrializado por fábricas panificadoras em quase todos os estados do nordeste brasileiro, sendo muito consumido na área do sertão. Conhecido também em algumas localidades por bolacha preta, vaca pr...

É CARNAVAL.

Na pintura de Debret temos uma imagem do Carnaval  ou como era chamado no século XIX, de Dia d'entrudo. O dia d'entrudo que começava no domingo e seguia-se nos três dias gordos, era dia de festa em que os brincantes se jogavam "limões "cheios de água perfumada. A cena se passava no Rio de Janeiro, no ano de 1823. Segundo Debret: " O carnaval no Rio e em todas as províncias do Brasil não lembra, em geral, nem os bailes nem os cordões barulhentos de mascarados que, na Europa, comparecem a pé ou de carro nas ruas mais frequentadas, nem as corridas de cavalos xucros, tão comuns na Itália. Os únicos preparativos do carnaval brasileiro consistem na fabricação dos limões-de-cheiro, atividade que ocupa toda a família do pequeno capitalista, da viúva pobre, da negra livre que se reúne a duas ou três amigas, e finalmente das negras das casas ricas, e todas, com dois meses de antecedência e à força de economias, procuram constituir sua provisão de cera. O limão-...

Quadrados Paulista.

Olá, leitores! Essa receita é daquelas que é sensacional, veja bem: eu coloquei dois conceitos no meu livro um M/ DE MARAVILHOSO E UM E/excelente de tão boa que é!Façam, hoje mesmo :) sem palavras para descrever a tal gostosura. Quando fiz e provei essa receita, entendi que o livro Dona Benta tem raridades únicas e me questionei como aquela blogueira fazia duras críticas ao livro? Por que a minha experiência com ele a cada receita tem me deixado mais maravilhada, só posso pensar que a pessoa não deva entender muito da grandiosidade que é um livro que por gerações vem fazendo parte da cozinha de tantas pessoas...Enfim, vamos a receita: Quadrados Paulistas: p. 829. Ingredientes: Massa: 1 xícara chá de manteiga. 2 xícaras chá de açúcar. 2 xícaras chá de trigo. 1 colher de chá de fermento. 1/2 xícara de leite. 4 ovos separados. Glacê: Açúcar. Água ou sumo de laranja. Modo de Fazer: passo-a-passo:  Bata a manteiga com o açúcar, junte as gemas,...