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Viva- A vida é uma festa.

"Eu acho que você quer mais tamales...
_Sí
Ah, isso. É assim que se diz"
Em nosso primeiro domingo com indicação de filme deste ano, vamos de Viva- A vida é uma festa. Um filme que tem indicação livre, e apesar de (a princípio ser para o público infantil) ele é uma delícia para todas as idades. Um filme que fala de família, sentimentos,  música, saudade daqueles que partiram e de como os membros de uma família podem exercer o perdão. É um filme que permite visualizarmos muitos costumes mexicanos, especialmente, aqueles referentes à alimentação e o dia dos mortos. É uma aula valiosa de cultura, Bruno Carmelo, em seu artigo, Viva - A Vida é uma Festa: A memória afetiva, nos diz que: "A história gira em torno de um garotinho apaixonado por canções, vivendo dentro de uma estrutura matriarcal onde a música é banida devido a um trauma: como o tataravô abandonou a esposa e os filhos pequenos para seguir a carreira de artista, a dor familiar foi deslocada do homem para o seu outro objeto de paixão, no caso, a arte". (1) Assim, "É belíssimo o modo como o filme conjuga espiritualidade e cultura mexicana sem pregar a verdade única da religião, nem o didatismo da importância cultural". (2) O filme emociona quem assiste, em algumas cenas, a emoção literalmente transborda em lágrimas nos olhos. As músicas são parte importante da história contada, especialmente, a música "Lembre de mim" que toca profundamente quem ouve, pela relação entre pai e filha, que vai além do tempo e que de maneira tão primorosa o diretor Unkrich consegue transmitir. Nesse sentido, Carmelo enfatiza que: "(...) a bela canção-tema se chama “Lembre de Mim”, destacando o papel da memória na manutenção do afeto. Esse é um atalho fundamental encontrado pela história: ao invés de sugerir que o amor pela família passa obrigatoriamente pela presença física ao lado o amor se encontra na lembrança de quem cuidou de nós". (3) A comida está presente desde as primeiras cenas,  os alimentos que se preparam com tanto cuidado no dia-a-dia da família  e também no dia dos mortos, tem o papel também de reunir a família. A exemplo, a cena em que os tamales, que a abuela de Miguel quer que ele coma em grandes quantidades. Mas, podemos entender a música e a alimentação como pontos importantes na história. Assim, Ricardo Frugoli, Mirian Rejowski, Leila Cobuci nos falam que: "Para o mexicano o dia dos Mortos é o único dia em que os mortos retornam à terra. Então as famílias se preparam para recebê-los, cozinhando seus pratos favoritos e outros preparativos para guiá-los em seu caminho de volta".(4) E ainda, "além das comidas e bebidas preferidas montam as chamadas ‘oferendas’, que são espaços decorados com flores, santos, retratos, objetos favoritos e tudo que possa agradar e homenagear os mortos".(5) A comida com todos os seus símbolos e que agrega a família, amigos e simbolicamente aqueles que partiram. E você? Já viu o filme? Me conta!
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📚✍🏽 Referências.
📽 Filme: Viva – A Vida É uma Festa
Livre: 2017 ‧ Infantil/Aventura ‧ 1h 45m
Data de lançamento: 4 de janeiro de 2018 (Brasil), Diretores: Adrian Molina, Lee Unkrich, Música: Michael Giacchino
Prêmios: Oscar de Melhor Filme de Animação, Prêmio Globo de Ouro: Melhor Filme de Animação.
(1)(2)(3) Viva - A Vida é uma Festa: A memória afetiva, por Bruno Carmelo.
https://www.adorocinema.com/filmes/filme-206775/criticas-adorocinema/
(4)(5)Ricardo Frugoli, Mirian Rejowski, Leila Cobuci. Dia dos Mortos no México: comemoração, comensalidade e espetacularização. X Fórum internacional de turismo do Iguassu, Paraná, Brasil, 2016. 

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