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Pesar no boticário.

Pesar, medir e quantificar não era uma atividade exclusiva de alimentos. O uso de balança e de medidas métricas também esteve presente ao longo da história da Metrologia nos boticários. Aliás, o boticário surge como uma das lojas que cresceram naquilo que Braudel entende como " a evolução econômica" que "fabrica outras formas de lojas especializadas" e assim, "Pouco a pouco, vão-se distinguindo os lojistas que vendem por peso: os merceeiros; os que vendem por metro; os comerciantes de tecidos ou os alfaiates; os que vendem por peça (...)". (1) São portanto, "lojas à parte, favorecidas pelo desenvolvimento dos "serviços", as do boticário, as casas do penhor, do cambista, do banqueiro (...) (2)
No afresco, que está localizado no castelo de Issogne no Vale de Aosta, na Itália, construído provavelmente no final do século XV. Na imagem, provavelmente pintada no início do século XVI aparece uma farmácia, observem que existem prateleiras na parte de detrás vários potes e ânforas e outros elementos que compõem o ofício do boticário. No canto a esquerda, tem um homem com uma espécie de caderno, no centro da cena em cima do balcão existe uma balança, utilizada para vender os remédios e fórmulas, mas, também para elaborar os remédios em quantidades exatas, afinal uma grama a mais ou menos poderia significar a diferença entre saúde e doença; vida ou morte. Um homem faz o atendimento a um freguês. No canto a direita temos um outro homem que com um pilão nas mãos está moendo algo. Estaria ele fazendo fórmulas Provavelmente. Uma típica cena do século XV e XVI. Uma típica cena da economia vigente aquela época. E aqui não podemos esquecer da linha tênue entre remédios e alimentação, já que como nos esclarece a historiadora Wanessa Nadler, "A história da alimentação esteve sempre intimamente atrelada à história da medicina e, mais especificamente à história da dietética". (3) E desta forma, "a comida como construtora que conjuga saúde e prazer nunca deixou de existir". (4) Mas, é verdade que esse é tema riquíssimo para muitos outros textos.
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📚✍🏽 Referências.
📌 Lembramos que se você faz uso dos meus textos, peço que dê os créditos e faça a citação. Afinal, aí reside a riqueza da literatura bibliográfica: a sua diversidade de obras.
📸 Sergio Zeiger. Pinterest. 🔖 Qualquer óbice em relação a imagem por favor nos avisar.
(1)(2) Braudel, Fernand. Braudel, Fernand. Civilização material, economia e capitalismo séculos XV-XVIII. Os jogos das trocas. Tradução Telam Costa. São Paulo: Martins Fontes, 1995. p, 51.
(3) Nadler, Wanessa Asfora. Alimentação é dietética: apontamentos sobre uma antiga relação. p, 21; 45. 

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