Pular para o conteúdo principal

Glossário Paraense da Alimentação: Arabú.

E hoje vamos de Glossário da Alimentação Paraense. E a palavra de hoje é Arabú, segundo A. J. Sampaio é: "Arabú  (Amaz.); pirão de ovos de tartaruga, tracajá ou outro quelônio, com farinha e açucar; vide também abunã, para comparar". (1)Ela também pode ser conhecida como "abunã (Amazonas): comida feita de ovos de quelonios (tartaruga, tracajá, muçuan, mucanguê (?), arapuçá (?)". (2). Ou ainda, como Mujangué. O arabú ancestral é elaborado por grupos indígenas da Amazônia e foi um alimento muito consumido pelos seringueiros no Acre. Nesse sentido, como nos esclarecem Alyne Brandão e Edinauro Braga, do Jirau de Notícias que: "O convívio dos seringueiros com índios proporcionou a incorporação desse costume, mas acrescido de um toque especial: raspas de limão para disfarçar o forte cheiro dos ovos". (3)E ainda, o prato era feito sempre nas épocas da desova dos ovos de tartarugas e tracajás, com o tempo, o desuso dos ovos destes animais e o gosto pela merenda fez com que houvesse adaptação aos ovos de galinha e assim ser consumido sempre que a vontade/ necessidade pedia. Mas, sobretudo, o arabu como um prato de resistência a fome e as épocas de carestia, assim como nos aponta os autores: "O prato servia como uma alternativa de alimentação frente à escassez de alimentos que havia especialmente no interior. (...) era uma receita muito apreciada pelo pessoal do seringal".(4)
.
.
.
💬 E você? Já conhecia o Arabú? Já provou? Me conta.
.
.
.
📚✍🏽 Referências.
(1)(2)A.J. SAMPAIO, A Alimentação Sertaneja e do interior da Amazônia. Companhia Editora Nacional. Rio de Janeiro, 1944, p. 201; 207-208.
(3)(4) Alyne Brandão e Edinauro Braga. Comida tradicional acreana: Mujangué ou Arabu.
https://jiraudenoticias.wordpress.com/2017/03/30/comida-tradicional-acreana-mujangue-ou-arabu/
Acessado em 2 de janeiro de 2022. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A bolacha preta.

Bom Dia! Em fins da década de 80, fazíamos as famosas viagens de carro, no meu caso era de caçamba mesmo,  meu pai que é do Rio Grande do Norte, levava toda a família pra visitar a família dele e íamos felizes daqui do extremo Norte para o Nordeste. Lembro que nas viagens, em especial, na volta mamãe trazia uma boa reserva de Bolacha Preta, que eu vinha degustando e que tanto adoçavam minha viagem e meu paladar. Eram dias muito felizes e saborosos! Na última viagem que minha mãe fez, eu pedi que me trouxesse a dita bolacha, queria matar a saudade gustativa. A sorda é um popular e tradicional biscoito originário do nordeste brasileiro. Feito de uma massa composta de trigo, mel de rapadura e especiarias, tais como cravo, canela e gengibre. É fabricado artesanalmente ou industrializado por fábricas panificadoras em quase todos os estados do nordeste brasileiro, sendo muito consumido na área do sertão. Conhecido também em algumas localidades por bolacha preta, vaca pr...

É CARNAVAL.

Na pintura de Debret temos uma imagem do Carnaval  ou como era chamado no século XIX, de Dia d'entrudo. O dia d'entrudo que começava no domingo e seguia-se nos três dias gordos, era dia de festa em que os brincantes se jogavam "limões "cheios de água perfumada. A cena se passava no Rio de Janeiro, no ano de 1823. Segundo Debret: " O carnaval no Rio e em todas as províncias do Brasil não lembra, em geral, nem os bailes nem os cordões barulhentos de mascarados que, na Europa, comparecem a pé ou de carro nas ruas mais frequentadas, nem as corridas de cavalos xucros, tão comuns na Itália. Os únicos preparativos do carnaval brasileiro consistem na fabricação dos limões-de-cheiro, atividade que ocupa toda a família do pequeno capitalista, da viúva pobre, da negra livre que se reúne a duas ou três amigas, e finalmente das negras das casas ricas, e todas, com dois meses de antecedência e à força de economias, procuram constituir sua provisão de cera. O limão-...

Quadrados Paulista.

Olá, leitores! Essa receita é daquelas que é sensacional, veja bem: eu coloquei dois conceitos no meu livro um M/ DE MARAVILHOSO E UM E/excelente de tão boa que é!Façam, hoje mesmo :) sem palavras para descrever a tal gostosura. Quando fiz e provei essa receita, entendi que o livro Dona Benta tem raridades únicas e me questionei como aquela blogueira fazia duras críticas ao livro? Por que a minha experiência com ele a cada receita tem me deixado mais maravilhada, só posso pensar que a pessoa não deva entender muito da grandiosidade que é um livro que por gerações vem fazendo parte da cozinha de tantas pessoas...Enfim, vamos a receita: Quadrados Paulistas: p. 829. Ingredientes: Massa: 1 xícara chá de manteiga. 2 xícaras chá de açúcar. 2 xícaras chá de trigo. 1 colher de chá de fermento. 1/2 xícara de leite. 4 ovos separados. Glacê: Açúcar. Água ou sumo de laranja. Modo de Fazer: passo-a-passo:  Bata a manteiga com o açúcar, junte as gemas,...