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Vegetarianismo.

No texto anterior falei brevemente sobre como o vegetarianismo é um movimento antigo e de "raízes" profundas dentro das sociedades [ Se você quiser ler, volta um post]. O debate sobre o vegetarianismo ao longo do século XVIII, foi tema de inúmeras pautas e discussões dentro da sociedade, gerando associações e sociedades em prol do vegetarianismo.
Como nos esclarecem Márcia Pimentel Magalhães & José Carlos de Oliveira, "No final do século XVIII ocorreu um movimento vegetariano promovido por médicos, comerciantes e escritores de religiões diversas e de estrutura econômica média".(1) Tal "movimento" permitiu em vários países da Europa, no século XIX e XX, o aparecimento de sociedades e associações veganistas. A exemplo, da The Vegetarian Society, em Northwood Villa, Ramsgate, Kent na Inglaterra, em 1847. (2) E ainda, "(...)a Sociedade Vegana em 1944. Donald Watson (1910- 2005) formou um grupo denominado “Grupo dos produtos não lácteos”, lançando em 1944 seu próprio jornal “The Vegan News” a Sociedade Vegana em 1945". (3) Destas sociedades, uma das nais antigas foi a Sociedade Vegetariana de Portugal, fundada em 1911, na cidade do Porto. Em parte, tais movimentos surgiram no contexto de novas sensibilidades, mas, importante dizer que um dos propulsores do vegetarianismo foi sem dúvida a necessidade de consumir mais verduras e frutas em épocas de racionamento de carne/alimentos em virtude das guerras. E nesse sentido, os Estados Unidos, durante a Segunda Guerra Mundial, promoveram campanhas muito bem estruturadas para a criação dos "Garden Victory". Em panfletos e cartazes o Departamento de Agricultura promovia de certo modo o veganismo através da criação pelas famílias dos jardins e hortas centrados na produção de verduras e frutas. A exemplo, do cartaz divulgado em 1943, pelo Departamento de Agricultura Americano.
Nele toda a família vestidos e com instrumentos certos para "Plant a Garden for Victory", caminham felizes.(4) Nessa perspectiva, Jeremias Johnson, nos esclarece que: "Durante a Segunda Guerra Mundial, o jardim Victory foi recomendado pelo Departamento de Agricultura dos EUA (...) para plantar os seguintes vegetais:Espinafre, Acelga ou CouveparaVerduras; Repolho; Alface; Tomates; GrãosdeSoja; Feijãoinstantâneo; FeijãoLima; Ervilhas; Espargos; Cenouras; Beterraba; Nabos; Parsnips; Cebola; Morangos; Framboesas; Rabanetes; Pimentas; Cebola;
Feijão Vara".(5) Portanto, os jardins de Vitória, incentivavam o consumo de frutas e vegetais e ao incentivar o manejo através de cartilhas de como plantar e cultivar também permitiam que numa necessidade de fuga as famílias pudessem levar as sementes cultivadas com elas. E você conhecia ess história?
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📚✍️🏽 Referências.
(1)(2)(3)Veganism: historical aspects
Veganismo: aspectos históricos. Márcia Pimentel Magalhães & José Carlos de Oliveira. Programa de Pós- graduação em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro.Instituto de Nutrição Josué de Castro, Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Recebido: 4/12/2019 Aceito: 8/12/2019. Revista Scientiarum Historia, 2019, v.2.
(4) (5)Jeremias Johnson. Jardinagem durante tempos difíceis: como iniciar um jardim de Vitória. Este artigo foi originalmente publicado no Ready Nutrition ™ em 16 de abril de 2016. In:
https://i0.wp.com/readynutrition.com/wp-content/uploads/2016/04/Victory-Garden-2.jpg?ssl=1




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