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A Pupunha.

Estamos na época da pupunha.  Nas feiras e barracas, os cachos de pupunhas fazem gosto de ver. A safra da pupunha vai de novembro até junho e segundo Paulo Cavalcante: "O clímax da safra está nos meses de março e maio". (1) [Eu já falei da pupunha por aqui, vou deixar o link de outro texto nos stories]. Antônio Ladislau Monteiro Baena, fala em "Popunha: palmeira, que produz cachos de frutas com pequeno caroço umas, e outras sem ele. São oleosas, e come-se cozidas".(2)
A pupunha era assim denominada por populações indígenas, que segundo Celestino Presco, seria uma derivação de "pipinha, de pipele,  pinha, brasa e, com efeito, os frutos desta variedade têm o epicarpo da cor de uma brasa".(3) E ainda, "A massa carnosa, amilácea e gordurosa, depois de cozida é muito gostosa e, por isso, este fruto é muito procurado pelas populações do Pará  e Manaus, que o usam como alimento. Estes frutos são vendidos já cozidos nas ruas de Belém e Manaus". (4) Sobre a venda nas ruas Lenadro Tocantins nos fala que antigamente  pelo ver-o-peso era possível encontrar: "Meminos vendendo pupunha, fruto que a gente gosta de mastigar na rua (...)". (5) Hoje ainda é possível ver vendedores de pupunha cozida espalhados pelo centro comercial e próximo das feiras e mercados. Para cozinhar a pupunha você lava bem o cacho, coloca numa panela funda com água [a água deve cobrir todas as pupunhas] e sal. Leva ao fogo por cerca de 50 a 60 minutos. [Eu tenho uma dica que minha mãe me deu para saber se estão boas, com ajuda de um garfo eu dou uma leve "sacudida" no cacho, se a pupunha cair, é porque está no cozimento certo]. Depois é só servir com uma xícara de café preto fumegante...
[Amanhã eu te conto outras possibilidades de consumo da pupunha...]
E você? Já provou pupunha?
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📚✍️🏽Referências.
✍️🏽 Deixo meu registro de agradecimento a Raíssa Martins pelas pupunhas deliciosas com que ela me presenteou. ❤️
📸🎥 Arquivo pessoal da autora, Belém,  janeiro de 2023.
🛎O conteúdo deste blog está protegido pela lei n° 9.610 datada de 19-02-1998. Ao de utilizá-los, não se esqueça de dar os créditos.
(1) CAVALCANTE. Paulo B. Frutas comestíveis da Amazônia. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi; Companhia Souza Cruz, 1998, p, 196.
(2) Baena, Antônio Ladislau Monteiro. Ensaio corográfico sobre a provincia do Pará. 1 reimpressão.  Brasília:Senado Federal, Conselho Editorial, 2014. p, 54.
(3)(4)Pesce, Celestino. Oleaginosas da Amazônia. 2 ed. Rev e atual. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi. Núcleo de Estudos Agrarios e desenvolvimentorural, 2009. p, 118.
(5) TOCANTINS, Leandro. Santa Maria de Belém do Grão-Pará. Belo Horizonte: Itatiaia, 1987, p, 330. 

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