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Mantas de Pirarucu.

Na fotografia temos mantas de pirarucu. [E quem quiser saber um pouquinho mais sobre, rola o feed] A manta de peixe segundo Armando Mendes são: "(...) Peças Largas, sêcas ao sol. Póstas :  "Manta de pirarucú". (1) Às mantas são postas do pirarucu salgado que já estava  beneficiado para exportação. O processo de salgamento do pirarucu é descrito por José Veríssimo, em sua monografia intitulada "A Pesca na Amazônia", datada do final do século XIX. [Aliás, essa é uma leitura fundamental para os estudiosos do tema]. Segundo Veríssimo,
"Abrem-no pelo peito e retalham-lhe longitudinalmente as costas, do tronco onde prende a cabeça á extremidade da cauda, e assim o reduzem a bandas ou
mantas, como as do pirarucú ou do bacalháo . Ali mesmo as salgam e seccam, estendidas sobre a tolda, dependuradas de varas atravessadas entre os mastros, pendidas das enxarcias e cabos, nos bancos e bordas da embarcação , ao sol ardente daquelles climas".(2) Às mantas de pirarucu eram então exportadas para consumo. É bom lembrar que no século XIX e primeira metade do século XX, o pirarucu salgado e seco era o mais comum a ser comercializado,  pois, tinha uma durabilidade maior. Em Belém,  o pirarucu do tipo salgado e seco em mantas era o que mais aportava para consumo. Inclusive, o produto era tão importante [comercialmente falando] que o preço era tabelado. Por exemplo, no ano de 1870, o kilo do pirarucu salgado e seco estava tabelado em 527 réis. No mesmo dia e ano, no Manifesto dos portos, havia aportado pelo vapor Arary, de "Manáos, Serpa e Villa Bella", 2.945 arrobas de pirarucu. (3) Um valor considerável alto para um único dia. E você já provou pirarucu salgado? Qual tua receita preferida?
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💬 To be continued...
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📚✍️🏽Referências.
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(1) Mendes, Amando.Título:Vocabulário amazônico : Estudos. 1942. 153 pág. São Paulo: Sociedade Impressora Brasileira (Brusco & Cia.). Prefácio de Plinio Ayrosa
Apresentação de Menotti del Picchia.
http://www.etnolinguistica.org/biblio:mendes-1942-vocabulario, p, 62.
(2) José Veríssimo, A pesca na Amazônia. Universidade Federal do Pará, 1970. p, 95. 

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