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Urucum Bixa Orellana.

O urucu/urucum era muito utilizado cono tempero nas comidas [Já falei sobre o uso como condimento e se você quiser saber mais, leia os dois últimos textos]. Mas, importante dizer também que o uso do urucu vai além do uso na comida. Povos originários que foram responsáveis pela domesticação das planta, faziam largo uso dela para pintar o corpo, como "repelente" e pinturas nas cuias e outros utensílios domésticos. Isso porque, como nos aponta Rubim, em seu "Vocabulário Brasileiro" nos dizia que: o urucuzeiro era uma "arvore de tinturaria".(1) As pinturas do corpo são importantes demonstrações culturais de cada povo e cada um tem sua pintura e simbologias próprias. Mas, era importante para o uso como repelente,demonstrando todo os conhecimentos e saberes ancestrais. Segundo Luís da Câmara Cascudo: "Pasta de cor vermelha, extraída da Bixa Orellana, Lin, usada desde os tempos imemoriais pelos ameríndios em geral (...)Os tupi-guaranis urucuzavam-se diariamente após o banho matinal, usando certa argila, à guisa de sabão, para dissolver o urucu do dia anterior" E ainda, "Está provado hoje que o urucu protege efizcamente o corpo contra os efeitos dos raios solares e contra a picada dos insetos, sem impedir a transpiração normal". (2)
Bates quando passava por Breves, nos idos do século XIX, nos esclarece que: "Pintam o queixo de vermelho com urucú e geralmente têm uma faixa tatuada de-negro, de cada lado do rosto (...)."(3) Já Paul le Cointe, narrava que: "A tinta do urucu (bixina) protege a pele contra os raios químicos ( ultra violetes) da luz solar e contra a absorção do calor solar. Plantação: 280 pés por ha, cada pé dá, por ano 5 a 6 k de 'Urucu comercial".(4) Na fotografia, aquarela de papel, de Albert Eckhout, no ano de 1662, um dos primeiros desenhos do urucu/urucum.
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📚✍🏽Referências.
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[Lembramos que se você faz uso dos meus textos, peço que dê os créditos e faça a citação].
🎨 Eckhout, Albert. Urucu (bixa orellana). Óleo sobre papel, 59,6 x 35,4 cm, 1662. Biblioteka Jagillonska, Cracovia, Polônia. In: O Brasil dos Viajantes. BELLUZO, Ana Maria de Moraes. Ed. Objetiva/Metalivros. 1999. 🔖Qualquer óbice em relação a imagem por favor nos avisar.
(1) Braz da Costa Rubim. Vocabulário Brasileiro. Rio de Janeiro, Emp. Typ. DOUS DE DEZEMBRO de Paula Brito. 1853, p,78. In: Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin In: https://digital.bbm.usp.br/handle/bbm/3886
(2)Cascudo, Luís da. Dicionário do folclore Brasileiro. São Paulo: Global, 2012. p, 708.
(3)Bates, Henry Walter. Um naturalista no Rio Amazonas. Tradução Regina Regis
Junqueira. São Paulo: Livraria Itatiaia Editora, 1979.p,255; 341.
(4) Paul le Cointe. Amazônia Brasileira III, Árvores e Plantas úteis. (INDÍGENAS E ACLIMADAS) , 2.• Edição ilustrada. COMPANHIA EDITORA NACIONAL. São Paulo - Rio de Janeiro Recife - Bahia - Pará- Porto Alegre , 1947. p, 488. Brasiliana: Biblioteca Pedagógica Brasileira.


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