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Maçãs Merengadas á lá Parisienne.

 A receita histórica de hoje é de um livro que eu adoro:"A Arte de Cosinha", de João da Matta, que era cozinheiro e proprietário do GRAND HOTEL DU MATTA e do HOTEL JOÃO DA MATTA, em Lisboa, Portugal. O livro foi publicado no ano de 1876.
João da Matta fez fama nas cozinhas portuguesas e tornou-se um dos maiores cozinheiros português do século XIX. (1) Através do seu livro, João da Matta nos permite observar como ao longo da História da Gastronomia as receitas apresentam aquilo que o historiador Carlo Ginzburg denominou de circularidade cultural.
A receita de hoje é "Maçãs Merengadas á lá Parisienne", um doce que "póde servir-se quente ou frio".(2) Era comum naquela época que as sobremesas nas cortes e nas casas abastadas fossem elaboradas com frutas, merengues e muito açúcar. Esse gosto pelo açúcar com frutas e merengues veio para o Brasil. A parte de doçaria desenvolvida no Brasil mantém uma relação importante com as receitas portuguesas no que tange modos de fazer e ingredientes.
Segundo Leila Algranti, apesar da doçaria ter se desenvolvido de forma mais ampla a partir do século XVII, os “confeitos de frutas e as conservas (frutas conservadas em açúcar) eram afamados na Ilha da Madeira já no século XV”. De acordo com Algranti, tais doces eram “muitas vezes enriquecidos com especiarias europeias e orientais (amêndoas, anis, gengibre, coentro seco).”(3) Observem que se usava a medida de "onças" que equivalia nos dias de hoje: "1 onça equivale a 38,5 gramas". Essa é uma receita deliciosa e o livro como sempre digo é uma excelente fonte de pesquisa para àqueles que se debruçam sobre a temática.
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📚✍️🏽Referências.
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📸 Acervo pessoal da autora.
(1) (2)João da Matta. Arte de Cosinha. IOE. Governo do Estado do Pará. Belém,  2017.
(3) ALGRANTI, Leila Mezan. Alimentação, saúde e sociabilidade: a arte de conservar e confeitar os frutos (séculos XV-XVIII). História: Questões & Debates, n° 42, 2005, p. 36.

 

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