Pular para o conteúdo principal

Urucu.

Nunes  Pereira nos fala que quando de uma visita a uma aldeia havia consumido peixes que: "foram cosidos com escamas e tripas, em caldo avermelhado pela massa do urucu e da pimenta malagueta".(1) Um dos ingredientes do peixe foi a massa do  urucu que aqui no Pará sempre foi de uso culinário. É muito comum nas cozinhas nos interiores, ainda hoje, sob os jiraus, uma garrafa como a da fotografia, com o líquido bem vermelho de urucu que é responsável dar cor e sabor aos pratos amazônicos, como aquele descrito por Nunes Pereira. E não apenas o peixe, mas, o frango, sopas, arroz e carnes são sempre cozinhados com uma boa dose de urucu/urucum. Até mesmo para fazer queijos. Isso mesmo, A.J Sampaio em seu livro Alimentação Sertaneja nos fala que: "urucú (Bicha Orellana, bicacea indigena): das sementes extrae-se materia corante vermelha, para queijo e faz-se em massa para corar arroz e outros fins; (...)".(2) O urucu/urucum é planta domesticada por povos indígenas desde a Amazônia Antiga, aliás, muitas aldeias tinham plantações de urucu/urucum. Spix e Martius quando estiveram na Amazônia,  relataram que: "Os miranhas também preparam das sementes farinhosas, que pilam e cozem com água, uma papa grossa, que, temperada com pimenta, constitui um dos seus alimentos. As demais plantas, que vi cultivadas aqui, eram o aipim, a banana e o urucu.(3) Os Miranhas eram povos que viviam em áreas indígenas junto ao Rio Solimões (AM) e baixo rio Japurá(AM).Mas, se formos observar outros relatos encontramos vários sobre povos indígenas que plantavam urucu/urucum. O urucu era uma planta muito importante para a vida alimentar e cultural Indígena.[Ainda falarei mais sobre]
A minha tia Leila sempre fez um arroz com urucu sem igual. Faz tanto tempo que eu não provo que fiquei com saudade. A fotografia de hoje foi feita pela minha outra tia: tia Neneia.Tias maravilhosas que me legaram tantas memórias lindas.💞
.
.
.
📚✍🏽Referências.
🛎O conteúdo deste blog está protegido pela lei n° 9.610 datada de 19-02-1998. Ao utilizá-los, não se esqueça de dar os créditos.
[Lembramos que se você faz uso dos meus textos, peço que dê os créditos e faça a citação].
📸 Sidnéia Ferreira. Abaetetuba, 2023.
(1)Panorama da Alimentação Indígena
Comidas, Bebidas & Tóxicos na Amazônia Brasileira. Nunes Pereira. Editora Livraria São José. Rio de Janeiro, 1974. p, 232.
(2) A.J. SAMPAIO, A Alimentação Sertaneja e do interior da Amazônia. Companhia Editora Nacional. Rio de Janeiro, 1944, p,325.
(3)Spix, F., Johann Baptist von, 1781-1826.Viagem pelo Brasil (1817-1820) / Spix e Martius. ; tradução de Lúcia Furquim Lahmeyer -- Brasília : Senado Federal, Conselho Editorial, 2017. p. 336.






Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A bolacha preta.

Bom Dia! Em fins da década de 80, fazíamos as famosas viagens de carro, no meu caso era de caçamba mesmo,  meu pai que é do Rio Grande do Norte, levava toda a família pra visitar a família dele e íamos felizes daqui do extremo Norte para o Nordeste. Lembro que nas viagens, em especial, na volta mamãe trazia uma boa reserva de Bolacha Preta, que eu vinha degustando e que tanto adoçavam minha viagem e meu paladar. Eram dias muito felizes e saborosos! Na última viagem que minha mãe fez, eu pedi que me trouxesse a dita bolacha, queria matar a saudade gustativa. A sorda é um popular e tradicional biscoito originário do nordeste brasileiro. Feito de uma massa composta de trigo, mel de rapadura e especiarias, tais como cravo, canela e gengibre. É fabricado artesanalmente ou industrializado por fábricas panificadoras em quase todos os estados do nordeste brasileiro, sendo muito consumido na área do sertão. Conhecido também em algumas localidades por bolacha preta, vaca pr...

É CARNAVAL.

Na pintura de Debret temos uma imagem do Carnaval  ou como era chamado no século XIX, de Dia d'entrudo. O dia d'entrudo que começava no domingo e seguia-se nos três dias gordos, era dia de festa em que os brincantes se jogavam "limões "cheios de água perfumada. A cena se passava no Rio de Janeiro, no ano de 1823. Segundo Debret: " O carnaval no Rio e em todas as províncias do Brasil não lembra, em geral, nem os bailes nem os cordões barulhentos de mascarados que, na Europa, comparecem a pé ou de carro nas ruas mais frequentadas, nem as corridas de cavalos xucros, tão comuns na Itália. Os únicos preparativos do carnaval brasileiro consistem na fabricação dos limões-de-cheiro, atividade que ocupa toda a família do pequeno capitalista, da viúva pobre, da negra livre que se reúne a duas ou três amigas, e finalmente das negras das casas ricas, e todas, com dois meses de antecedência e à força de economias, procuram constituir sua provisão de cera. O limão-...

Quadrados Paulista.

Olá, leitores! Essa receita é daquelas que é sensacional, veja bem: eu coloquei dois conceitos no meu livro um M/ DE MARAVILHOSO E UM E/excelente de tão boa que é!Façam, hoje mesmo :) sem palavras para descrever a tal gostosura. Quando fiz e provei essa receita, entendi que o livro Dona Benta tem raridades únicas e me questionei como aquela blogueira fazia duras críticas ao livro? Por que a minha experiência com ele a cada receita tem me deixado mais maravilhada, só posso pensar que a pessoa não deva entender muito da grandiosidade que é um livro que por gerações vem fazendo parte da cozinha de tantas pessoas...Enfim, vamos a receita: Quadrados Paulistas: p. 829. Ingredientes: Massa: 1 xícara chá de manteiga. 2 xícaras chá de açúcar. 2 xícaras chá de trigo. 1 colher de chá de fermento. 1/2 xícara de leite. 4 ovos separados. Glacê: Açúcar. Água ou sumo de laranja. Modo de Fazer: passo-a-passo:  Bata a manteiga com o açúcar, junte as gemas,...