Pular para o conteúdo principal

Farinha de Mandioca: o pão do paraense.

A farinha de mandioca é um alimento de origem indígena bastante consumido na capital e interiores, no século XIX, ela tinha a função de prato principal ou complemento alimentício da capital paraense. Ela desembarcava todos os dias nos portos entre eles o do Sal localizado na Cidade Velha, vinda dos interiores em maior escala. A importância da farinha dava-se pelo fato de seu enorme consumo em toda província. Assim era significativo o cultivo da mandioca para a fabricação de farinha nos interiores, até porque, assim como o peixe que se aproveitava todas as partes um pouco, muito se aproveitava da farinha como alimento rico em carboidratos se fazendo bolos, xibés, pirão e pães. Havia uma gama de variedades que podia dela se utilizar. Assim a mandioca era um alimento constante na alimentação da capital na segunda metade do século XIX, ela estava entre os itens de primeira necessidade, sendo o ‘trigo’ amazônico, estando presente no almoço como farinha d’água, no café como a farinha de tapioca, bolos, roscas, beijus etc. ou mesmo num simples xibé sendo consumido sozinho ou degustado com uma posta de peixe ou ainda uma carne seca ou verde. Até os dias de hoje, é coisa rara uma casa em Belém que não tenha uma boa farinha num pote para o almoço. Aliás, pode-se dizer que paraense que se preze tem sempre uma farinha torrada a espera de um açaí, uma carne ou um bom peixe frito. Aqui uma posta de peixe frito, torna-se um excelente petisco quando degustado com uma farinha bem torrada. Fico aqui com uma cena comum na cidade desde os tempos passados: Em alguma feira se você observar atentamente verá um comprador chegando na barraca colocando a ponta dos dedos no saco de farinha e numa rapidez jogando na boca aquele punhado de farinha pra saber se está torrada. Quer experimentar?
Até o próximo prato!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A bolacha preta.

Bom Dia! Em fins da década de 80, fazíamos as famosas viagens de carro, no meu caso era de caçamba mesmo,  meu pai que é do Rio Grande do Norte, levava toda a família pra visitar a família dele e íamos felizes daqui do extremo Norte para o Nordeste. Lembro que nas viagens, em especial, na volta mamãe trazia uma boa reserva de Bolacha Preta, que eu vinha degustando e que tanto adoçavam minha viagem e meu paladar. Eram dias muito felizes e saborosos! Na última viagem que minha mãe fez, eu pedi que me trouxesse a dita bolacha, queria matar a saudade gustativa. A sorda é um popular e tradicional biscoito originário do nordeste brasileiro. Feito de uma massa composta de trigo, mel de rapadura e especiarias, tais como cravo, canela e gengibre. É fabricado artesanalmente ou industrializado por fábricas panificadoras em quase todos os estados do nordeste brasileiro, sendo muito consumido na área do sertão. Conhecido também em algumas localidades por bolacha preta, vaca pr...

É CARNAVAL.

Na pintura de Debret temos uma imagem do Carnaval  ou como era chamado no século XIX, de Dia d'entrudo. O dia d'entrudo que começava no domingo e seguia-se nos três dias gordos, era dia de festa em que os brincantes se jogavam "limões "cheios de água perfumada. A cena se passava no Rio de Janeiro, no ano de 1823. Segundo Debret: " O carnaval no Rio e em todas as províncias do Brasil não lembra, em geral, nem os bailes nem os cordões barulhentos de mascarados que, na Europa, comparecem a pé ou de carro nas ruas mais frequentadas, nem as corridas de cavalos xucros, tão comuns na Itália. Os únicos preparativos do carnaval brasileiro consistem na fabricação dos limões-de-cheiro, atividade que ocupa toda a família do pequeno capitalista, da viúva pobre, da negra livre que se reúne a duas ou três amigas, e finalmente das negras das casas ricas, e todas, com dois meses de antecedência e à força de economias, procuram constituir sua provisão de cera. O limão-...

Quadrados Paulista.

Olá, leitores! Essa receita é daquelas que é sensacional, veja bem: eu coloquei dois conceitos no meu livro um M/ DE MARAVILHOSO E UM E/excelente de tão boa que é!Façam, hoje mesmo :) sem palavras para descrever a tal gostosura. Quando fiz e provei essa receita, entendi que o livro Dona Benta tem raridades únicas e me questionei como aquela blogueira fazia duras críticas ao livro? Por que a minha experiência com ele a cada receita tem me deixado mais maravilhada, só posso pensar que a pessoa não deva entender muito da grandiosidade que é um livro que por gerações vem fazendo parte da cozinha de tantas pessoas...Enfim, vamos a receita: Quadrados Paulistas: p. 829. Ingredientes: Massa: 1 xícara chá de manteiga. 2 xícaras chá de açúcar. 2 xícaras chá de trigo. 1 colher de chá de fermento. 1/2 xícara de leite. 4 ovos separados. Glacê: Açúcar. Água ou sumo de laranja. Modo de Fazer: passo-a-passo:  Bata a manteiga com o açúcar, junte as gemas,...