Quando crianças somos apresentados aos sabores e cheiros que de uma maneira geral representa quem somos, em vários aspectos e de diversas formas. Uma vez que, " o conjunto de representações, crenças, conhecimento e práticas alimentares compartilhadas no interior de uma cultura é considerado como uma forma importante de identificação coletiva". (1). Aliás, o homem se diferencia pela sua capacidade de escolher o que come e como ele vai comer. Ao entender sobre o escolher e cozinhar os alimentos uma fronteira importante da humanidade foi atravessada. Nesse sentido, não se come qualquer coisa, se come para além dos alimentos, pois cada uma de nossas escolhas são eivadas de fronteiras entre nós e o alheio, já que "o comer sempre esteve sujeito a diversos condicionantes contextuais, como os de caráter social, econômico e cultural. Comer nunca foi um ato isolado". (2). Por isso, quando saímos de nosso grupo "materno" nossa família, estado ou país a memória gustativa dos sabores de onde viemos nos acompanham sempre, a vontade refletida na saudade de "um prato, sabor ou comida" tornam-se constante. O ser humano com sua capacidade de "escolher seus alimentos" desenvolve em torno dele e dos seus, fronteiras alimentares tão fortes e muitas vezes inabalável. Assim, como nos aponta Paula Pinto e Silva "as práticas culinárias de um grupo, dentro de um contexto histórico e social definido, ajudam a refletir sobre a criação de regras de convivência no espaço em que vivem ou imaginam viver e sobre ideias que este grupo tem a respeito de si e dos outros". (3) A alimentação nossa de cada dia, nos diz mais de nós mesmos do qualquer outro ponto de referência "materna" que possamos ter. É para onde sempre voltamos seja na memória ou na degustação e "disso" ninguém foge...
🎨Walter Langley, o órfão, 1889. In: Revista Cult. N.198. Fevereiro de 2015. Ano 18. p.33. 🔖Qualquer óbice em relação a imagem por favor nos avisar.
(1)(2) Ursula Verthein e Jose Antônio Vasquez-Medina. Os territórios do comer o novo comensal enfrenta desafios cotidianos na escolha dos alimentos. In: Revista Cult. N.198. Fevereiro de 2015. Ano 18. p. 26; 29. (3) Paula Pinto e Silva. Comida e identidade coentro ou salsinha? In: Revista Cult. N.198. Fevereiro de 2015. Ano 18. p.30.
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