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O caranguejo.


O caranguejo, crustáceo muito conhecido pelos brasileiros e paraenses. Desde meados do seco XVII, ja aparece sendo descrito pelos viajantes. Segundo Nieuhof, nos idos de 1640, "o caranguejo de rio, que abunda noa terrenos ribeirinhos e nos pantanais, serve de alimentos aos brasileiros". (1) O príncipe Maximiliano de Wied-Neuwied, em 1817, sobre a Bahia, nos informa que "contentam-se em ter um pouco de farinha peixe e carne seca, e, às vezes caranguejos, que obtêm nos mangues ao redor". (2). No Pará, o caranguejo é muito apreciado, aliás, daqui se faz um acepipe único e muito apreciado: a unha de caranguejo. No início da década de 1950, por sua vez, a unha de caranguejo era um dos acepipes (3) mais cobiçados de Belém segundo as memórias de Alfredo Oliveira. De acordo com o memorialista as mais cobiçadas eram as servidas no bar “Jangadeiro, na Santo Antônio, que servia uma unha de carangueijo inesquecível”.(4) Segundo Orico, a unha-de-caranguejo era “uma das especialidades mais apreciadas em Belém e Manaus”. Os casquinhos de caranguejo juntos com os de siri e muçuã compunham o cardápio de restaurantes em Belém e também era prato bem quisto nas casas, onde as quituteiras faziam todo um trabalho para prepará-lo com destreza. Era considerado um “quitute fino”. (5) Nesse sentido, Morais no diz que "Os paraenses gostam da gordura em molho, pimenta-de-cheiro, sal e limão com que comem-lhe as unhas cozidas". (6). Muito difícil achar quem nao goste de uma boa porção de caranguejo. A imaginação chega vai longe.




🎨 Zacharias Wagener. Caranguejo. Aquarela. Staatliche Kunstsammlungen Dresdem Zentral Bibliotheke Alemanha. In: In: O Brasil dos Viajantes. BELLUZO, Ana Maria de Moraes. Ed. Objetiva/Metalivros. 1999. 🔖Qualquer óbice em relação a imagem por favor nos avisar.
(1). NIEUHOF, Johann. Memorável viagem marítima e terrestre ao Brasil. São Paulo, Martins, 1942. P. 48. 
(2). MAXIMILIANO, Principe de Wied-Neuwied. Viagem ao Brasil (1815-1817). São Paulo, ed. Nacional, 1940. P. 327. 
(3) Acepipe - “O mesmo que comida apetitosa, quitute, petisco”. GOMENSORO, Maria Lucia. Pequeno dicionário de gastronomia. Rio de Janeiro: Objetiva, 1999. p. 12.(4) OLIVEIRA, pOLIVEIRA, Alfredo. Conflitos e sonhos de um aprendiz: memórias. Belém: 2015. P. 138. 
(5) ORICO, Osvaldo. A cozinha Amazônica: uma autobiografia do paladar. Belém: Universidade Federal do Pará, 1972, p. 42/ 44. (6) MORAIS, Raimundo. O meu dicionário de cousas da Amazônia. Brasília: Senado Federal. 2013. P. 50.

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