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Mostrando postagens de 2021

Torta de Peru.

Rachel de Queiroz,  em seu livro "O não me deixes suas histórias e sua cozinha" tem um capítulo intitulado "O Peru" em que ela nos conta que o Peru: "Em geral, prepara-se o peru sem recheio, simplesmente assado no forno, aberto pelo espinhaço, sem separar as bandas: alguém diria que ele fica de asas espalmadas como uma borboleta. Tem que ficar muito bem- assado, por dentro e por fora, com uma bela cor dourada. Esse peru não recheado é acompanhado de uma farofa caprichada, levando todos os miúdos, ovos cozidos, azeitonas, cheiro-verde etc. O peru recheado é mais raro e normalmente feito em casa de gente rica".(1) Pelo relato da escritora é possível perceber que a forma de consumo do Peru estava eivada de distinções sociais; "O Peru recheado é mais raro e normalmente feito em casa de gente rica". A forma como o Peru era servido "espelhava" distinções de classe.  Rachel de Queiroz, nos diz ainda que, na festa cumeei...

Torta de Peru.

Você sabia que a torta de Peru era um prato refinado e caro no século XVII, na Holanda? É interessante de perceber que na atualidade se fala muito da torta de Peru, como uma opção as "sobras do Natal". Contudo, esse prato já aparece sendo servido com destaque e procura na Holanda no século XVII. Aliás, se observarem com atenção, a tela da natureza morta com Torta de Peru, de 1627, de Pieter Claesz, a centralidade dela é justamente a reprodução da torta de Peru, um dos pratos de distinção social e econômica da época. Como já foi dito no texto de ontem, o consumo do Peru, no século XVII, estava associado a um produto exótico e de preço elevado. É possível dizer também que a torta de Peru, destaque na pintura, era elaborada a moda árabe e um prato "muito festivo": " Het was een zeer feestelijk gerecht dat volgens een recept uit de 17de eeuw op Arabische wijze werd bereid: de pasteivulling bestaat uit kalkoenvlees gemengd met gember, kaneel, nootmuscaat...

O Peru e o Natal.

Na ceia de Natal, ao longo do século XX, o consumo do Peru passa a ser associado ao Natal. Mas, você sabe qual a origem do Peru? Carlos Roberto dos Santos, nos diz que o Peru é de origem americana e era criado e consumido pelos astecas onde: "criados pelos índios, atividade bastante antiga, com clima propício para a prosperidade desta criação. Geralmente os astecas cozinhavam o peru acompanhado de cebola, alho-poró e molho à base de pimenta vermelha".(1) O peru, portanto, somente adentrou a Europa como um dos  "resultados" das trocas alimentares advindas com o processo de colonização. Assim, Santos pontua que :"Em 1518, quando do início do contato entre os índios e espanhóis no processo colonizador do México, F. Cortez tomou conhecimento do peru como ave para alimentação exposta no mercado de Tenochtitlán, capital asteca, trazendo, após, alguns exemplares para a Europa". (2) A incorporação do consumo da carne do Peru, foi um processo lento e gr...

"O Bolo de Natal da Família Malagueta".

Você sabia que o bolo de macaxeira era "prato" natalino em algumas famílias em Belém? Como não lembrar do conto de Jacques Flores, intitulado "O bolo de Natal da Família Malagueta"? Todo o conto gira em torno de um  bolo de macaxeira feito para o Natal da família. Um belíssimo bolo de Macaxeira de Natal, feito por Tereza Malagueta, a Tetê e sua prima Felismina do Rosário, a Filóca. Em seu conto, Jaques Flores nos coloca um hábito importante do Natal em muitas famílias: o bolo de macaxeira que era feito para o Natal. Assim: " Quando Tereza Malagueta, a Tete, e sua prima Felismina do Rosário, a Filha  notaram que o bolo de macaxeira, por elas feito para a noite de Natal, estava com gosto de querosene, a sereia da Pará Eletric acabava de apitar as seis horas da tarde". (1) Elas então, entenderam que: "Pulchéria, a mandado de Tete, lixara a forma de bolo e, para melhor ficar a limpeza, untou-a de querosene, esquecendo-se, porém, de tirar o inf...

Taça da Felicidade.

                          É Natal! Feliz Natal!🎄🎄🎄 E por aqui Natal tem Taça da Felicidade. A taça da felicidade, uma sobremesa de festas de fim de ano aqui no Pará,  é de origem paranese, uma sobremesa que reúne tudo de melhor que temos aqui: pudins, manjares, frutas regionais, pudim de claras, pão de ló entre outros. Não era um sobremesa de ser encontrada pronta nas padarias e confeitarias, não! A Taça da Felicidade era doce encomendado, de doceiras profissionais e famosas na cidade de Belém. Aliás,  ela já aparece nos jornais do início do século XX, sendo anunciada pelas doceiras. Osvaldo Orico, nos diz que: "Quituteiras e doceiras são elementos indispensáveis na composição da cozinha amazônica".(1) Assim, "A cozinha do extremo-norte do país (...)exige de suas profissionais uma preparação e uma técnica que não se limita apenas ao uso d emoções, condimentos, mas a uma verdadeira performance nos ...

Creme de Cupuaçu.

No quinto dia d o nosso Calendário do Advento do Natal vamos conhecer o Creme de Cupuaçu. Você conhece? Eu não poderia deixar de falar sobre a mesa de Natal dos paraenses. Na mesa do paraense a presença das frutas regionais sempre foi uma realidade. Aliás, desde o século XIX, essa presença, era visível.  Em 20 de dezembro de 1989, o jornal O Liberal  trazia uma matéria falando sobre o consumo das frutas regionais na ceia. O creme de cupuaçu estava entre as sobremesas que eram opções  nessa data. A opção inclusive era apontada como mais em conta se comparada com as frutas vindas de fora. Inclusive, jornal ressaltava que: "A feira do Ver-o-Peso está com abastecimento". (1)  As opções com o cupuaçu eram várias,  a feirante Elizabete informava, na ocasião da matéria que: "Com dois cupuaçus cortados se tem um quilo de polpa, que pode ser utilizada para fazer cremes, doces, refresco, sorvetes e outros".(2) Nesse sentido, já havia na década de 80, a ideia ...

Bolo Rei: tradição portuguesa.

No quarto dia do nosso Calendário do Advento do Natal vamos conhecer um pouquinho mais sobre o Bolo Rei, da tradição portuguesa. E será um #tbt do @daquiloquesecome. Uma das tradições mais antigas da época da Natividade e do dia de reis é o Bolo Rei. O Bolo Rei, tem uma tradição forte em Portugal na quadra natalina e festa de reis. E foi por essa influência que ele "chegou" no Pará. Mas, você sabe qual é a origem do Bolo Rei? Originalmente, este bolo remonta aos festejos romanos de Saturnália, na Antiguidade, quando para eleger o "rei da festa" colocava-se uma fava seca numa torta redonda e quem achava a fava em seu pedaço, tornava-se o rei da festa. A Igreja Católica converte a prática em hábito cristão da época das festividades de Natal e dia de reis. E como o costume de fazer o Bolo chega em Portugal e em Belém no século XIX e XX? A receita de um bolo redondo com frutas secas, passas e/ou castanhas com uma fava ou m...

Kourabiedes.

No nosso Calendário do Advento do Natal de h oje vamos conhecer um pouquinho mais sobre o Kourabiedes. Você já os conhece? Bem, os Kourabiedes são biscoitos gregos feitos para o Natal ou celebrações religiosas. Eles levam nozes, são amanteigados e passados em açúcar. Levam no centro ou na massa cravo, que simbolicamente, faz alusão as especiarias levadas para o menino Jesus pelos Reis Magos. Sobre esses biscoitos, Maria Lúcia Gomensoso nos esclarece que os Kourabiedes são: "Pequenos biscoitinhos gregos que derretem na boca, servidos em festividades como batizados, casamentos e outras celebrações. São amanteigados, contêm nozes ou outra fruta seca e podem ser rolados em açúcar cristalizado. Com diversas formas, tradicionalmente preparados para o Natal são enfeitados com um cravo, simbolizando as especiarias trazidas pelos Reis Magos".(1) Sobre a presença de imigrantes gregos nos Estados Unidos, ela nos conta que as mulheres gregas introduziram nas festi...

Christmas Pudding

Segundo dia do nosso Calendário do Advento do Natal e hoje vamos conhecer um pouquinho mais sobre o Christmas Pudding. O Christmas pudding ou Pudim de Natal é um pudim tradicionalmente oferecido no Jantar de Natal na Grã-Bretanha,  Irlanda e também em outros países de colonização inglesa. Tem sua origem provqvelmente na Inglaterra medieval e tinha uma versão salgada também. Ele também é conhecido como pudim de ameixa, apesar de que como nos informa a historiadora Linda Civitello ele nao leva ameixa: "Plum Pudding became a British Christmas tradition. There are no plums in it; plummy means “something wonderful,” or “choicest”; also, plum sometimes meant raisins". (1) As receitas mais antigas levavam sebo( de animal), frutas secas, pão ralado, farinha, ovos e especiarias junto com leite e/ou vinho. Uma das receitas mais antigas de pudim de ameixa é de Mary Kettilby em seu livro de 1714, Uma coleção de trezentos recibos em culinária, fisioterapia e cirurg...

Natal Sainsbury's.

Semana com Calendário do Advento do Natal, aqui no daquiloquesecome e não vai perder nenhum dia, certo!? Nossos textos serão sobre o mundo da alimentação nesta época do ano sobre várias partes do mundo. E vamos começar falando do Natal da Sainsbury's Supermarkets Ltd, uma das cadeias mais importantes de supermercados Reino Unido, a J. Sainsbury plc fundada em 1869, em Holborn, por John James Sainsbury, com sede em Londres no Reino Unido. A empresa tem várias subsidiárias. A @sainsbury's tem um arquivo muito rico e bem importante que conta a história da empresa, mas, acima de tudo dos alimentos e bebidas em mais de um século de existência. Na primeira fotografia temos a imagem de vários alimentos, bebidas e produtos da Sainsbury's para o Natal, do ano de 1987. É possível ver:  " Moscato del Piemonte de Sainsbury; Australian Rhine Riesling da Sainsbury (...) Bolo de maçapão de Natal da Sainsbury; Bolo de Natal com Fruta Gelada da Sainsbury; Sele...

Mingau.

E ainda, "No Amazonas, segundo Barbosa Rodrigues faz-se diferença entre mingao e mingau: êste é feito de qualquer feculento, adoçado e polvilhado com canela, aquelê é só preparado com tapioca. Etim. É puro tupi". (1) Sobre a palavra mingau, Raimundo Morais, nos diz: "Papa de milho, banana, arroz. Os de açaí, patuá são adubado com farinha-d água.  Mingau, na Planície, é o alimento por excelência do roteiro. Para as bandas do Oriente, nas regiões do Pará,predomina o de açaí: Pará as bandas do Ocidente, nas regiões do Amazonas e Peru, predomina o de banana". (2) Segundo Padre Cardim, o uso do mingau de carimã no período colonial, eram “tão sadios, e delicados que se dão aos doentes de febres em lugar de amido”.(3) Miranda, sobre o Rio Capim fala em Mandiocaba: “o mingau do arroz adoçado com o sumo da manicuera. Dado o ponto pela ebulição ao sumo da manicuera, acrescentar-se-lhe o arroz que em pouco tempo fica cozido”.(4) Por meio das suas memórias, Orico ...

A venda de mingau em Belém.

Pierre Verger estava inspiradíssimo quando fez essas fotos de Belém no ano de 1948. Eu tenho um apreço imenso por essa foto, ela me toca profundamente por várias razões: Primeiro porque ela tem como cenário central as pessoas, os sujeitos sociais do mundo da alimentação que tanto eu falo na minha pesquisa e que me são tão caros. A tese está repleta deles. Uma segunda questão é que ele reproduz a venda e comércio de mingau na cidade de Belém tão característica e cotidiana. Não apenas em Belém, mas, no Pará como um todo. As minhas lembranças de infância me remetem a Abaetetuba e os mingaus de Açaí e Miriti da "Diquinha". Ao olhar com cuidado a fotografia é possível ver pessoas parando para "merendar" um mingau, que podia ser de banana, açaí, tapioca ou miriti servidos bem quentes na cuia. Notem que o local está composto em sua maioria pelos trabalhadores, no canto a esquerda com roupa e chapéu branco temos o vendedor de mingau. Notem que ele es...

Vendedor de Bananas na Feira do Ver-o-peso.

Na fotografia, um vendedor de bananas e suas freguesas estão rindo. Uma fotografia que foi tirada no momento certo. Existe uma conversa leve entre eles. Sobre que assunto falavam? Seria conversa de feirante-freguês, seria uma barganha no preço das bananas? Seria sobre um acontecimento na cidade? Essa foto é uma das minhas preferidas do Robert Pendleton. Tem muita poesia e conversa de maneira muito sensível com o observador. A foto como um todo sorri para todos nós.(1) Robert Larimore Pendleton, tinha uma sensibilidade única pra suas fotos. Esteve na Amazônia em 1949, foi botânico e professor de geografia na Johns Hopkins University. Viajou e trabalhou em várias partes do mundo. Deixou um legado de pesquisa importante. Fez várias fotos sobre o Ver-o-peso,  esse lugar único para o abastecimento da cidade de Belém. A fotografia nos mostra também um pouco da realidade das feiras em Belém. Corrêa Pinto, nos dizia sobre o Ver-o-peso que: "Pululam os vendedores, a apregoar cu...

Filme: Selva Viva.

A indicação de filme de hoje é Selva Viva. Filme que  nos mostra à circulação, dinâmica e cotidiano de uma das maiores metropoles da Amazônia, nos idos dos anos 80, do séculoXX. Além das lendas, da relação com a natureza versus civilização entre outros aspectos importantes. O filme em questão é Selva Viva, filmado em Belém e que tem como título original " Where the river runs black",  rodado no ano de 1986. Sobre o filme, Pedro Veriano, crítico de cinema, em "Cinema no Tucupi", nos diz que, naquele momento de filmagem do filme: “A região voltou a atrair cineastas estrangeiros em Selva Viva, de Christopher Cain. O filme ia se chamar Lazaro, pois tratava de um garoto tido como morto, filho de um padre com um cabocla, ela assassinada por garimpeiros. O menino havia sido jogado no rio, mas um boto acaba salvado-o e, imitando a macaca do Tarzan, criando-o. Este Lazarozinho, ou Lazarito, é entregue a um orfanato do município de Santa Isabel, que o filme não di...

Raspa-raspa, granizado? o raspa-raspa em Belém.

Você conhece o Granizado? Ou o raspa-raspa? Não!? Tenho certeza de quem mora em Belém conhece o raspa-raspa? Pois bem, o Granizado e o raspa-raspa são nomes diferentes de um produto semelhante. Você sabe a origem do raspa-raspa? Você sabia que uma provável origem da versão que conhecemos em Belém, seja em Baltimore, nos Estados Unidos? E que provavelmente tenha chegado em Belém devido às relações econômicas com os americanos e a produção de gelo? Então, vem comigo conhecer um pouquinho mais dessa História. Segundo Michelle Gienow, em “Cold Comfort: On the Cultural Significance of the Snowball in Baltimore”, o Granizado teria origem na década de 50, do século XIX,  quando desenvolveu-se uma indústria americana do gelo. O comércio das casas de gelo entre Nova York e a Flórida era constante e muito intensa. Para que esse gelo chegasse na Flórida era preciso transportá-lo em grandes blocos de trem. O trajeto passava por Baltimore, e lá as crianças desenvolveram uma prática ...

A Cozinha dos Terreiros: Riqueza Cultural.

Hildegardes Vianna em sua Breve Notícia sobre a Cozinha Baiana nos diz que: "A comida de candomblé é sempre na base do camarão seco e da cebola, havendo variações culinárias evidentes entre as diversas nações: queto, jejum, nagô e Angola, para falar nas principais. Nos candomblés negros, a  depender da nação,  há comidas com ou sem sal, com ou sem gengibre ou dandá etc. As comidas mais frequentes e mais populares nas mesas profanas têm no candomblé nomes diversos e muitas vezes preparo diferente".(1) Assim, o Caruru, "corresponde ao AMALÁ de Xangô. Recebe o nome de OBÉILÁ quando é feito de quiabos e EFÓ quando de folhas. Ambos são temperados com azeite-de-dendé, cebola, sal e camarão seco". (2) tem o Omulu,  "uma espécie de caruru chamado de LATIPÁ ou AMORI feito com folhas de mostarda aferventadas e escorridas na peneira, temperadas como efó com exceção do camarão seco. Depois de cozido e seco, frigese às colheradas no azeite-de-dendê. ...

"Alimento: Direito Sagrado".

Tat'etu Arabomi nos diz que:"Tudo começa e acaba com comida, tudo começa e acaba com cânticos, porque parece nós aqui os cânticos são primordiais, a gente canta para morrer, canta para nascer, canta para acordar de manhã, canta para dormir, tudo é cantado no candomblé (...) então essa é uma importância muito grande pra nós,  da alimentação,  de alimentar, de preparar essa comida, de comungar com essa comida, de distribuir essa comida para a comunidade". (1) Ao longo desta semana os textos tem sido falando do Caruru, que também é uma comida de santo. Nesse sentido, "o alimento é um direito sagrado" para povos e comunidades Tradicionais de Terreiros. A economia do Axé, tema de análise importante pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Comabte à Fome, através de Pesquisa Socioeconômica e Cultural de Povos e Comunidades Tradicionais de Terreiros possibilitou um entendimento amplo sobre a economia do axé, os terreiros como fonte de segurança alimentar...

A lasanha.

Você sabia que a lasanha é tão antiga que já era consumida na época do Império Romano? E que ela podia ser recheada com peixes? E que usava-se caldo grosso entre as camadas? E que na Antiguidade já se falava em lasanha verde preparada com farinha e alface? E ainda, que a massa às vezes era frita em óleo? Vamos conhecer um pouquinho sobre a lasanha? No livro, "De re Coquinaria' de Marcos Gavius Apicius, datado do século I a. C, aparece um prato denominado de "lasana" ou "lasanum" que era elaborado com folhas de massa. Nesse livro, " encontramos o lagane cozinhado de forma a transformá-los (...) Eles são, na verdade, compostos por camadas alternadas de carne e peixe, picada, cozida e temperada e com camadas de massa folhada: "Quotquot posueris, tot trullas impensae desuper adficies" (quantas folhas colocar, quantas conchas jogadas em cima do tempero). Citando literalmente, " Le lasagne di Apicio Nel IV Libro del De re coquinari...

As primeiras máquinas de macarrão.

E de quando datam as primeiras máquinas de fazer macarrão? E sua produção industrial? Segundo Del Cielo, podemos entender que na Europa  essa produção industrial já seria visível "(...) a partir do século XVII, com o desenvolvimento de máquinas como o  torchio —  uma prensa mecânica para fazer macarrão ou aletria".(1) E ainda, o cientista francês Paul-Jacques Malouin foi o  responsável por importar técnicas de produção do macarrão de Nápoles para Paris, " (...) incluindo a amassadeira e uma espécie de prensa de parafuso para macarrão".Del Cielo descreve ainda o funcionamento da gravura de um livro publicado por Paul-Jacques Malouin, no ano de 1767, onde  "podemos ver um operador sentado em uma barra (A) se movendo para cima e para baixo amassando a massa (B). Esse processo levava 2 horas para ser finalizado. Depois de amassado, o preparo era colocado em um cilindro comprimido por um parafuso (C). A prensa era girada usando um sistema de...

Manuel Querino, a Arte da Culinária Baiana e Pedro Archanjo.

"Pedro Archanjo foi completamente absorvido pelas comemorações de seus cinquenta anos: sucessão ininterrupta de carurus, “dona Fernanda e seu Mané Lima mandam convidar o senhor para o caruru que dão no domingo pra seu Archanjo”, de batucadas, rodas de samba, encontros, reuniões, comilanças e pileques, todos queriam celebrá-lo. Mestre Archanjo mergulhou por inteiro naquele mar de cachaça, bailes e mulheres, no maior entusiasmo. Parecia querer recuperar de um golpe o tempo gasto, durante tantos anos, no estudo, no preparo do livro. Com fome e sede de vida, num desparrame de energia, era visto em toda parte, apareceu em lugares onde não voltara desde a juventude, reviu paisagens e refez itinerários esquecidos". (1) O personagem de Jorge Amado, Pedro Archanjo do livro Tenda dos Milagres, foi inspirado em Manuel Querino e como nos fala o historiador João José Reis, " (...) Pedro Archanjo resultaria de uma operação mais complicada. Amado dec...

Quem comia macarrão?

Afinal, o macarrão era um alimento acessível para todos? Nossa série de textos sobre o macarrão continua e pra quem ainda não leu nenhum dos textos é só voltar uns post do feed que você vai encontrar a sequência de todos os textos sobre macarrão. Tenho certeza que vais gostar. Bem, até o século XII, o macarrão é considerado um artigo de luxo e de consumo das classes mais abastados. Segundo Françoise Desportes, o macarrão não se tornará "popular antes do século XVII". Sendo antes disso "(...) um alimento, se não de luxo, pelo menos de qualidade, reservado aos consumidores mais abastados". (1) Na gravura italiana, do século XIV, temos duas mulheres na preparação do macarrão. A primeira, da direita está amassando o macarrão numa mesa, enquanto a segunda mulher está "pendurando" para secar tiras de aletria em uma prateleira própria para essa função. Percebam que a aletria é bem fina, posteriormente os fios ficam mais grossos e chegam ao formato que...