Rachel de Queiroz, em seu livro "O não me deixes suas histórias e sua cozinha" tem um capítulo intitulado "O Peru" em que ela nos conta que o Peru: "Em geral, prepara-se o peru sem recheio, simplesmente assado no forno, aberto pelo espinhaço, sem separar as bandas: alguém diria que ele fica de asas espalmadas como uma borboleta. Tem que ficar muito bem- assado, por dentro e por fora, com uma bela cor dourada. Esse peru não recheado é acompanhado de uma farofa caprichada, levando todos os miúdos, ovos cozidos, azeitonas, cheiro-verde etc. O peru recheado é mais raro e normalmente feito em casa de gente rica".(1) Pelo relato da escritora é possível perceber que a forma de consumo do Peru estava eivada de distinções sociais; "O Peru recheado é mais raro e normalmente feito em casa de gente rica". A forma como o Peru era servido "espelhava" distinções de classe. Rachel de Queiroz, nos diz ainda que, na festa cumeeira da casa do Não me deixes: "o peru recheado que só chegou para os convidados mais grados. Para a mais gente que acorreu mataram-se um Carneiro gordo, um bode novo e várias galinhas como complemento".(2) Mas, se a forma como era servido e quem comia o Peru no Natal refletia posição social, trinchar o Peru e dividir as "melhores partes" entre os presentes também era uma forma demonstrar hierarquias. Sobre essa questão, na Inglaterra, Santos nos diz que: "Em alguns lares, o chefe da família é convocado para trinchar o peru assado e dividi-lo entre os presentes. E neste ritual prevalece a hierarquia entre os convidados bem como as deferências, pois as ofertas das partes do peru, e mesmo de outros assados, eram graduadas segundo a posição social dos convidados"(3) E ainda, "(...) no final do século XIX este ritual incluía a arte de amolar a faca; o trinchamento competente da ave pelo chefe de família, sentado ou levantado; as perguntas usuais sobre as partes que se deseja saborear e a oferta do molho. Esta cerimônia de trinchar a carne do peru é cada vez menos usual, mas ainda se mantém na Inglaterra".(4) Ou seja, trinchar o Peru era demonstração de poder e importância. Compartilho com vocês duas receitas históricas: uma de Torta de Peru, de meados do século XX elaborada na minha família. E outra, de "Feijoada de Peru" feita na família de Rachel de Queiroz. Ambas são elaboradas com as sobras do Peru de Natal.
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💬 E você? O que achou destas histórias?
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📚✍🏽 Referências.
📸 (1) (2)Queiroz, Rachel de. O Não me deuxes/Rachel de Queiroz; [ apresentação Flávio de Queiroz Salek]. - 3° ed. Rio de Janeiro: José Olímpia, 2010, p. 68;69.
(3)(4) História do peru na ceia de Natal. Autor: Prof. Carlos Roberto Antunes dos Santos – UFPR. Publicado em: Gazeta do Povo, 24 de dezembro de 2004
http://www.historiadaalimentacao.ufpr.br/artigos/artigo005.htm
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📚✍🏽 Referências.
📸 (1) (2)Queiroz, Rachel de. O Não me deuxes/Rachel de Queiroz; [ apresentação Flávio de Queiroz Salek]. - 3° ed. Rio de Janeiro: José Olímpia, 2010, p. 68;69.
(3)(4) História do peru na ceia de Natal. Autor: Prof. Carlos Roberto Antunes dos Santos – UFPR. Publicado em: Gazeta do Povo, 24 de dezembro de 2004
http://www.historiadaalimentacao.ufpr.br/artigos/artigo005.htm
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