Então, vender cocada era uma atividade apenas das mulheres no Brasil? Não, vender cocada também era uma atividade masculina, ao menos no Brasil. Geralmente, os homens não faziam cocadas, mas, vendiam. Fazer cocada era uma atividade das mulheres. Um saber que vinha de família. Como nos aponta Freyre: "através das receitas- algumas delas, segredos de família-, é uma arte que resiste a seu modo ao tempo, repetindo-se ou recriando-se, com a constância das suas excelências e até das suas sutilezas de sabor; afirmando-se, por essa repetição ou por essa recriação ". (1) E ainda, "(...) o doce, o bolo, o quindim feito com açúcar por aquelas mulheres que todos os dias faziam renda e, todas as semanas, faziam doce (...)".(2) Uma das telas mais bonitas que nos mostra um vendedor de cocada, é a tela: O Vendedor de Cocada, de Darcy Cruz, de 1931. Um homem com seu tabuleiro de cocada, ao fundo uma vila muito colorida e bem movimentada nos permite entender a dinâmica deste comércio, já que o homem está com seu tabuleiro em local de muito trânsito de pessoas. Poderia ser uma praça? Notem as crianças brincando no chão. O vendedor de cocada está pronto pra vender, numa mão segura ao que parece o cortador do doce e na outra um pedaço de papel. A tela de Darcy nos traz um sentimento de alegria e uma vontade imensa de estar ali no meio daquela gente, pedindo uma cocada. Aliás, sempre que eu olho pra tela, tenho a sensação de que eu estou na frente do vendedor a comprar cocada.
Machado de Assis, em Dom Casmurro nos lembra do homem que vendia cocadas as tardes pelas ruas do Rio de Janeiro: "Tínhamos chegado à janela (...) desde algum tempo (...) vinha apregoando cocadas, parou em frente e perguntou:
--Sinhazinha, qué cocada hoje?
--Não, respondeu Capitu.
--Cocadinha tá boa.
--Vá-se embora, replicou ela sem rispidez.
--Dê cá! disse eu descendo o braço para receber duas. Comprei-as, mas tive de as comer sozinho; Capitu recusou. Vi que em meio da crise, eu conservava um canto para as cocadas, o que tanto pode ser perfeição, como imperfeição, (...) fiquemos em que a minha amiga, (...) não quis saber de doce, e gostava muito de doce".(3) A cocada era para Machado de Assis, um dos seus doces preferidos. Talvez por isso, a ênfase de que Capitu estaria muito preocupada com o que Bentinho havia lhe contado pouco tempo antes, pois, havia recusado o doce, mesmo gostando muito de doce. Afinal, quem recusaria uma cocada? Era um sinal de quê Capitu estava bastante preocupada e pensativa.
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📚✍🏽Referências.
Darcy Cruz, O vendedor de cocada, 1931.
óleo sobre tela, 50 x 70 cm 🔖 Qualquer óbice em relação a tela por favor nos avisar. Uso Educacional.
(1)(2) Freyre, Gilberto. Açucar: uma sociologia do doce, com receitas de bolos e doces do Nordeste do Brasil, 5 ed. SãoPaulo: Global, 2007. p,31- 32.
(3) Machado de Assis, J. Maria. Dom Casmurro, São Paulo, Átila, 1974. p.15.
Machado de Assis, em Dom Casmurro nos lembra do homem que vendia cocadas as tardes pelas ruas do Rio de Janeiro: "Tínhamos chegado à janela (...) desde algum tempo (...) vinha apregoando cocadas, parou em frente e perguntou:
--Sinhazinha, qué cocada hoje?
--Não, respondeu Capitu.
--Cocadinha tá boa.
--Vá-se embora, replicou ela sem rispidez.
--Dê cá! disse eu descendo o braço para receber duas. Comprei-as, mas tive de as comer sozinho; Capitu recusou. Vi que em meio da crise, eu conservava um canto para as cocadas, o que tanto pode ser perfeição, como imperfeição, (...) fiquemos em que a minha amiga, (...) não quis saber de doce, e gostava muito de doce".(3) A cocada era para Machado de Assis, um dos seus doces preferidos. Talvez por isso, a ênfase de que Capitu estaria muito preocupada com o que Bentinho havia lhe contado pouco tempo antes, pois, havia recusado o doce, mesmo gostando muito de doce. Afinal, quem recusaria uma cocada? Era um sinal de quê Capitu estava bastante preocupada e pensativa.
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📚✍🏽Referências.
Darcy Cruz, O vendedor de cocada, 1931.
óleo sobre tela, 50 x 70 cm 🔖 Qualquer óbice em relação a tela por favor nos avisar. Uso Educacional.
(1)(2) Freyre, Gilberto. Açucar: uma sociologia do doce, com receitas de bolos e doces do Nordeste do Brasil, 5 ed. SãoPaulo: Global, 2007. p,31- 32.
(3) Machado de Assis, J. Maria. Dom Casmurro, São Paulo, Átila, 1974. p.15.
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