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Ah! Nossa memória gustativa (...)

Olá, leitores!
Ontem conversando com meu esposo, ele lembrava dos biscoitos de nata e suspiros que sua mãe fazia e que ele comia aos bocados. Ele lembrou, com certa saudade daqueles minos saborosos, dizendo que em nenhum lugar ele provou iguais aos da sua mãe. Aquelas  delícias de criança ficaram na memória. 

Pensei em como nossa memória gustativa nos traz sabores que nunca vamos esquecer... comecei a lembrar de que quando criança adorava uns caracóis doce que vendiam perto da casa de minha tia Néia e que nunca provei igual, toda vez que ia passar o dia na casa dela, eu fica esperando a hora de comer aquela delícia... e a tardinha quando íamos embora para minha casa, ela parava na frente da casa da senhora que vendia estas delícia e comprava um pra mim...que gostoso que era...gosto de felicidade simples que somente as crianças tem a capacidade de sentir.
Bem, depois que abri o portãozinho da memória gustativa as imagens e sabores diversos começaram a povoar minha mente: lembrei dos sonhos que minha mãe fazia e que nenhum confeiteiro do mundo é capaz de fazer igual, lembrei das gingas que colhíamos no quintal de minha tia Luzia e comíamos feito comidinha nas horas de brincadeiras... lembrei das ameixas, jacas, mangas, ingas e castanhas de caju torradas na fogão à carvão que meu pai fazia quando íamos passar o final de semana no sítio de minha tia Ivete...lembrei do café com pão caseiro que comíamos na casa de minha avó Consolo e que tinham sabor de casa de vó! Lembrei até do chá de casca de laranja que ela fazia e que eu não suportava...agora esse chá tem gosto de saudade!

Muitas outras lembranças gustativas vieram a minha mente... Lembrei, inclusive daquela fabula do rei: que um dia perdeu-se após uma caçada e depois de ficar com fome por dias, encontrou uma casa onde o dono lhe fez uma omelete. Depois de voltar ao castelo, o rei tentou de todas as formas reviver aquela memória gustativa, chamou os melhores chefes do mundo e nada. Ele não achava as omeletes que lhe faziam saborosas como aquela que havia comido ao se perder. Foi então, que percebeu que o gosto maravilhoso que havia sentido não foi da omelete em si, mas, o fato dele depois de dias andando pela floresta ter saboreado uma simples omelete que lhe salvou a vida. 
Tive a certeza, então que minhas memórias gustativas me são muito preciosas, pois todos esses alimentos estão à venda e posso compra-los, mas toda vez que eu comer, eles não terão o mesmo gosto, porque foi muito mais que um sonho ou uma castanha de caju torrada que eu comi naquela época... ao comer o sonho ou o caracol guardei pra mim aquele momento, aquele ambiente as pessoas que estavam comigo, o alimento tornou-se em sentimento dentro de minha memória e mais cedo do que imaginamos a lembrança volta pra nos lembrar do que vivemos. 
Até o próximo prato!

Comentários

  1. Vim aqui rapidinho pq tem um blog q acompanho e a dona tá vendendo alguns dos seus livros, daí vi esse aqui: http://hillevendetudo.blogspot.com/2012/03/r15-vida-sexual-dos-alimentos-bunny.html E achei que poderia te interessar. Tomara que eu esteja certa e, se estiver, que não tenha sido vendido ainda. Um abraço, moça, depois volto pra ler o post.

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