Em 6 de janeiro de 1950, a Casa Fé em Deus, localizada na Travessa Oriental do Mercado, n.5 e de telefone 2285, de propriedade de Joaquim Escalda e que era "depósito da afamada farinha FÉ EM DEUS" recebia em "consignação todos os gêneros de produção do interior". (1) o anúncio nos permite entender duas questões: a primeira diz respeito ao fato de que o estabelecimento era muito conhecido pela população ja que tinha "numerosa freguesia da capital e do interior do Estado " não apenas era conhecida aqui na capital como nos interiores também. Uma segunda questão diz referência ao fato de que a dita casa vendia a "afamada farinha FÉ EM DEUS! Deveria oferecer uma farinha de excelente qualidade já que ela era tão afamada. Então, se comia muita farinha em Belém? Com certeza, a farinha era alimento de primeira necessidade, era a farinha de todo dia, e juntamente com a carne Verde ou seca e o peixe compunha a lista de alimentos de primeiranecessidade, tanto na capital quanto nos interiores.
Grande parte da farinha consumida em Belém provinha dos interiores. Ela desembarcava todos os dias nos portos vinda dos interiores. Especialmente, a farinha de Bragança. Aliás, desde fins do século XIX a farinha de Bragança já era "tida" como uma das melhores. Em 1875, o presidente Dr. Pedro Azevedo, esclarecia que " a mandioca é um gênero de cultura effectiva no município de Bragança, de onde transformada em farinha é exportada em grande porção para a capital". (2) Contudo, outros interiores também produziam a farinha como Marapanim, Portel, Vigia, Melgaço Vizeu, Muaná, Itaituba, Soure, Faro entre outros. Spix e Martius, relataram em 1819 que "o homem do povo nutri-se principalmente de farinha de mandioca, peixe seco e carne seca, esta última vinda da vizinha Ilha de Marajó ". (3). E você como vai comer sua farinha hoje?
(1) Folha do NORTE, 6 de janeiro de 1950.
(2) Relatório Exm. Snr. Dr. Francisco Maria Corrêa de Sá e Benevides. Em 17 de janeiro de 1875. Pará. Travessa de S. Matheus, n.29. 1875, p. 62.
(3) SPIX, Johann Baptiste Von e MARTIUS, Carl Friedrich Philippe Von. Viagem pelo Brasil. (1819-1829). Vol III, Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, 1938. P. 167/69. 📖 MACÊDO, Sidiana da Consolação Ferreira. Do que se come: uma
história do abastecimento e da alimentação em Belém (1850-1900). São Paulo: Editora Alameda, 2014.
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