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Guaraná Globo.

Quando criança, lá pelo fim dos anos 80, era comum quando ficávamos doentes "ganhar" um guaraná pra que ficássemos bons logo, quem lembra disso? A começar que refrigerante não se tomava sempre, tomar refrigerante era algo destinado aos aniversários, domingos e dias festivos. Eu adorava quando ficava "doente" e ganhava a minha garrafinha de Guaraná. Ninguém podia tomar, somente eu! Lembro da primeira viagem que fiz pra Europa e todo lugar que chegava era automático pedir guaraná, e obter a resposta que não tinham...era o indicativo que eu havia saído do Pará. A fábrica Globo, do Pará, de propriedade de Duarte & Fonseca, localizada na rua dos Timbiras, era uma das mais famosas em Belém pela produção de Guaraná. No anúncio datado do ano de 1952, "a marca consagrada em todo Brasil" trazia em seu anúncio o "nectar da Amazonia".(1) Aliás, desde início da década de 1940, a Fábrica Globo já vendia seu famoso Xarope de Guaraná, anunciando que em “bares, botequins e todos os lares, actualmente, faz-se uso constante dos Xaropes finíssimos da Fábrica Guaraná Globo”, não sendo “segredo”, proclamava o anunciante, que o “resultado de tal preferência” residia na “pureza absoluta” e “paladar agradável” dos “deliciosíssimos” Xaropes que fabricava e vendia em Belém do Pará.(2) O uso do xarope de guaraná, o qual para ser consumido deve ser misturado com água, atravessaria a primeira metade do século XX. Em 1952, o guaraná, no formato de refrigerante que borbulhava na taça do anúncio e dava um efeito de "tão saboroso" e que era produzido por uma fábrica muito conhecida e tida como de alto padrão na capital paraense. Até hoje a fábrica globo existe, os xaropes de Guaraná são uma espécie de "identidade" nossa, de saber que estamos na fronteira do Pará. #daquiloquesecome #food #história #Belém #comidacomhistória #historiadora #sidianamacêdo #alimento #indústria 
Referências:(1) Pinto, Lúcio Flávio. Memória do Cotidiano, volume 9 -Belém, 2017. P. 63.
(2) Folha do Norte, 14 de janeiro de 1939. p. 02.MACÊDO, Sidiana da Consolação Ferreira de. A Cozinha Mestiça uma história da Alimentação em Belém fins do século XIX. Programa de Pós graduação em História social da Amazônia. UFPA. 2016.

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