O primeiro depoimento sobre a alimentação dos indígenas em 24 de abril de 1500, na então ilha de Vera Cruz, quando Pero Vaz de Caminha descreveu o "estranho" cardápio dos indígenas, a mandioca estava lá. Assim dizia a Carta de Caminha "tinham, a saber, muito inhame e outras sementes, que na terra há e eles comem". (1). Naquela época, a mandioca era denominada de inhame. Segundo o autor nos primeiros anos de colonização, as descrições feitas da mandioca eram com a denominação de inhame. Gavriel Soares de Souza ao descrever a mandioca dizia que " é uma raiz de inhame". Pero de Magalhães Gandavo informava em 1573 que "Esta se faz da raiz duma planta que se chama mandioca, a qual é como inhame".(2) Esse inhame não era aquele consumido na África mas, sim, a mandioca, pois como certifica o autor " Não havia o inhame atingido ao Brasil quando os portugueses desembarcaram em Porto Seguro. Veio deliberadamente traziso de Cabo Verde, da Ilha de São Tomé, entreposto de muita utilidade no século XVI para a terra brasileira, coqueiro, bananeira, arroz, cana-de-açúcar...A raiz que alimentava o brasileiro era é a mandioca (Manihot utilíssima Pohl)" (3). A mandioca era então elemento principal, a base, da Alimentação dos grupos indigenas, ao longo de todo território brasileiro. Câmara Cascudo nos diz que "(...) a mandioca vivia nos dois elementos inarredáveis da Alimentação indígena:a farinha e os beijus. O primeiro constituía o conduto essencial e principal, acompanhado todas as coisas comíveis, da carne à fruta. O segundo fornecia bebidas, além de ser a primeira matalotagem e jornada, de guerra, caça, pesca, permuta, oferenda, aos amigos. Assim, do século XVI ao XX". (4).Assim, a mandioca chegou até nós povoando de sabores únicos nosso paladar Nortista com farinhas, tapiocas, beijus, tucupis e tantos sabores nossos...
🎨Ilustração Cláudia Scatamacchia in: Cascudo, Luiz da Câmara. História da Alimentação no Brasil. 3 ed. São Paulo: Global, 2004. P.90. 🔖 Qualquer óbice em relação a imagem por favor nos avisar.
(1) Cascudo, Luiz da Câmara. História da Alimentação no Brasil. 3 ed. São Paulo: Global, 2004. 74. (2)(3) Apud Cascudo. op. cit. p. 77,78,79 e 80. (4) Cascudo. op. cit.,p.91.
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