Ontem eu contava pra Marji como quando eu era criança e morávamos lá em Abaeté, no Santa Rosa, eu acho que eu tinha a idade que ela tem hoje, 8 anos, meu pai na frente de nossa casa fez uma bonita fogueira, pra mim, no alto dos meus 8 anos era uma fogueira "imensa" não havia maior, contei da alegria que foi acender a fogueira, da alegria com os estalos e folguedos de São João, da gente na porta de casa esperando a fogueira queimar pra enfim "pular a fogueira". E neste dia, podiamos dormir um pouqinho mais tarde, porque todo mundo queria "pular a fogueira". Os olhinhos dela brilhavam ouvindo. Quem hoje não está saudoso de uma festa Junina? Quem sente até o cheirinho típico desta época do ano? Como hoje é dia de São João, data muito comemorada em Belém e nos interiores desde sempre, trago dois anúncios de lugares que ofereciam um cardápio em comemoração a essa data, e comemorar quer dizer com muita comida junina e saborosa, tão cheirosa! Era véspera de São João, 23 de junho de 1926, quando a Confeitaria Central, estava vendendo "Bolos São João", uma especialidade que estava disponível para as comemorações juninas. (1) No Sousa-Bar, por sua vez, oferecia "fogos fogueiras e fogueirinhas (...)" com uma "deslumbrante iluminação á minhôta!" E pra fechar com chave de ouro uma "cozinha primorosa" com muito "SCHOPP ESPECIAL" ao que seria "uma noite encantadora". (2) Eu acho que São João fez parte da vida de muita gente e ainda hoje faz, como não lembrar das palavras de Eneida de Moraes "São João é personagem de minha infância; de São João sou velha e dedicada amiga"E ainda, "em minhha terra, na longínqua e amada cidade de Santa Maria de Belém do Grão-Pará. Há uma prática extremamente bela e perfumada, que se chama o banho de cheiro ou banho da felicidade". (3). Assim era a noite de São João de Eneida, semelhante a muitos de nós, com "balões subindo aos céus sem constituírem perigo, fogueiras crepitando, banho de cheiro fervendo, castanhas pulando quentes do meio do fogo, munguzá em cuias, famílias crescendo, as festas caipiras, os ramos de jasmins e os Boi-Bumbá (...)". (4)
(1) Folha do Norte. 23 de junho de 1926.
(2) Folha do Norte. 23 de junho de 1926.
(3) MORAES, Eneida de. Aruanda. Belém: Secult; 1989. p. 69.
(3) Moraes, op. cit.,p. 75.
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