No caso deste prato, em particular, ele já
aparece nos relatos desde o século XVII (1)
Vicente Salles nos diz que o Caruru é um prato regional amazônico, com este nome indígena, contém a contribuição do negro".(2) Existe o Caruru Paraense e o Baiano é existe diferenças entre eles. Salles traz esse entendimento a partir da leitura de Câmara Cascudo que descreve o Caruru como sendo uma “Iguaria indígena constando de um esparregado de bredos, hera vulgar cararu, escreveu Piso, médico do Conde de Nassau, 1638-1644 : come-se este bredo como legumes”.(3) Sendo um prato que viajou para África Ocidental e Oriental, onde “As pretas minas da Costa do Ouro (Gana), as do Daomé (...) fazem o caruru de mistura com bolos de milho e peixe, e mesmo galinha cozida”.(4) Foi na África que ele ganhou ingredientes locais e voltou ao Brasil com a forma que é consumida ainda nos dias de hoje: “O caruru transformou-se na África, partindo do pirão do brasileiro caá-riru, os bredos, ajudado pelo quiabo, planta africana que toma o nome de calulu, pela sua participação”.(5) O caruru brasileiro era então “um esparregado, esmagado de ervas, acompanhando outra comida, peixe ou carne”.(6) Contudo, existem autores que defende a origem do prato sendo da África, um deles é Antenor Nascentes, em seu texto "Três brasileirismos" publicado na Revista Brasileira de Etimologia,em 1955, diz que o Caruru:"provém exclusivamente do africano,corruptela de Kalulu, com troca do l pelo r e com uma assimilação progressiva do u".(7) Já Jacques Raymundo, em seu "O Negro brasileiro é outros escritos", fala em "étimo Kalulu, que diz ser voc. Da Guiné, na Costa dos Escravos, certamente nagô ou daomeano". (8) Assim, é bom que se diga como nos aponta Salles que: "Os estudiosos estão divididos nas duas correntes. E a controvérsia indica, conclusivamente, a aproximação cultural entre negros e índios". (9) E você gosta de Caruru? Na sua cidade têm pra vender? Me conta!!!
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📚✍🏽Referências.
📸 Morais, Raimundo. O meu dicionário de cousas da Amazônia. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2013, p. 54.
(1) Macêdo, Sidiana da Consolação Ferreira de. A Cozinha Mestiça uma história da alimentação em Belém. (Fins do século XIX e início do século XX). PPGHIST. UFPA, 2016. p. 231/232
http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/8849 (2)(9) Salles, Vicente. Vocabulário Crioulo: contribuição do negro ao falar regional amazônico. Belém:IAP, Programa Raízes, 2003. p, 122.
(3)(4) (5) (6) CASCUDO, Luís da. História da alimentação no Brasil: pesquisa e notas. Belo Horizonte: Itatiaia, 1983; FREYRE, Gilberto. Casa Grande Senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. 28º ed. Rio de Janeiro: Record,1992. p. 181.
(7) Antenor Nascentes, Apud Salles, p. 122. (8) Raymundo Jacques, Apud Salles, p. 122.
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