Pular para o conteúdo principal

As hospedarias.

As hospedarias também como lugares de pouso, comida e bebida são importantes para pensar os lugares de comer ao longo da história. Segundo Marie-Claire Grassi, " (...) o termo hostellerie [hospedaria] tem etimologicamente suas cartas de nobreza. O ancestral da palavra é uma palavra nobre e nada tem a ver com o termo popular albergue. Hostellerie vem de "Hostel". No século XIII, encontramos "hostel" que significa originalmente acampamento provisório, e bem depressa residência, alojamento, abrigo (...)" (1) E ainda, "No final da Idade Média, o ostel se aplica a lugares oficiais ou prestigiosos: o ostel do rei". (2) Mas, apesar da palavra ter origem nobre as hospedarias davam receio ao viajante já que segundo nos esclarece Elliott Shore, "As hospedarias tinham a reputação de ser mal frequentadas e de ter uma comida horrível" (3) quem não lembra de Dom Quixote que numa hospedaria "o anfitrião lhe trouxe uma porção de bacalhau que estava mal preparada e ainda mais mal cozida, e pão taopreto e sujo quanto sua armadura(...)".(4)  Em outra, hospedaria a opção se resume em patas de vaca servidas com grão-de-bico, cebolas e toucinho. Na imagem, de Cristobal Valero, têm-se Dom Quixote bebendo em uma hospedaria. É possível ver o aspecto rústico do lugar em paralelo com as "modas" de Dom Quixote sendo auxiliado por duas mulheres para que pudesse conseguir comer e beber já que não conseguia tirar seu capacete. Interessante observar como os locais de comer mudam ao longo da História, muitos deles ganham novas leituras e funções. 🫖
.
.
.
🗨✍🏽 E você conhece outro livro que as cenas se passam em locais de comer? Qual? 💬
.
.
.
Referências. 
🎨 Cristobal Valero.  Art. Archive/Dalila Orti. In: A História do sabor. Paul Freedman (org) trad: Anthony Sean Cleaver. SãoPaulo: Editora Senac São Paulo, 2009. p. 304. 🔖Qualquer óbice em relação a imagem por favor nos avisar.  
(1) (2) Marie- Claire Grassi. Do Albergue ao Hotel. In:O livro da hospitalidade:acolhida do estrangeiro na história e nas culturas/ sob a direção de Alain Montandon. Trad: Marcos Bagno e Lea Zylberlicht. São Paulo:Editora Senac São Paulo, 2011.p. 537. (3) (4) Shore, Elliott. Jantando Fora: o desenvolvimento do restaurante. In: A História do sabor. Paul Freedman (org) trad: Anthony Sean Cleaver. SãoPaulo: Editora Senac São Paulo, 2009. p. 303. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A bolacha preta.

Bom Dia! Em fins da década de 80, fazíamos as famosas viagens de carro, no meu caso era de caçamba mesmo,  meu pai que é do Rio Grande do Norte, levava toda a família pra visitar a família dele e íamos felizes daqui do extremo Norte para o Nordeste. Lembro que nas viagens, em especial, na volta mamãe trazia uma boa reserva de Bolacha Preta, que eu vinha degustando e que tanto adoçavam minha viagem e meu paladar. Eram dias muito felizes e saborosos! Na última viagem que minha mãe fez, eu pedi que me trouxesse a dita bolacha, queria matar a saudade gustativa. A sorda é um popular e tradicional biscoito originário do nordeste brasileiro. Feito de uma massa composta de trigo, mel de rapadura e especiarias, tais como cravo, canela e gengibre. É fabricado artesanalmente ou industrializado por fábricas panificadoras em quase todos os estados do nordeste brasileiro, sendo muito consumido na área do sertão. Conhecido também em algumas localidades por bolacha preta, vaca pr...

É CARNAVAL.

Na pintura de Debret temos uma imagem do Carnaval  ou como era chamado no século XIX, de Dia d'entrudo. O dia d'entrudo que começava no domingo e seguia-se nos três dias gordos, era dia de festa em que os brincantes se jogavam "limões "cheios de água perfumada. A cena se passava no Rio de Janeiro, no ano de 1823. Segundo Debret: " O carnaval no Rio e em todas as províncias do Brasil não lembra, em geral, nem os bailes nem os cordões barulhentos de mascarados que, na Europa, comparecem a pé ou de carro nas ruas mais frequentadas, nem as corridas de cavalos xucros, tão comuns na Itália. Os únicos preparativos do carnaval brasileiro consistem na fabricação dos limões-de-cheiro, atividade que ocupa toda a família do pequeno capitalista, da viúva pobre, da negra livre que se reúne a duas ou três amigas, e finalmente das negras das casas ricas, e todas, com dois meses de antecedência e à força de economias, procuram constituir sua provisão de cera. O limão-...

Quadrados Paulista.

Olá, leitores! Essa receita é daquelas que é sensacional, veja bem: eu coloquei dois conceitos no meu livro um M/ DE MARAVILHOSO E UM E/excelente de tão boa que é!Façam, hoje mesmo :) sem palavras para descrever a tal gostosura. Quando fiz e provei essa receita, entendi que o livro Dona Benta tem raridades únicas e me questionei como aquela blogueira fazia duras críticas ao livro? Por que a minha experiência com ele a cada receita tem me deixado mais maravilhada, só posso pensar que a pessoa não deva entender muito da grandiosidade que é um livro que por gerações vem fazendo parte da cozinha de tantas pessoas...Enfim, vamos a receita: Quadrados Paulistas: p. 829. Ingredientes: Massa: 1 xícara chá de manteiga. 2 xícaras chá de açúcar. 2 xícaras chá de trigo. 1 colher de chá de fermento. 1/2 xícara de leite. 4 ovos separados. Glacê: Açúcar. Água ou sumo de laranja. Modo de Fazer: passo-a-passo:  Bata a manteiga com o açúcar, junte as gemas,...