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As tavernas.

Os locais de comer também surgem da necessidade de hospitalidade. Uma hospitalidade que é também comércio e não gratuita. Os locais de comer associados ao comércio foi estrutura certa nas cidades ao longo da História.  Assim, Desportes nos diz que "os ofícios ligados à alimentação estão em todos os lugares da cidade. Nem precisamos insistir na grande quantidade de tabernas, albergues e hospedarias instalados de preferência nas entradas ou nos entroncamentos, próximos lugares de aglomeração,  praças e mercados, portos onde desembarcam as mercadorias, escolas e colégios". (1) É possível entender que a Idade Média aparecem de forma mais constante os "primeiros" locais de hospitalidade que eram pagos. Segundo Hans Peyer, as Tabernas ou tavernas remontam "ao Império romano, as lojas de vinho e as bodegas (taverna, caupona, popina), assim como as hospedarias que punham à disposição de seus clientes lugares onde dormir e estrebaria (taberna, hospitium, diversorium, mandioca, stabulum), se multiplicam nas cidades, progressivamente, nas etapas e nas postas (pontos de parada onde se efetuava a muda de cavalos dos veículos) que ficavam ao longo das grandes estradas do Império". (2) E ainda, "As tabernas romanas compunham-se em geral de uma cozinha e de uma sala de jantar aberta para a rua (...) a Alimentação que se servia nesses lugares era quase sempre muito frugal -pão, sopa de peixe, eventualmente um pouco de carne e principalmente vinho". (3) Esses locais atendiam principalmente pessoas de classes tidas como inferiores e onde havia embriaguez e bebedeira em excesso.
Na imagem, uma Taverna alemã reproduz bem esse ideário. Nela ainda é possível visualizar a presença em grande maioria dos homens, o aspecto rústico do local, feito de madeira e os barris vazios pelo chão.
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Referências.
📸  Fotografia do Nordiska Museet, Estocolmo.  In:Franco, Ariovaldo. Gastronomia:uma breve história ilustrada. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986. p. 88. 🔖Qualquer óbice em relação a imagem por favor nos avisar. p. 86.
(1) Desportos Françoise. Os ofícios da alimentação. In: História da alimentação.  Jean-Louis Flandrin e Massimo Montanari. Trad: Luciano Vieria Machado, Guilherme J. F. Teixeira. São Paulo: Estação Liberdade, 1998. p. 423.(2) (3) Hans Conrad Peyer. Os primórdios da hotelaria na Europa. In: História da alimentação. op. cit., p. 439. 

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