Era uma vez...Tia Rufina...
Olá, leitores!
Era uma vez...Tia Rufina...
Lembro hoje da história de tia Rufina, a qual, segundo relato do inglês Henry Bates, que viajou
pela Amazônia entre 1848 e 1859. Fez sua própria história, Bates conheceu esta “velha negra” chamada Tia
Rufina, em Belém, deixando em sua casa suas coisas quando se ausentava em
viagem. Segundo Bates, Tia Rufina nasceu escrava e como tal obtivera permissão
para “comerciar” por conta própria no mercado, pagando uma quantia fixa ao seu
senhor.
Assim, conseguiu em “poucos anos” economizar e comprar a sua liberdade
e a de seu filho já adulto. Depois de livre Tia Rufina não esmoreceu,
continuando seu comércio, conseguindo comprar sua casa, “uma propriedade de
valor, localizada numa das principais ruas da cidade”. Mas, ainda não era tudo.
Sete anos depois, Bates voltou a encontrar Tia Rufina, e “ela continuava
prosperando, unicamente pelo seu próprio esforço (era viúva) e o de seu filho”
que trabalhava como ferreiro. Nesta ocasião, Tia Rufina empenhava-se na
construção de vários “chalés num terreno baldio situado ao lado de sua
casa”.
O caso de Tia Rufina
talvez seja incomum, mas o seu ‘comércio’ que lhe rendeu tanto, era comum a
muitas mulheres escravas, forras ou livres, isto é, a atividade de preparar e
vender comes e bebes nos mercados ou ruas de cidades como Belém ou outras
espalhadas pelo Brasil.
No Rio de Janeiro a crioula Bertoleza, personagem de O
Cortiço de Aluísio de Azevedo, que vendia angu de manhã e peixe frito e iscas
de fígado à noite juntando o suficiente para sua alforria,mais, acabou seus dias
enganada por João Romão a quem ajudou com seu trabalho a prosperar e ficar
rico?
Bates conta ainda que nas portas das
igrejas de Belém em época de festas como a do Círio várias escravas vendiam em
seus tabuleiros licores, doces e cigarros.
Mas que comes e bebes então vendiam as escravas pelas ruas? Não temos
certeza, mas se imagina que além dos licores e doces de frutas regionais, elas
vendiam comidas aos trabalhadores e populares de passagem, ou que já eram seus
fregueses habituais. Quais? O vatapá, o caruru, a moqueca, o peixe frito e a
farinha que nunca podia faltar. Em certas ocasiões, como em épocas de festas
religiosas, podiam vender ainda a canjica ou mungunzá.
Até o próximo prato!
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