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Mostrando postagens de 2020

O pão e o Ano Novo.

E o Pão? Qual a relação com o Ano Novo? Neste caso os pães bentos consumidos na passagem do ano ganham importância nas casas. O pão desde a Antiguidade tem um significado simbólico imenso. É considerado sagrado aos cristãos. Como nos diz Souto maior não se pode " atirar o Pão fora, deixá-lo cair propositadamente, não o erguer, benzendo-se com ele, símbolo da vida e guarda so espírito de Deus na hóstia. Quando ele cai da mão, inadvertidamente, alguém da família está passando necessidade (...)".(1) O pão em diversas culturas é considerado um alimento da vida, que deve ser respeitado. Muitos contos antigos tem como figura central o pão. A Bíblia nos mostra como o pão ganha importância simbólica. "O milagre dos peixes e pães", "A ultima Ceia" são momentos em que o pão é associado a vida e a fartura. Como nos ponta o historiador Jacob, Cristo "ao proferir a oração do pai-nosso, havia pedido ao Pai "o pão nosso de cada dia", e naturalm...

Vinho, romã, figo e pão...a virada do Ano Novo.

A passagem do Ano Novo é repleta de simbologias e "rituais" em nossa sociedade, pular as setes ondas, não usar determinadas cores na passagem do ano e comer determinados alimentos pra atrair boas vibrações no ano que se inicia. Essas associações do alimento que trazem boas vibrações e/ou sorte/felicidade são bem antigas, os romanos já faziam usos da Romã, do figo e do vinho como alimento/bebida que traziam felicidade e sorte. Como nos aponta Dupont "não apenas os romanos, como todos os outros povos, "comem o simbólico", mas também, em sua relação com os alimentos, privilegiam sua dimensão simbólica". (1) No quadro do pintor espanhol Luis Egidio Meléndez, Bodegón: pan, granadas, higos y objetos, vemos quatro dos alimentos que ganham importância simbólica na ceia e festividades do Ano Novo. O vinho assim como o champanhe não podem faltar nas comemorações de fim de ano, ambos são produzidos pelas uvas, que historicamente, estão associadas a sorte,...

As fábricas e ofertas de Natal.

Em 22 de dezembro de 1928, os paraenses para deixar sua ceia de Natal mais completa podiam ligar para a Fábrica Victoria, no número 520 e comprar "bolachas, doces e massas alimentícias" (1) Ou ainda, ir a tão famosa Fábrica Palmeira, de Jorge Correa & Cia e comprar o "Pão Palmeira typo Parisiense" que " de fabricação mecanica, moderna e hygienica. O pão da Fábrica Palmeira faz de cada consumidor um amigo. É de fácil digestão e não azeda no estomago, constituindo o melhor alimento para as pessoas delicadas, dyspepticas. Provando ficará convencido".(2). As opções de gêneros alimentícios nessa época do ano eram variadas para as comemorações das festividades de final de ano. Assim, para além das padarias, confeitarias e cafés, os doces e biscoitos podiam ser encontrados em estabelecimentos fabris, que não só podiam vender seus produtos diretamente aos consumidores, no varejo, como também forneciam os mesmos no atacado p...

Sagrada Família de Josefa de Óbidos.

Feliz Natal com tela Sagrada Família em volta da mesa composta por peixe, melão, pão, sal e cenouras. Nada mais perfeito pra ser compartilhado aqui, não!? Notem que tudo na mesa é muito simbólico, dois dos alimentos postos fazem parte dos milagres de Cristo. O pão e o peixe. O sal é outro alimento sagrado e simbólico para a humanidade. Josefa ainda nos contempla com o fogo representado na vela e que o menino Jesus observa com tanta atenção enquanto seus pais observam o filho. É linda demais a tela e tudo que ela representa. . . . Um dos Museus mais bonitos em Portugal é o Museu de Évora. Uma riqueza! Aliás, Évora é um presente de linda! . . . Josefa de Óbidos é uma das minhas pintoras favoritas, sou encantada com as suas telas. Referências. 🎨 Josefa de Óbidos. Sagrada família (Benedictus). Óleo sobre tela, 98,8 x 87 cm. Museu de Évora, Inv ME 618. 🔖 Quslquer óbice em relação a imagem por favor nos avisar. 

Bar Pilsen e as ofertas pra ceia de Natal em Belém.

Qual era a "mesa posta" oferecida para os moradores da cidade de Belém em outros Natais para além dos doces? Em 24 de dezembro de 1926, no Bar Pilsen, para "commemorar o grandioso dia da Christandade (...) preparou (...) o seguinte irresistível menú: Sopa de puré de condé, bacalhau à portugueza, Bacalhau à Lisboeta, empadinhas de camarão, casquinhos de caranguejo ao molho verde, mayonaise de pescada. Camorim recheado à franceza, bolinho de camarão, Sardinhas à Pompadour. Polvo à portugueza, Gallinha ao molho de manteiga, franguinho de cabidella. Leitão recheado c/ovos, Paulista ao molho hollandez. Sobremesa: creme de abacate, bolo inglez, castanhas nozes, figos, passas e amêndoas". (1) Voltando um pouquinho no tempo, no natal de 1897, os preparativos para as comemorações do Hotel Chat Noir, da seguinte forma: "(...) "tradicionais castanhas cosidas e assadas; o bom bacalhau e o picante polvo à portuguesa - tud...

Os doces em Belém: Bolo Rei entre outros.

E na cidade de Belém como eram as ofertas de doces da época das festas de fim de ano? Nos períodos natalinos e de Ano Novo, os doces ocupavam um papel de destaque na cidade de Belém, semelhante a realidade de Lisboa. Os anúncios das festas de fim de ano nos permitem perceber essa realidade. A Fábrica Palmeira e sua confeitaria na década de 1920, oferecia o "Bolo rei feito com maior esmero, e do mais delicioso paladar, vende-se somente na fábrica Palmeira. Além desta especialidade, temos grande e variado sortimento de doces finos, Pão de Lot, biscoitos, amêndoas e bom-bons. Grandes novidades com cartonagens própria para brindes. Muitas variedades de bolos e o especial ‘Torrão Hespanhol’ .(1) No ano de 1891, na Casa se Riscas de D. J. Antunes na rua de Santo Antônio, havia para a venda de Natal e Ano Novo "fructas crystalisadas em vidros e bocetas infeitadas, queijo da Serra da Estrella, passa ...

Doces portugueses natalinos.

Em datas festivas, como Natal e Dia de Reis, muitas padarias e confeitarias recebiam encomendas de bolos e doces para as comemorações. O Bolo Rei era um dos doces consumidos nessa época. Mas, para além deste bolo, que outros sabores faziam parte da mesa Natalina em Lisboa, no século XIX? Em 25 de dezembro de 1874, os jornais traziam vários anúncios de comidinhas para o Natal, a exemplo, na Confeitaria Central, no Largo do Calhariz, n°3 havia a oferta de "broinha de mel e de especie de ovos, se expõe hoje á venda o melhor que se fabrica n'este genero. Lampreias e peixes de ovos, pasteis de todas as qualidades, podins, pão de ló, bollo inglez e muitos outroa doces proprios da festa, licores e vinhos finos". (1) No mesmo dia, na Confeitaria Lisbonense, localizada na rua larga de S. Roque, número 135, havia "Extraordinaria porção de broinhas do Natal. Queijadinhas, fartos e morgados, proprios d'e...

Bolo Rei.

Uma das tradições mais antigas da época da Natividade e do dia de reis é o Bolo Rei. O Bolo Rei, tem uma tradição forte em Portugal na quadra natalina e festa de reis. E foi por essa influência que ele "chegou" no Pará. Mas, você sabe qual é a origem do Bolo Rei?  Originalmente, este bolo remonta aos festejos romanos de Saturnália, na Antiguidade, quando para eleger o "rei da festa" colocava-se uma fava seca numa torta redonda e quem achava a fava em seu pedaço, tornava-se o rei da festa. A Igreja Católica converte a prática em hábito cristão da época das festividades de Natal e dia de reis. E como o costume de fazer o Bolo chega em Portugal e em Belém no século XIX e XX? A receita de um bolo redondo com frutas secas, passas e/ou castanhas com uma fava ou mimo dentro ganha popularidade na corte de Luís XIV, quando era elaborado para as festas de Ano Novo e do dia de reis. Naquela época além da fava também a...

Peixe-boi.

O consumo da carne do peixe-boi era muito importante na composição da dieta alimentar da região amazônica. Segundo Francisco Xavier Sampaio, no século XVIII, a carne de peixe-boi era apreciada, “principalmente a do ventre”, por ser “gostosíssima”. Dessa carne se faziam “chouriços com as próprias tripas”. Conforme deixou registrado em seu Diário da viagem da Capitania do Rio Negro, ainda que tivesse “o nome de peixe, tem mais gosto, e aparência, de carne”.(1) Ambrósio Fernandes Brandão, por sua vez, ressaltava a variedade do consumo da carne de peixe-boi em diversos pratos, inclusive como picados e almôndegas. Segundo Brandão: "Este pescado se toma e pesca às farpoadas pelos rios aonde desembocam os de água doce, e comido tem o mesmo sabor e gosto da carne de vaca sem haver nenhuma diferença de uma cousa ou outra, entanto que, se misturarem ambas as carnes em uma panela dificilmente se conhecerá uma da outra. E por este respeito se come este pescado cozido com couves, ...

O "Sururú" de Alagoas.

O que parte dos moradores da cidade de Belém, num sábado de 5 de outubro de 1929 estavam procurando pra comer??? Um dos petiscos procurados segundo os anúncios era o "Sururú de Alagoas". No Bar Pilsen inclusive, se dizia que "só um petisco attrahe: Sururú de Alagoas". Ao que parece o Sururú estava na onda gastronômica daquele momento já que: " O Sururú de Alagoas é o melhor petisco que se encontra nos principaes hoteis e bars desta cidade ". O referido anúncio nos indica uma preferência naquele momento pelo Sururú de Alagoas como um dos petiscos mais procurados. Mas, acima de tudo nos permite entender como o mundo da Alimentação nos possibilita uma circularidade(2) de cozinhas e com elas novos hábitos, preferências e sabores. Já que um prato de consumo em Alagoas, torna-se lugar importante na preferência em Belém. O sururu, um molusco pertencente à família dos Mytilcidas, tem origem em Alagoas. Hoje prato de identidade...

O Pescador de Pirarucu.

 O Pescador do Pirarucu: Sujeito Social extremamente importante pra manutenção do abastecimento do peixe tanto nos interiores quanto na capital. Sem ele o comércio do pirarucu não alcançaria a importância que teve e ainda têm. Segundo Veríssimo Pereira, "O PESCADOR de pirarucu é um tipo característico de trabalhador encontrado, com freqüência nas zonas (...) amazônicas da grande Região Norte. (...) No comêço da vazante (meados de agôsto), ou no início das enchentes (meados de novembro), êsse tipo de pescador concentra tôda a sua atividade na grande pesca fluvial e lacustre, a qual se realiza, na Amazônia, mediante processos puramente regionais. No "tempo da salga" ou verão, sobretudo durante os meses de setembro e outubro, para fins comerciais e industriais, êsse tipo de pescador tem por objetivo principal a pesca do enorme peixe vulgarmente conhecido pelo nome de pirarucu".(1) E ainda, "leva todo o equipamento indispensável à operação ...

A "Salga" do Pirarucu...

O Príncipe Adalberto da Prússia, nos idos de 1842, salientava que das provisões que existia na sua embarcação era possível encontrar “farinha de mandioca, pirarucu (peixe seco que na Província do Pará substitui a carne seca) mel, melaço e cachaça”.(1) No caso do pirarucu, ao longo de todo estuário Amazônico, o processo de salga deste peixe seguia alguns métodos (preparação ) específicos como nos aponta José Veríssimo, "a mão (...) direita, armada da breve faca so pescador, a cada momento passada na pedra de amolar ali adrede, corre em golpes interminentes e seguros, entre a pele que se desprende e a rósea carne do grande peixe, as duas bandas (...) leva-as então para a vara estendida ali perto, e dando um golpe comprido da parte superior abaulada de cada uma delas, abre-as, adelgaçando-as à espessura desejada (...) tiradas as postas, ou as vai salgando ali mesmo sôbre o leito feito da pele escamosa, passando-lhes a mão espalmada cheia de sal sôbre a carne úmida e ros...

Pirarucu parte IV.

"Do hábito do pirarucu de vir de quando em quando à superfície tiram êles ensejo para a pesca do arpão, a mais frutuosa que lhe fazem. (...) Mas é sobretudo quando êle vem à tona e bóia é, como êles dizem, suave. Rápida emerge e logo mergulha a grande cabeça, o dorso volumoso e escuro assoma de fugida e prestes some-se sob as águas, e por fim a cauda, onde brilham as escamas vermelhas (...)". Após pescarem o pirarucu os pescadores vão preparar "Estendem-o de ventre no chão. Com a ponta de uma faca, se dorso voltada, fazem saltar a pancadas certas uma linha de escamas bem no fio do lombo e outras laterais, por sob operculos branquiais e bordas de cauda, logo abaixo da orla de barbatanas cartilaginosas que a borda". (1) Na fotografia intitulada " Um PIRARUCU pronto pra ser beneficiado" vemos a preparação do pirarucu após a pesca. O abastecimento de pirarucu na cidade de Belém era cotidiano, aliás, dentre os peixes que mais entravam na capital da ...

Pirarucu, parte III.

Em nossa terceira postagem sobre pirarucu, o diálogo será a partir de Inglês de Sousa, que com seu romance intitulado O Missionário nos permite conhecer os costumes alimentares nos interiores da Amazônia. Ao longo do livro, de 1891, Inglês de Sousa nos mostra uma dieta alimentar composta de pirarucu, farinha e, as vezes frutas. (1) E ainda, "Víveres não faltavam. A dona do sítio fornecer-lhes-ia anzóis e linhas de pesca (...) comeriam o seu peixe com bananas verdes assadas, petisco delicioso, capaz de despertar a gula dum santo. De resto bananas não faltavam no sitio e já cortadas (...) Tinham uma boa lasca de pirarucu seco, sal, bananas e anzóis, que lhes faltava?" (2). Você sabia que nos interiores eram comuns as feitorias pra pesca do pirarucu? Mas, o que eram as feitorias? Segundo Veríssimo, as feitorias durante período da pesca eram uma espécie de 'casa' dos pescadores que, sozinhos ou na companhia da família, formavam a habitação e armazém. Entre...

O Pirarucu, parte II.

E Alfredo que nas suas lembranças de Cachoeira lembrava das comidas que a mãe fazia como um "(...) um porco, um boi com os quartos amarelos de gordura no mercado em Cachoeira, a galinha dum amarelinho de manteiga que a sua mãe cozinhava. Gordos os tamuatás, o pirão com o pirarucu na brasa (...)". O menino lembra então do pirarucu na brasa acompanhado de um belo pirão. (1) Em relação aos peixes amazônicos, talvez nem um outro tenha chamado tanto a atenção de Oscar Leal como o “O pirarucu (Vastrix Cuveiru)” descrito, por ele, como o “rival do Bacalhau”, possivelmente, pelo fato de que quando salgado este peixe ter certa semelhança com o bacalhau. Assim, chamando atenção para o consumo do pirarucu ele observou que “substitui perfeitamente o bacalhau e como aquele tem particular sabor, vendem-no nas casas de secos e molhados e nas tavernas”. Segundo Leal o, “é um peixe pintado de manchas encarnadas – pira-peixe- urucu- vermelho”.(2) Ainda de acordo com Leal, o pirar...

Batatas à Poloneza.

E hoje, sexta-feira pede uma receita histórica, não é verdade!? Então, vamos com uma receita de Batatas á Poloneza, da Revista Belém Nova. Segundo Figueiredo e Junior a revista Belém Nova "foi um espaço exemplar que uniu estes setores intelectuais. Em sintonia com o movimento modernista brasileiro, esta revista teve circulação quinzenal entre 15 de setembro de 1923 e 15 de abril de 1929 (...)". Seu conteúdo girava em torno de "poesias, ensaios literários, contos, novelas, crônicas, reportagens locais, anúncios comerciais e colunas sociais(...)". (1) A Revista estava em sintonia com sua época, os anos de 20, onde as Revistas traziam colunas com receitas destinadas as "mulheres, donas de casa" e que cozinhavam para a família, em especial, para o marido, tal realidade justifica o nome da coluna da Revista Belém Nova, intitulada "Pra agradar os maridos" , ou seja, eram receitas destinadas as mulheres "com a intenção de ag...

Pirarucu

E ainda, segundo Osculati durante sua viagem nos idos de 1847, o pirarucu “alguns dos quais pesam até 600 libras, e cujas as carnes são cortadas em longas tiras e deixadas para secar. Tem um sabor semelhante ao bacalhau, e faz-se dele um enorme consumo em toda a comarca do rio Negro e do Pará. Os índios Ticunas vão à sua pesca com arpões, com os quais o atingem, mal se apresenta à flor da água. Este desmesurado peixe de água-doce tem a cabeça muito volumosa, ou seja, quase cilíndrica. O corpo é oblongo, as escamas são grandes, ósseas, com a espinha dorsal muito longa. A cor é de um verde escuro por cima e rosa escuro debaixo; a maioria das escamas tem uma mancha rosa de um lado, e as caudas são listradas de vermelho e azul. O pirarucu ou sudis gigas encontra-se no rio das Amazonas e no Japurá; atinge o comprimento de 7 a 8 pés; os naturais do lugar guardam a sua língua, que é óssea, rugosa, e da qual se servem para raspar o guaraná”. (1) Sampaio em alimentação sertaneja n...

Livro de receitas da tia Evelina.

Os livros de receitas são tão antigos quanto a arte de cozinhar. Existem livros datados do século XIV. Eles são excelentes fontes históricas, porque possibilitam visualizar os hábitos e costumes alimentares da sociedade, na qual, ele foi produzido. Os livros de receita nos possibilitam leituras diversas e variadas não apenas do que comiam e do seu fazer, mas, os produtos, hábitos à mesa e para quem eram destinados tais livros. ❔ Você sabe qual a origem dos Livros de Receitas? O "livro de receitas" tem sua origem na Antiguidade Clássica, os primeiros "livros" traziam receitas e tinham por finalidade fazer a relação de alimentos e quantidades para fins médicos, eram então chamados de Tratados Médicos. Tinham uma finalidade mais medicinal do que propriamente culinária. Ou seja, a culinária era pensada e vista como parte da terapêutica medicinal. ✔Um dos mais famosos e completos é o tratado de Apício: uma coleção de receitas reunidas, de fins do século IV...

Casa Sport.

Outro exemplo de estabelecimento que vendia produtos importados e muitas vezes de consumo mais restrito por conta de seus preços de revenda, mesmo no período conhecido como de crise econômica por conta da crise da borracha, temos, em 1919, a Casa Sport, localizada na Praça da Figueira, no Pará, de B. Serra, era o "Grande emporio de fructas as mais selectas, recebidas directamente (em toda época poca) da Europa, Sul da América do Norte e conservadas em frigorífico apropriado" e ainda, "recebe regularmente nas mesmas condições creme da serra, lunch, creme e de outras acreditadas marcas". Contava ainda como especialidades com " queijadas de Cintra, pastéis de Santa Clara, pão de ló e doces em conservas ". (1)Em outro anúncio de 1919, havia recebido, vindo em frigorífico: “Repolhos, uvas, maçãs, requeijão torpedo e penedo, queijo de Minas, Rio da Prata,e parmesão; peras, ameixas e damascos secos, atum em salmoura, salame e fiambres”.(2)O uso de f...

A Casa Carvalhaes.

Adentrando no século XX, mesmo no período em que o estado do Pará experimentava os problemas advindos com a crise da borracha, as casas comerciais com produtos importados se mantinham como uma parte importante do comércio da capital paraense. Um exemplo disso era Casa Carvalhaes, uma das mais antigas de seu ramo, fundada em 1860, era muito procurada e conhecida tida como "Grande Armazém de Gêneros Alimentícios ", de propriedade de Pinto da Costa & Companhia. De passagem por Belém, no início do século XX, os viajantes Godinho e Lindenberg relataram que a Casa Carvalhaes era “uma mercearia aristocrática e fina”.(1) Se tomarmos como referência os anúncios da Casa, podemos dizer que esta, mesmo em tempos de crise, mantinha suas vendas e o mesmo tipo de produto. Além de produtos tidos como refinados, o fato de serem dados de presente ressaltam o valor simbólico e econômico que teriam.(2) Ao se dizer aristocrática e fina, a Casa Carvalhaes mostrava aos seus fregues...

Café Central.

Em, 17 de outubro de 1886 quando o jornal Diário de Notícias, anunciava que "Ao Café Central " era oferecido um "Succulento almoço", o local era famoso em Belém, localizado no Largo de Sant’Anna, o Café Central possuía um cardápio variado. (1)Em 12 de janeiro de 1910, avisava aos fregueses que havia iniciado um bem montado serviço noturno, sendo disponibilizado para a janta ou ceia com produtos como: (...) chocolate especial com creme, leite puro, fervido, gelado quente ou ao natural; refrescos de fructas de todas as qualidades; café feito na ocasião, laranjada e limonada, e xaropes; sandwichs, empadinhas, pasteis, doces de todas as qualidades. Cerveja nacional clara ou escura, sendo a sua especialidade, SABOROSA CANJA DE GALLINHA, Sorvetes - De creme e de fructas de todas as qualidades taes como: araçá, ananaz, maracujá, cajú, graviola, cupuassú, taperebá e bacury. Cremes -De baunilbha, chocolate, leite, ovos, etc. Vinhos de Collares e Verd...

O Miriti...

Em 21 de agosto de 1865, quando Luiz Agassiz e Elizabeth Agassiz estiveram no Pará, ao passar por Breves eles registraram esse desenho da palmeira de buruti, a qual, "é uma das mais belas, com seus cachos pendentes de frutos vermelhos e suas enormes frondes, em forma se leque, cortada em amplas fitas, uma só da quais, na opinião de Wallace, é carga para um homem". (1) Do buruti se fazia o vinho de buruti, delícia que acompanhava os almoços ou merenda do caboclo amazônico. Era bebida preparada com técnica de maceração muito parecida com o que se fazia com o açaí. A expressão vinho não é incomum no vocabulário de algumas pessoas para referirem-se ao sumo de algumas frutas tomadas como suco. Citamos como exemplo vinho de murucí, vinho de buriti e até mesmo vinho de caju. "Mergulhando-oe num alguidar, sob o esforço ritmado das mãos de uma amassadeira, isto é, de uma mulher experimentada neste trabalho, são uniformemente macerados, à proporção que se lhes junta cu...

"Baixela do Caboclo".

No quadro A baixela do caboclo do pintor português E. P. Macedo que fez parte do I Salão de Artes Plásticas da Universidade do Pará, do ano de 1963. Na cena do pintor, dois itens chamam nossa atenção: a cuia de farinha e o peixe. Aparecem ainda um jarro de água e uma abóbora. A cena reflete a imagem de uma mesa do caboclo amazônico onde a relação com o espaço (território) definiu em grande medida os alimentos e os hábitos alimentares. A imagem também nos permite pensar como a comida, no Pará, com forte origem indígena, tem relações com o espaço (território) Assim, trata-se de pensar como o território com suas possibilidades e dificuldades para o acesso aos alimentos se vincula à construção de um cardápio alimentar, elegeu alguns alimentos como fundamentais na dieta local, a exemplo do peixe e da farinha. Seria o que Montanari chama de “cozinha de território”, ou seja, “os pratos locais, ligados a produtos locais” (1)Assim, “sob esse ponto de vista, a comida é, por definição...

Aturás.

Os indios uaupés segundo Wallace faziam cestos fundos, chamados de aturás, como o cesto da imagem acima. Eram neles que as mulheres "Trazem as raízes de mandioca da roça para a casa transportando-as em grandes cestos chamados aturás. Apenas essas tribos fabricam tais cestos, utilizando para esta confecção um certo tipo de cipó". Os aturás tinham utilidade de utensílio doméstico muito cotidiano. Haviam outros tipos de utensílios que eram habilmente elaborados pelos uaupés "Suas casas são bem fornidas de vasilhas de barro, potes, panelas, cântaros, jarros, etc (...) dos mais variados tamanhos. Fabricam-nas de argila tirada dos rios e riachos, misturada com as cinzas da casca de caripé, cozendo-as em fornos temporários. Outro importante artesanato típico é o dos balaios, umas cestinhas em forma de pires, muito apreciadas pelos moradores do baixo curso. Esses balaios são um dos seus importantes artigos de comércio ".  . . . 🎨 Prancha XIII- instrumentos e ut...