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Pirarucu parte IV.


"Do hábito do pirarucu de vir de quando em quando à superfície tiram êles ensejo para a pesca do arpão, a mais frutuosa que lhe fazem. (...) Mas é sobretudo quando êle vem à tona e bóia é, como êles dizem, suave. Rápida emerge e logo mergulha a grande cabeça, o dorso volumoso e escuro assoma de fugida e prestes some-se sob as águas, e por fim a cauda, onde brilham as escamas vermelhas (...)". Após pescarem o pirarucu os pescadores vão preparar "Estendem-o de ventre no chão. Com a ponta de uma faca, se dorso voltada, fazem saltar a pancadas certas uma linha de escamas bem no fio do lombo e outras laterais, por sob operculos branquiais e bordas de cauda, logo abaixo da orla de barbatanas cartilaginosas que a borda". (1) Na fotografia intitulada " Um PIRARUCU pronto pra ser beneficiado" vemos a preparação do pirarucu após a pesca. O abastecimento de pirarucu na cidade de Belém era cotidiano, aliás, dentre os peixes que mais entravam na capital da província estava o pirarucu, que era produto constante nas tabernas, feiras, mercados e vendas. No armazém da Viúva Fernandes & Filho havia leilão, no ano de 1858 de, "uma partida de pirarucu de superior qualidade, uma dita de cacau, e um dita de couros salgados". (2) Em um anúncio de 1852, os produtos considerados tipicamente regionais são " pirarucu, carne seca, mapará em porção (...) tudo de boa qualidade em porção, se vende por cômodos preços na taberna de Manoel da Cunha Muniz na travessa do Pelourinho". (3)Assim, o abastecimento deste peixe para consumo da capital fez-se na segunda metade do século XIX, em larga escala contando com os vindos dos interiores e dava-se de forma durável e cotidiana.
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Referências.
📸 IBGE. 1970. Série: acervo dos municípios brasileiros. Sem data. Pirarucu: Amapá. https://biblioteca.ibge.gov.br
(1) Veríssimo, José. A pesca na Amazônia. 1915. Universidade federal do Pará. 1970. p. 32. (2) (3)MACÊDO, Sidiana da Consolação Ferreira. Do que se come: uma história do abastecimento e da alimentação em Belém (1850-1900). São Paulo: Editora Alameda, 2014. p. 55.
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