Pular para o conteúdo principal

O "Sururú" de Alagoas.


O que parte dos moradores da cidade de Belém, num sábado de 5 de outubro de 1929 estavam procurando pra comer???
Um dos petiscos procurados segundo os anúncios era o "Sururú de Alagoas". No Bar Pilsen inclusive, se dizia que "só um petisco attrahe: Sururú de Alagoas". Ao que parece o Sururú estava na onda gastronômica daquele momento já que: " O Sururú de Alagoas é o melhor petisco que se encontra nos principaes hoteis e bars desta cidade ". O referido anúncio nos indica uma preferência naquele momento pelo Sururú de Alagoas como um dos petiscos mais procurados. Mas, acima de tudo nos permite entender como o mundo da Alimentação nos possibilita uma circularidade(2) de cozinhas e com elas novos hábitos, preferências e sabores. Já que um prato de consumo em Alagoas, torna-se lugar importante na preferência em Belém.
O sururu, um molusco pertencente à família dos Mytilcidas, tem origem em Alagoas. Hoje prato de identidade e típico. Sendo "(...) às margens do universo lacustre que os primitivos moradores constituíram uma aglomeração de mão-de-obra, onde se ofertava peixes, moluscos e, dentre estes, o sururu. E ainda, "Consolidada pelas rotas definidas pelo comércio e pelas trocas, a geografia alagada logo se ocupou como espaço de povoamento, sendo posteriormente incorporada ao imaginário das gentes alagoanas, “e, na medida em que o seu consumo diário se alargava, torná-lo-ia consolidado enquanto um prato típico de uma culinária genuinamente alagoana"(1) Assim, oferta do "Sururú de Alagoas" em Belém nos permite refletir sobre abastecimento, relações comerciais e influências alimentares. Não é somente um anúncio ou um prato, são inúmeras possibilidades de análise.
 .
.
.
Referências.
📸 Folha do Norte. 05 de outubro de 1929.
(1) http://www.cultura.al.gov.br/politicas-e-acoes/patrimonio-cultural/principal/textos/livro-de-registro/sururu acessado em 7 de dezembro de 2020.
(2) Sobre circularidade cultural ver: GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes: o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela inquisição. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. p. 20.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A bolacha preta.

Bom Dia! Em fins da década de 80, fazíamos as famosas viagens de carro, no meu caso era de caçamba mesmo,  meu pai que é do Rio Grande do Norte, levava toda a família pra visitar a família dele e íamos felizes daqui do extremo Norte para o Nordeste. Lembro que nas viagens, em especial, na volta mamãe trazia uma boa reserva de Bolacha Preta, que eu vinha degustando e que tanto adoçavam minha viagem e meu paladar. Eram dias muito felizes e saborosos! Na última viagem que minha mãe fez, eu pedi que me trouxesse a dita bolacha, queria matar a saudade gustativa. A sorda é um popular e tradicional biscoito originário do nordeste brasileiro. Feito de uma massa composta de trigo, mel de rapadura e especiarias, tais como cravo, canela e gengibre. É fabricado artesanalmente ou industrializado por fábricas panificadoras em quase todos os estados do nordeste brasileiro, sendo muito consumido na área do sertão. Conhecido também em algumas localidades por bolacha preta, vaca pr...

É CARNAVAL.

Na pintura de Debret temos uma imagem do Carnaval  ou como era chamado no século XIX, de Dia d'entrudo. O dia d'entrudo que começava no domingo e seguia-se nos três dias gordos, era dia de festa em que os brincantes se jogavam "limões "cheios de água perfumada. A cena se passava no Rio de Janeiro, no ano de 1823. Segundo Debret: " O carnaval no Rio e em todas as províncias do Brasil não lembra, em geral, nem os bailes nem os cordões barulhentos de mascarados que, na Europa, comparecem a pé ou de carro nas ruas mais frequentadas, nem as corridas de cavalos xucros, tão comuns na Itália. Os únicos preparativos do carnaval brasileiro consistem na fabricação dos limões-de-cheiro, atividade que ocupa toda a família do pequeno capitalista, da viúva pobre, da negra livre que se reúne a duas ou três amigas, e finalmente das negras das casas ricas, e todas, com dois meses de antecedência e à força de economias, procuram constituir sua provisão de cera. O limão-...

Quadrados Paulista.

Olá, leitores! Essa receita é daquelas que é sensacional, veja bem: eu coloquei dois conceitos no meu livro um M/ DE MARAVILHOSO E UM E/excelente de tão boa que é!Façam, hoje mesmo :) sem palavras para descrever a tal gostosura. Quando fiz e provei essa receita, entendi que o livro Dona Benta tem raridades únicas e me questionei como aquela blogueira fazia duras críticas ao livro? Por que a minha experiência com ele a cada receita tem me deixado mais maravilhada, só posso pensar que a pessoa não deva entender muito da grandiosidade que é um livro que por gerações vem fazendo parte da cozinha de tantas pessoas...Enfim, vamos a receita: Quadrados Paulistas: p. 829. Ingredientes: Massa: 1 xícara chá de manteiga. 2 xícaras chá de açúcar. 2 xícaras chá de trigo. 1 colher de chá de fermento. 1/2 xícara de leite. 4 ovos separados. Glacê: Açúcar. Água ou sumo de laranja. Modo de Fazer: passo-a-passo:  Bata a manteiga com o açúcar, junte as gemas,...