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O Pirarucu, parte II.

E Alfredo que nas suas lembranças de Cachoeira lembrava das comidas que a mãe fazia como um "(...) um porco, um boi com os quartos amarelos de gordura no mercado em Cachoeira, a galinha dum amarelinho de manteiga que a sua mãe cozinhava. Gordos os tamuatás, o pirão com o pirarucu na brasa (...)". O menino lembra então do pirarucu na brasa acompanhado de um belo pirão. (1)
Em relação aos peixes amazônicos, talvez nem um outro tenha chamado tanto a atenção de Oscar Leal como o “O pirarucu (Vastrix Cuveiru)” descrito, por ele, como o “rival do Bacalhau”, possivelmente, pelo fato de que quando salgado este peixe ter certa semelhança com o bacalhau. Assim, chamando atenção para o consumo do pirarucu ele observou que “substitui perfeitamente o bacalhau e como aquele tem particular sabor, vendem-no nas casas de secos e molhados e nas tavernas”. Segundo Leal o, “é um peixe pintado de manchas encarnadas – pira-peixe- urucu- vermelho”.(2) Ainda de acordo com Leal, o pirarucu, naquele contexto de finais do século XIX, “ocupa sem dúvida o primeiro lugar na mesa do pobre", que o come de preferência assado e com farinha de mandioca”.(3) Tal afirmação sem dúvida retrata uma realidade que difere muito do presente, quando o pirarucu deixou de ser um peixe de consumo do "pobre ou de pobre,
para se tornar um produto de consumo mais seletivo, em função do preço desse peixe no
mercado, o qual foi encarecendo ao longo do tempo, no século XX. (4)
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Referências.
📸 Pirarucu; Smith, Herbert H. The Amazons and coast. New York. 1879.
(1) Jurandir, Dalcídio. Belém do Grão- Pará. Editora Martins. 1960. p.18.
(2) LEAL, Oscar. Viagem a um país de selvagens. Brasília: Senado Federal, 2012, p. 159.(3) LEAL, op. cit., p. 159.
(4) MACÊDO, Sidiana da Consolação Ferreira de. A Cozinha Mestiça uma história da Alimentação em Belém fins do século XIX. Programa de Pós graduação em História social da Amazônia. UFPA. 2016. p. 209. 

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