Em datas festivas, como Natal e Dia de Reis, muitas padarias e confeitarias recebiam encomendas de bolos e doces para as comemorações. O Bolo Rei era um dos doces consumidos nessa época. Mas, para além deste bolo, que outros sabores faziam parte da mesa Natalina em Lisboa, no século XIX? Em 25 de dezembro de 1874, os jornais traziam vários anúncios de comidinhas para o Natal, a exemplo, na Confeitaria Central, no Largo do Calhariz, n°3 havia a oferta de "broinha de mel e de especie de ovos, se expõe hoje á venda o melhor que se fabrica n'este genero. Lampreias e peixes de ovos, pasteis de todas as qualidades, podins, pão de ló, bollo inglez e muitos outroa doces proprios da festa, licores e vinhos finos". (1) No mesmo dia, na Confeitaria Lisbonense, localizada na rua larga de S. Roque, número 135, havia "Extraordinaria porção de broinhas do Natal. Queijadinhas, fartos e morgados, proprios d'esta festa. Cremes de diversas qualidades. Geléas, charlotes russes, grandes e pequenos". E ainda, "Lampreias d'ovos, pudings d'ovos e de arroz. Toucinho do Céo, Keques, bolo russo, bolo Janois, bolo d'arêa, tortas (...) - torrão d' Alicante - Timbales de macarroni á italiana, empadas e pastéis de carne (...)". É muito interessante quando observamos tais anúncios, porque eles se assemelham muito com os anúncios encontrados em Belém. Parte de doçaria desenvolvida no Brasil, mantém uma relação importante com as receitas portuguesas no que tange modos de fazer e ingredientes. Segundo Leila Algranti, apesar da doçaria ter se desenvolvido de forma mais ampla a partir do século XVII, os “confeitos de frutas e as conservas (frutas conservadas em açúcar) eram afamados na Ilha da Madeira já no século XV”. E ainda, segundo Algranti: "Os doces passaram a ser presença obrigatória na culinária conventual e palaciana portuguesa, sendo oferecidos no último serviço de mesa. Ganharam espaço também nos banquetes e festins das cortes europeias (...)".(4) Assim, o doce passa a estar atrelado aos momentos de festas e de reuniões familiares. Nestas ocasiões, como nos períodos natalinos e Ano Novo, o doce ocupava um papel de destaque como podemos perceber nos anúncios das festas de fim de ano.
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Referências.
📸 (1)(2)Diário illustrado. 25 de dezembro de 1874. P. 3. Biblioteca Nacional de Portugal.
(3) Folha do Norte, 1 de janeiro de 1929, p. 4
(4)ALGRANTI, Leila Mezan. Alimentação, saúde e sociabilidade: a arte de conservar e
confeitar os frutos (séculos XV-XVIII). História: Questões & Debates, n° 42, 2005, p. 36.
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