O Príncipe Adalberto da Prússia, nos idos de 1842, salientava que das provisões que existia na sua embarcação era possível encontrar “farinha de mandioca, pirarucu (peixe seco que na Província do Pará substitui a carne seca) mel, melaço e cachaça”.(1) No caso do pirarucu, ao longo de todo estuário Amazônico, o processo de salga deste peixe seguia alguns métodos (preparação ) específicos como nos aponta José Veríssimo, "a mão (...) direita, armada da breve faca so pescador, a cada momento passada na pedra de amolar ali adrede, corre em golpes interminentes e seguros, entre a pele que se desprende e a rósea carne do grande peixe, as duas bandas (...) leva-as então para a vara estendida ali perto, e dando um golpe comprido da parte superior abaulada de cada uma delas, abre-as, adelgaçando-as à espessura desejada (...) tiradas as postas, ou as vai salgando ali mesmo sôbre o leito feito da pele escamosa, passando-lhes a mão espalmada cheia de sal sôbre a carne úmida e rosada, ou, havendo-as dividido na vara, mesmo sôbre ela. Salgadas que sejam, põem-se a secar, pendidas das varas suspensas das forquilhas de outras". (2) O pescador do romance de Inglês de Sousa, O Missionário, de 1891, seu Guilherme, também fazia a salga do pirarucu: "Seu Guilherme fora à salga no furo de Uraná, e ela, a Teresa, ali ficara com os dois filhinhos, sem medo nenhum, já acostumada (...) O marido conhecia muito bem o caminho do porto dos Mundurucus, e poderia levar o senhor padre até lá, se não estivesse agora na salga do pirarucu chegassem não lhe fariam mal algum, porque o seu Guilherme era amigo deles(...) (3)Em muitos documentos é possível identificar a pesca e o salgamento do peixe como atividade lucrativa e constante; um destes é sobre a taxação de impostos em Vigia, Faro, Cintra, Sant'Ana do Igarapé Mirim e outro locais, para a captura do peixe, isto é, sobre o uso de feitorias para pescar e preparar pirarucu. Um exemplo: na vila de Faro, em 1869, o valor era de 2000 réis por cada feitoria feita nos lagos, semelhante situação encontrava-se em vigia, em 1871, onde havia imposto de 5000 réis por cada feitoria e barraca de pescados que fosse construída na costa do município. (4)
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Referências.
📸 "Pescador secando Pirarucu em Manaus". Autor: Jablonsky, Tibor, Valverde, Orlando. ANO: 1958, IBGE. 1970. Série: acervo dos trabalhos geográficos de campo. Manaus. https://biblioteca.ibge.gov.br
🔖Qualquer óbice em relação a imagem por favor nos avisar.
(1) É bom salientar que esta era as provisões da tripulação, já que a sua era composta de arroz, feijão (preto), açúcar, chocolate, café, chá, biscoitos, sal, presuntos, queijo holandês, manteiga hamburguesa, vinagre, azeite e vinho. ADALBERTO, Príncipe da Prússia. Brasil: Amazonas e Xingu. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia, 1977, p. 145. (2) Veríssimo, José. A pesca na Amazônia. 1915. Universidade federal do Pará. 1970. p.32-33
(3) SOUZA, Inglês de. O Missionário. 3ªEd. São Paulo: Ática,1992. p.83-84.
(4) MACÊDO, Sidiana da Consolação Ferreira. Do que se come: uma história do abastecimento e da alimentação em Belém (1850-1900). São Paulo: Editora Alameda, 2014. p. 48.
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Referências.
📸 "Pescador secando Pirarucu em Manaus". Autor: Jablonsky, Tibor, Valverde, Orlando. ANO: 1958, IBGE. 1970. Série: acervo dos trabalhos geográficos de campo. Manaus. https://biblioteca.ibge.gov.br
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(1) É bom salientar que esta era as provisões da tripulação, já que a sua era composta de arroz, feijão (preto), açúcar, chocolate, café, chá, biscoitos, sal, presuntos, queijo holandês, manteiga hamburguesa, vinagre, azeite e vinho. ADALBERTO, Príncipe da Prússia. Brasil: Amazonas e Xingu. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia, 1977, p. 145. (2) Veríssimo, José. A pesca na Amazônia. 1915. Universidade federal do Pará. 1970. p.32-33
(3) SOUZA, Inglês de. O Missionário. 3ªEd. São Paulo: Ática,1992. p.83-84.
(4) MACÊDO, Sidiana da Consolação Ferreira. Do que se come: uma história do abastecimento e da alimentação em Belém (1850-1900). São Paulo: Editora Alameda, 2014. p. 48.
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