Havia um protagonismo imenso das mulheres na produção e venda do Açaí em Belém, por todo o século XIX e primeira metade do século XX, aliás, era um ofício "essencialmente" do gênero feminino. Não era um ofício fácil, mas, era extremamente fundamental na dinâmica alimentar da cidade. Muitas dessas mulheres buscaram sua sobrevivência e dos seus na atividade de amassadeira e vendedora pelas ruas de Açaí. Quem não lembra da personagem Mãe Ciana, de Dalcídio Jurandir? "Menos preta que cafuza (...) e de roupa sempre limpa, fazia cheiro de papelinho para freguesia certa, certas casas da Independência. Rui Barbosa e Reduto. Isso depois que enviuvou, sim, que antes, ainda de luto, teve de amassar açaí na Domingos Marreiros, por algum tempo com a bandeirinha no portão.(1) Mãe Ciana, a personagem representava tantas outras mulheres na cidade de Belém que nunca deixaram de conseguir seu sustento. No livro Hortência, Marques de Carvalho em 1888, comentando sobre uma tarde na cidade, mais especificadamente na Rua das Flores,(2) dizia: “vendedeiras de açaí passam com a gamela à cabeça, coroada pela vasilha de barro, contendo o liquido, que elas oferecem à freguesia na sólida cantiga: E...e...eh! Açaí fresqui..i...nho!”.(3) Talvez, mãe Ciana ou as vendedeoras descritas em Hortência fossem parecidas com a amassadeira desenhada por Percy Lau, para a série viajando pelo Brasil, Amassadeira de Açaí e que representa muito dessa atividade exercida por mulheres como a mãe Ciana, sentada ela amassa o Açaí, em cima de um armário existe outra panela, que provavelmente espera pela bebida pronta. Segundo Bates, " (...) o fruto, que é perfeita-mente esférico, é do tamanho de uma cereja, contendo pouca polpa entre a casca e o caroço. Faz-se .com ele, juntando agua, uma bebida espêssa, violete, que mancha os lábios como amoras".(4) O amassar era um ofício que demandava técnica, não era todo mundo que conseguia fazer um bom açaí, algumas amassadeiras faziam o ofício em casa e colocavam a bandeira vermelha em sua porta. O açaí, um dos alimentos mais consumidos na cidade cuja importância "expressa no provérbio parauara - Chegou no Pará, parou; bebeu ô assaí, ficou" (5) era fornecido e abastecido por mulheres.
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Referências.
🎨 Percy Lau. Pictorial travel around the Brazil.
http://www.brasilcult.pro.br/brasil_antigo/viajandobr/viajandobr01.htm 🔖 Qualquer óbice em relação a imagem por favor nos avisar. (1) Jurandir, Dalcídio. Belém do Grão- Pará. Editora Martins. 1960. p. 56. (2) A Rua das Flores é atualmente denominada de Lauro Sodré. CRUZ, Ruas de Belém. p.3
(3)CARVALHO, Marques de. Hortência. Belém: Cejup/Secult, 1997, p. 27.
(4) (5)Bates, Henry. http://bdor.sibi.ufrj.br/handle/doc/323 acessado em 15 de janeiro de 2021. p. 7.
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